terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poema - Alberto de Lacerda

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O frio
Volve lamento


A tua ausência
Brilha
Cega -
Cada vez mais perto
Do sangue
Invisível como as lágrimas
Sacudindo
O inteiro ser


Quem me vê
Vê apenas
Um vulto enregelado
Inteiramente     imóvel

domingo, 25 de setembro de 2011

Aconteceu...quem define o que é SPAM?

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Tempos modernos. Informação, informação e informação!
Somos bombardeados por quem não conhecemos todos os dias. Ele é pelo telemovel, ele é pela internet. As nossas caixas de correio ficam cheias de mensagens publicitárias, sem que tenhamos autorizado qualquer envio. Às vezes com consequências bem aborrecidas!

A minha caixa de correio electrónica é do SAPO. Recebo e imediatamente mando para SPAM imensas mensagens. Algumas, e sem que eu perceba como, reincidem, como se o filtro do SPAM não tivesse sido accionado.

Quis-me inscrever para participar no Orçamento Participativo da Câmara de Lisboa. Preenchi um formulário e fiquei à espera da senha na caixa de entrada. Nada.
Na página da Câmara leio que as mensagens camarárias são muitas vezes classificadas como Spam, para ir procurar. Lá estava!

Acho isto completamente insólito! A quem pedir responsabilidades? Porque a máquina só faz aquilo para a qual foi programada...

sábado, 24 de setembro de 2011

Aconteceu...pôr-do-sol no Outono

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Foto - Magda

Acontece...faz falta a clareza nestes tempos que correm

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Há a mesa. Aquilo é uma mesa. Há a cadeira. Aquilo é uma cadeira. Aquilo é uma taça de fruta. Há a toalha de mesa. Há as cortinas. Não há vento. Há o balde de carvão.  (Harold Pinter)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Acontece..."isto é só no 1º dia de escola, depois ficam todos iguais"

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Uma casa apalaçada e velha, onde hoje é a junta de freguesia. Manhã cedo, primeiro dia de aulas. Muitas mães, nenhum pai. Crianças algumas com batas brancas e cabelos penteados com pente molhado, deixando sulcos no penteado. De mãos dadas com as mães, sérios e um ar espectante, um pouco assustados. A maioria das mães com aspecto humilde, quer nas roupas quer no arranjo pessoal, ali estavam elas, lutadoras, que puxavam e empurravam sem dó para que os seus filhos ficassem na fila da frente.
Dei por mim assustada. Era ali que eu ia deixar o meu filho? Naquela escola e durante quatro anos?

Os meus olhos encheram-se de lágrimas. E eis senão quando senti uma mão que pousava no meu ombro. Era uma vizinha que só conhecia de vista. Vim depois a saber que era minha colega. Vinha com o 2º filho, que por acaso ficou na mesma turma do meu.
Já tinha experiência disto e disse-me de uma forma que me sossegou "Isto é só no 1º dia, olha que depois ficam todos iguais".
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Nunca mais me pude esquecer daquele dia. Cheia de preconceitos, eu, uma antiga aluna do Lycée Français Charles Lepièrre, tinha um filho na escola pública.
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Tive um filho e depois dois. Se houve algum contratempo, o saldo foi positivo. As línguas, foram reforçadas por fora, o inglês, mais actual, mas também o francês. O desporto também, cá fora. Mais as artes e durante pouco tempo a música. Em casa, a presença e a estimulação possível.
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Ontem fui buscar o meu neto mais velho à saída do seu primeiro dia de escola pública.
Uns trinta anos medeiam estas duas gerações. À vista, superficialmente, muita coisa mudou. 
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Os meus filhos tiveram a sorte de ter na escola pública estabilidade, um ensino adequado.
Como será agora, neste país em crise?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aconteceu...a visita

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"Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua... "

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----------------------------Foto - Magda

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Poema - José Gomes Ferreira

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Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?

Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
e chamem-lhe vida.

domingo, 11 de setembro de 2011

Aconteceu...artistas sem nome

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....................................Foto - Magda

sábado, 10 de setembro de 2011

Aconteceu...esqueléticos, magros, gordos e anafados.

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Completamente baralhada! Nos últimos tempos tem-se ouvido o governo falar na necessidade de cortar as gorduras.
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Começaram os cortes nos ordenados dos funcionários públicos, pensei que a gordura eram os vencimentos.
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Depois houve o aumento dos impostos. Tive de fazer ginástica mental, e lá consegui encaixar que a gordura era o dinheiro que sobrava às pessoas do seu vencimento.
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Depois foram os aumentos dos transportes público, aqui percebi, porque a malta vai a pé ou de biciclete para poupar nos bilhetes e assim perde gordura.
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Depois foi a subida do preço da água. Haverá menos banhos e portanto a água também será uma gordura.
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Por último o corte nos descontos da pílula anti contraceptiva nas farmácias. E aqui baralhei-me toda.
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Ora eu sei, tenho a certeza, eu que tão poucas tenho, que muitas mulheres não vão poder ir aos centros de saúde para obter o comprimido. Com os empregos de hoje, precários, faltar para ir ao centro de saúde, deslocação, taxa moderadora, o mais certo é não tomarem a pílula. Como resultado vai haver mais gravidezes indesejadas. De forma errada, que o aborto não deveria ser um método de planeamento familiar, haverá quem a ele recorra, apesar de todo o sacrifício que uma interrupção involuntária da gravidez causa à mulher, aumentando o número das que tentarão abortar. Legalmente, felizmente que assim o é. Aumentarão a gordura dos serviços de obstretrícia e as consultas de ginecologia e de psis. Aqui não vejo o corte.
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Outras deixarão a gravidez continuar e isso sim, será realmente um aumento da gordura...no estado de grávida.
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Tal como no colesterol, sabe-se hoje que há o bom e o mau.
Desconfio que estão enganados nesta escolha para os cortes de gordura. É que a pior parece intocável! Quanto aos outros, a quem andam a obrigar a fazer dieta, vão ficar mal.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Aconteceu... trabalho artesanal

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...................................Foto - Magda

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Poema - António Dacosta

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Tuas coisas de mulher
O pente
Os sapatos
A escova
As meias naturais
A camisa ingénua
Os seios despertos
A desordem dos restos fúteis
Do teu corpo nu

domingo, 4 de setembro de 2011

Acontece...que também detesto o cheiro dos coiratos!

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Eu até gosto de feiras. Mas ter uma perto de casa durante um mês tira todo o gosto. Ele é barulho, cheiros, engarrafamentos, gente...

Mesmo assim, hoje à hora do almoço, hora morta para uma que abriu ontem, lá fui eu, mais duas amigas dar uma volta. 
Ocupa um jardim e algumas barracas tapam a via ciclável despudoradamente.
Este ano houve uniformização das tendas. Já estão montadas mas ainda não todas ocupadas, do lado dos ciganos da roupa ainda estão vazias. Talvez ainda estejam numa feira de Cascais, ou outra parecida.

Não sei porque não lhe mudam o nome. Devia passar a chamar-se Feiras das Farturas, já noutros anos tem sido assim, haverá clientes para tanta barraca? Farturas e churros, recheados de cremes coloridos, que dão a volta à barriga só de olhar!

Mas o pior de tudo são os coiratos! Grelhados, são de vómitos. Coiratos é a pele do porco, retirada da entremeada, assim uma coisa que se põe na brasa com sal, larga muita gordura, fica à mesma muito gorda, mas encaracolada, com uma côr clara e translúcida. Tem ar de ser mole e raimosa. Retirada do grelhador é servida em sanduiche, enfiada numa carcaça aberta ao meio.

Terá apreciadores, encontrei no Facebook uma página que lhe é dedicada. Mas pelo número de aderentes, desconfio que o grosso dos coirateiros é infoescluído.

Fumos saem das brasas das sardinhas, dos frangos e dos coiratos coiratos, dos fritos de farturas e dos churros, um minuto que vou ali fechar as janelas!

sábado, 3 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Poema - Adília Lopes

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A tua carta
é palpável
cheirável
e beijável
tu não
porque estás
muito longe
de mim
(tenho pena
que seja
assim)