quinta-feira, 2 de julho de 2020



111º dia de recomeço do blog


#Histórias de família#

A prima Glória morava num andar de um prédio pombalino. Era uma senhora "mignone", pequena, loira, olho azul, doce e sempre muito bem arranjada.
À casa dela fui, enquanto criança, com os meus pais fazer o Réveillon vários anos. Com todos os preceitos, passas, cadeiras para se subir e comer as passas lá em cima ao som das badaladas, enfim, gestos para dar sorte para o ano que ia entrar.

Fazia também uns chás à tarde, com um jogo de canasta de permeio. 


Terei agora de contar uma particularidade da família da minha Mãe e que eu também herdei. Abanamos a perna direita, movimentos pequenos, calcanhar ligeiramente levantado do chão.

Esta história passou-se alguma tempo depois do tremor de terra de 1969 de que ontem falei.

Num desses chás a minha Mãe começou a abanar a perna e a casa, construção de gaiola, começou discretamente a responder.
Foi o pânico, contou a minha Mãe ao chegar a casa. As senhoras com pequenos gritinhos levantaram-se interrompendo o que estavam a fazer.
A minha Mãe entendeu o que se passou. E disse parando o seu movimento de perna, já passou. E todas voltaram às suas cadeiras.

A minha Mãe não se acusou. Fez os possíveis para não voltar a abanar a perna e a tarde continuou sem mais incidentes.