sexta-feira, 31 de julho de 2020



140º dia de recomeço do blog


#racismo e desconhecimento#

Depois de procurar opinião entre africanos de vários países, vi que não há acordo. Para uns é negro e preto é uma cor, para outros gostam de ser identificados como pretos.
Mais um homem português "com muita melanina" foi morto em Lisboa com óbvias agravantes de racismo. "Vai para a tua terra", "Hei-de-te matar". "Tenho lá armas do ultramar".

Não é o primeiro e infelizmente não será o último. Num país onde o Presidente do maior partido da oposição afirma que não há racismo, que é de se esperar?

Andei em Lisboa no Lycée Français Charles Lepièrre desde o jardim infantil até entrar na Faculdade. Inicialmente na parte francesa, mais tarde na franco portuguesa e por fim na portuguesa em que só o francês continuava ao nível de França.

Na parte inicial, francesa, tive inúmeros colegas de muitos países, filhos de diplomatas na maioria. Nas fotografias de turma a que tenho acesso não vejo nenhum preto.

Puxo pela memória, a partir dos meus 7 anos, turma de alunos portugueses. Não me lembro de ter alguma colega preta. Tive sim filhos de Goeses.

Na Faculdade de Medicina devia haver algum mas nunca na minha turma.

Já como médica pedopsiquiatra tive na equipa 2 colegas , ele não sei a origem familiar, ela era de Moçambique e veio fazer preparação e voltou para lá quando terminou.

Ela fez o estágio comigo. Assistiu às minhas consultas, observações e intervenções familiares. 
Todas as crianças brancas tiveram uma reacção semelhante. Entravam e mesmo conhecendo-me olhavam para ela de forma fixa e ficavam caladas. Tive sempre de intervir dizendo qualquer coisa como "estás admirada por eu estar com uma pessoas que ainda não conheces", sem me referir à cor mas abrindo a comunicação.
Com as famílias constatei uma intervenção muito paternalista para com ela. Nunca como uma igual.

Esta situação fez-me pensar que as pessoas não estão habituadas a ver nalguns postos pessoas de pele preta ou castanha. O  comum é verem pessoas pobres, em trabalhos pouco qualificados, ou mesmo pobres.

Na televisão, a mais das vezes, aparecem os mais pobres, com conflitos entre eles ou não. São raros os que aparecem com profissões diferenciadas e, claro ainda mais raramente com lugares de destaque.

A reacção das minhas/os doentes mostra bem o desconhecimento e estranheza perante o outro, diferente. Também intolerância.

Desde há anos que a proibição de recolher dados sobre a "raça" e a religião tornam-nos menos conhecedores da população em Portugal, portugueses ou residentes.
Questiono-me se estas regras não foram verdadeiramente racistas. Há que revê-la com urgência.

quinta-feira, 30 de julho de 2020



139º dia de recomeço do blog

Com um problema no computador que me impedia de escrever, aguardei até agora pelo informático que me resolve os problemas à distância. 

Tenho um amigo que me diz que temos de saber coisas de informática, que não podemos ter computador, tablet e telemóvel sem perceber nada.

Pois talvez mas não vou aprender. Felizmente encontrei um informático que me resolve normalmente os problemas à distância. 

E novamente assim foi. Já está resolvido.





quarta-feira, 29 de julho de 2020



138º dia de recomeço do blog



#Dorme meu menino
A estrela de Alba# ...

Está na hora, a bebé que mora no andar por baixo do meu, começou a chorar. Tanto quanto me apercebo fá-lo a horas certas, tem um relógio para a fome. Passado um bocado, deve estar saciada e cala-se. Imagino que adormece.
Nas outras horas que a oiço chorar, também depois oiço o pai e a mãe a falar com ela, a fazerem-lhe fosquinhas. Julgo que ela deve sorrir, ou o dobrar do riso ainda é baixo e eu não oiço.
Fazem bem à noite não a excitar.

Chama-se férias de maternidade ao tempo que os pais têm para cuidar do filho bebé. São férias o tanas! Sempre atentos, acordam ao mais pequeno suspiro da filha, olho aberto e fechado à vez para não deixar a criança impaciente se acaso precisa de alguma coisa.

A bebé está calada. Não sei se come ou já adormeceu. E eu vou fazer o mesmo.

terça-feira, 28 de julho de 2020



137º dia de recomeço do blog


Já não usava a plataforma Zoom desde os concertos para a família que o meu neto deu durante o confinamento.

Hoje tornei a usar a/o Zoom para assistir à apresentação de jóias e objectos, inserido numa exposição "Jóias e Objectos de Protecção para o Século XXI", com os seus autores, joalheiros, a falarem das suas obras.

Julgo terem sido 22 peças e autores.

Todos falaram de si durante o período do confinamento. Maioritariamente portugueses, mas também de língua castelhana e português do Brasil.

Foi interessante, peças de materiais clássicos como a prata, mas imensos outros, pano, pedra, plástico, acrílico, missangas, crochet, madeiras, matéria vegetal e outros, sozinhos ou em combinação.

Gostei particularmente daqueles que sem serem místicos baseavam na acção do homem na natureza e nos danos a ela causados o aparecimento destas situações.

Muito interessante uma autora brasileira que não compra materiais e aproveita tudo o que encontra na rua, na floresta. Aproveitou para criticar que a floresta atlântica quase já não exista e que a floresta amazónica vá pelo mesmo caminho.

A peça da Marília Maria Mira era também interessante na medida em que criou em tecido um enorme colar que terminava em mãos, nesta época em que não houve e continua a não haver abraços.

Mas uma grande maioria eram peças com uma conceptualização mística, religiosa ou pagã, amuletos de vária ordem. Alguns muito estranhos e um que metia produtos em ampola de pôr ao pescoço cheias de coisas que achei repelentes, mas com justificação em crenças populares.

Foram 2 horas a ouvir e ver coisas diferentes, muito bom!

segunda-feira, 27 de julho de 2020



136º dia de recomeço do blog


Há uns tempos carreguei em apagar numa imagem do meu telemóvel. Percebi depois que não era só uma, com ela foram todas as imagens que lá estavam.

Fui informada na altura que quando se apaga no telemóvel não há forma de recuperar. Pelo menos para os comuns dos mortais, pois eu amante de policiais vejo-os a recuperar coisas apagadas.

Hoje li no Público que de Da Nang no Vietname tinham sido retiradas 80 mil pessoas por surto de covid-19. 

Estive lá em 2019. Cidade costeira  com um pouco mais de um milhão de habitantes, construções novas, passeios largos a fazer lembrar outras zonas americanas,com boas praias fazer praia ou visitar a 1400 metros de altitude a Ponte Dourada, ponte "segurada" pelas mãos. 

E fui à procura das fotografias que tirei. Para chegar lá acima,  ao jardim de Thien Thai, vai-se num teleférico em vidro, de onde se foi vendo vales e montes verdes lindíssimos, que iam ficando cada vez mais pequenos conforme se sobe. 

Lá em cima, para além da ponte e umas esculturas, há uma vila francesa com lojas e restaurantes e um parque de diversões, local sem graça para nós que estamos perto de França.



Esta foto foi tirada por um dos companheiros de viagem. As do meu telemóvel tinham-me a mim e às duas amigas com quem fui. 

Que pena que tenho de ter perdido as que tirei. Preguiça isto de não passar as fotos da máquina e do telemóvel para o computador e deste para um disco externo ou para a nuvem.

domingo, 26 de julho de 2020



135º dia de recomeço do blog

#pobreza de vocabulário na televisão#


Esta noite tenho estado a ver na RTP um espectáculo que também é concurso. Não sei se é habitual ou foi a 1ª vez.

Apresentação de várias artes, variadas, ballet, arte circense, música, actuações muito boas. 


Há uma apresentadora que trata os espectadores em casa por vocês, vocês votem. Esta forma de tratar as pessoas, é quanto a mim de pouco nível. 

Os jurados fazem apreciações. Uma delas tem um vocabulário de uma enorme pobreza. Os seus comentários resumem-se a pequenas frases com palavras repetidas, todos são incríveis, inacreditáveis, artistas de qualidade mundial, chegando a dizer  a dois adolescentes da mesma arte e que não actuaram em simultâneo - vais ser o melhor do mundo.

Os artistas mereciam melhor português. 

sábado, 25 de julho de 2020



134º dia de recomeço do blog


#Casamento e a moda em tempo de pandemia#

A caminho do jardim para beber café no quiosque, passei pelo largo da igreja.
No átrio bastantes pessoas para um casamento, mais de 20, upa, upa, como mandam as regras.

Há quanto tempo estariam os noivos à espera de poder fazer esta festa religiosa? Acredito ou desejo  que com casamento pelo civil ou sem, já vivam juntos há tempos. Sim, que quer espera desespera.

O curioso foi ver as vestes dos convidados.

As raparigas, estavam todas de fatos compridos e algumas de máscara feitas do mesmo tecido do fato. A pandemia também alterou a moda.
Há algumas décadas o que se fazia igual ao tecido do fato eram os sapatos. 

Os homens estavam vestidos de forma diversa, e para mim algo insólito.
Desde smoking, a fato mais clássico, havia quem estivesse de calções como se fosse passear num dia de calor, camisas e gravatas, também havia quem estivesse de t-shirts.



Assim como estes não estava ninguém. Devo dizer ainda?














133º dia de recomeço do blog

Desde há meses que não ía passear para um centro comercial. De facto não era essa a minha ideia, entrei no Colombo para marcar a revisão do carro para a semana que vem, mudar óleo e filtro.


Não sabia que a garagem tinha estado aberta durante o confinamento. mas certamente tem muito menos trabalho que antes disto tudo. Vários mecânicos e dois carros nos elevadores. 

Propuseram-me então que deixasse ficar o carro logo naquela hora e que hora e meia depois visse buscar.

E foi por isso que me passeei pelo Colombo.
Pouca gente, todos de máscara mas duas lojas tinham fila comprida para entrar. Lojas de 1ª necessidade? Não, nada disso. Lojas de roupa!

Passei o confinamento sem sair. Depois passei a saír mas não gastei roupa nem nada que se visse. Porque há quem precise tanto de ir às compras?
Talvez deva ver por outro lado, comigo muitas empresas iam à falência, ainda bem que há quem faça mexer a pequena economia.

quinta-feira, 23 de julho de 2020



132º dia de recomeço do blog

#Incêndios. E a prevenção?#

Tenho andado bastante pelas autoestradas e estradas interiores nestes últimos meses de desconfinamento.  Tem-me chamado a atenção para os imensos terrenos sem limpeza.

Um destes dias fiz a estrada Minde-Fátima e impressionaram-me os terrenos sem limpeza, onde que pinheiros e eucaliptos, fetos enormes e outros vegetais secos cobriam todo o espaço! 

Eu que tive de gastar uma pipa de massa para limpar um terreno, que ninguém quer comprar e só dá despesa!
E quem são os donos daqueles?

Hoje ao vir na A2, autoestrada do norte, comecei a ver uma coluna enorme de fumo ao longe, ali por altura de Ourém. pouco depois labaredas que chegavam ao asfalto. A polícia obrigava os carros a saírem da autoestrada e virarem para Torres Novas, impedindo assim a passagem na A2 entre Torres Novas e Fátima. Tive sorte, eu vinha no sentido norte sul e passei embora saiba que pouco depois foi fechado também.

Estariam os terrenos de Ourém, confirmei depois ter acertado na localização, também ao abandono e sem limpeza? Como resolver este problema dos fogos que nos assola todos os anos se a prevenção não é feita?

quarta-feira, 22 de julho de 2020



131º dia de recomeço do blog

#o trabalho e o afecto#

Há 20 anos a trabalhar como empregada doméstica na mesma casa, pouco fala da sua vida. Das 9h às 17h, todos os dias. Os problemas, percebi agora, ficam lá fora.

Embora a mãe de 88 anos estivesse adoentada, maleitas da idade, não contou que há 3 dias tinha sido internada num hospital central.

Como de costume às 9h de hoje chegou. Foi pois com admiração que soube que a mãe tinha morrido esta noite. Chorosa mas rapidamente compôs-se.
Ofereci-me para ficar por cá mais um dia e uma noite, e ela disse que amanhã de tarde cá viria para cumprir o que tinha acordado, fazer até ao fim de semana dia e noite, uma vez que o patrão, da idade da mãe dela, está a recuperar de uma operação.

Mas e os 5 dias a que tem direito? ainda se perguntou. Não vou usar, afirmou.

Fiquei a pensar, esta aqui como empregada doméstica ganha como um médico recém especialista. É um ordenado que não é frequente para este trabalho. Será o dinheiro? O dever do cumprimento? Ou tem a ver com o tipo de afecto com a mãe que não é tão forte como se supõe?

Amanhã vou embora, ficarei sem compreender.  



terça-feira, 21 de julho de 2020



130º dia de recomeço do blog

#Bangladesh#Índia#Vietname#

Na RTP 1 está a passar um programa da Catarina Furtado fez no Bangladesh. Miséria, um país de 20 milhões de pessoas em que a grande maioria vive abaixo do limiar de pobreza.

Nunca estive no Bangladesh, mas estive na Índia e no Vietname. 

Talvez na Índia tenha sido mais visível aos meus olhos a fome, a miséria, as famílias que vivem na rua permanentemente. Chamou-me a atenção a diferença dos sem abrigos de Lisboa. Os pertences ficam todos arrumados quando partem para o trabalho e à noite cozinham nos passeios.
Mas também vi outros ainda mais pobres. 

Não me posso esquecer de uma miúda pequena, de uns 7 anos com uma irmã bebé ao colo e outro irmão pequeno a seu lado. Uma pessoa que ia comigo tinha no bolso um Sugus, um repito e deu-lhe. A mais velha partiu-o com os dentes aos bocadinhos e distribuiu. Foi talvez a cena que mais me emocionou.

Senti que em certos momentos devo ter construído uma certa carapaça para diminuir a emoção provocada por certas situações.
Um amigo meu depois de viajar pela Índia, impressionado deixou de comer e chegou ao aeroporto bastante mais magro e frágil.

segunda-feira, 20 de julho de 2020



129º dia de recomeço do blog


Escrevo pouco depois da hora do almoço o que não é meu hábito.

De televisão ligada tento ouvir a conferência de imprensa da Direcção Geral de Saúde.

Caramba, quanto tempo ainda será necessário passar para perceberem que este modo de comunicação é completamente errado!

Muito demorado, sem suporte visual dos vários assuntos que têm respostas longas...e ocas. Quem consegue acompanhar? Como médica as palavras, os assuntos não me são estranhos. Mas fico esvaída, o débito verbal da ministra é insuportável, verdadeira picareta falante.

E porque continuo a ver?

domingo, 19 de julho de 2020



128º dia de recomeço do blog

#Malditos insectos#

Este ano tenho sido uma desgraçada. Será do calor que há mais pulgas, mosquitos e melgas? Ou estou mais doce?

Não há dia que não seja ameaçada por um bicho voador. Comprei "raid" de ligar à tomada mas não fico suficientemente protegida. Felizmente que não faço alergia aos repelentes, aos quais estou quase adicta. 

Desde a minha viagem ao Vietname, onde consegui não ser mordida, que faz parte da minha "necessaire" o roll on e o spray para os tecidos. 
Umas 2 vezes por dia dou por mim passar o repelente mesmo pela cara.

E porque me lembrei agora? Porque no escuro do quarto a única luz é a deste computador e já vi que vou ter companhia...ou não, que ele vai já fugir de mim.

sábado, 18 de julho de 2020



127º dia de recomeço do blog


#Bananas da Colombia#


Colômbia




Acabei de ver na RTP2 mais um episódio das Inesquecíveis Viagens de Comboio, em que Phillipe Gougler nos leva a conhecer sítios, pessoas e zonas diferentes do planeta. Hoje foi na Colômbia.
Muito interessante e quem puder veja os episódios todos. 

Depois de termos "andado" de motomesa, transporte dos pobres e a tábua dos miseráveis, dirigiu-se para as plantações de bananas.
Pelo clima, situam-se em locais muito altos e de difícil acesso, em que os trabalhadores para lá chegar têm de fazer caminhos incríveis de camionete de caixa aberta e depois a pé. 

Por vales lindos, altíssimos, as bananas serão transportadas nas garruchas que mostro na foto roubada na net.
O peso dos cachos, uns 15 kg são inicialmente transportadas aos ombros.
Um trabalho pesadíssimo!

Todos os dias como uma banana, frequentemente da Colômbia.
Vou passar a ter mais respeito nesse momento porque nunca pensei que a banana da Colômbia desse tanto trabalho.


sexta-feira, 17 de julho de 2020



126º dia de recomeço do blog



#40º de temperatura, restaurante com distância recomendada#

Quase a acabar estes dias de descanso, ontem telefonei para um restaurante com esplanada em Constância, alguns kms adiante. Já depois de sentadas percebemos que seria impossível ficar ali, o calor era tanto que até custava a respirar.

Descobrimos outro com esplanada, julgo que só os fumadores arriscam ficar e uma parte interior com ar condicionado. Indiano, país bem habituado ao calor. Na Índia a comida é picante, e terá as suas razões, vamos experimentar a ver se nos alivia. Ficámos e comemos muito bem. A temperatura melhorou com o ar condicionado do carro.


Tirada uma fotografia, enviei aos filhos. Todos adultos.

Eis alguns dos comentários:
- Nem na mesma mesa se sentam! (risos)
- Já ser no mesmo restaurante, upa, upa (risos)
- E quando falam cada uma olha para o lado diferente...

É assim, tanto cuidado e ainda gozam, hehe.






quinta-feira, 16 de julho de 2020



125º dia de recomeço do blog


Não estou a fazer a digestão muito bem. Não é de certeza da salada russa com mayonnaise e dos filetes de peixe que fui comprar a um restaurante/tasca onde, quando aqui estou vou comer muitas vezes.

Porque a minha casa é fresca das paredes grossas de pedra com que foi construída, resolvi ir buscar e trazer.

Entrei no restaurante, imenso calor, não havia ar condicionado e vi as pessoas que ali trabalham ou com a máscara no queixo ou sem nenhuma. Nem uma viseira. Chamei a atenção à Emília, dona e trabalhadora, "ó senhora dra, se quiserem que venham cá e me multem, não aguentamos mais". Não tive coragem de dizer nada.

Lá trouxe a caixa com comida com óptimo aspecto. 
Não comentei com a amiga que está cá comigo e com quem mantemos as distancias e todas as outras precauções mais que adequadas.

Comemos. Sobrou. Só me apetece ir deitar fora a caixa que guardei no frigorífico mas isso ia chamar a atenção para o facto, eu que nunca deito comida fora. A dificuldade de digestão é dos nervos, como diz o povo quando não sabe a razão. É mesmo dos nervos, impressionada com o que vi.

Oxalá nos safemos desta.

Amanhã prometo que cozinho. 



quarta-feira, 15 de julho de 2020



124º dia de recomeço do blog

#Casas antigas; feitios#

Cheguei há dias aqui à casa "da aldeia". Já aqui falei da quantidade de pequenos arranjos ou programações de outros maiores. Maiores mesmo das que eu esperava, aguardo orçamentos.

Mas ontem veio cá o homem que me vendeu a placa eléctrica do fogão e que depois de montada pelo carpinteiro que fez o móvel de suporte dava erro. E também trouxe a máquina de lavar que levou um dia destes perante queixa minha de que não funcionava.

Quanto à máquina de lavar loiça estava furioso porque não lhe descobriu defeito. Mas porque não a terá experimentado cá em casa? 

Quanto à placa do fogão, ele que tem loja de electrodomésticos e os monta, teve de telefonar para a marca para saber como fazer com os fios. Fiquei admirada.

O aborrecido é que queria discutir comigo mas não conseguiu... Funciona em modo projectivo, atirando sempre as culpas para os outros com a finalidade de não se implicar.


Um a riscar da minha lista. 

terça-feira, 14 de julho de 2020



123º dia de recomeço do blog

#curiosidade do serviço onde trabalhei até à minha aposentação#

Hoje é dia 14 de Julho, dia que em França se festeja a Tomada da Bastilha. Acto representativo da tomada do poder pelo povo na Revolução francesa.


O fundador do Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa (CSMIJ) foi fundado pelo médico pedopsiquiatra Dr. João dos Santos. Fez a sua formação em Paris.
Instituiu que as reuniões semanais dos técnicos acabavam sempre nesta data. 
Era o director quando comecei a trabalhar.
Em 1992 deu-se a integração nos hospitais centrais, o CSMIJL passou a Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia. 
Seguiram-se na direcção os Drs. Coimbra de Matos, Maria José Gonçalves, Luís Simões Ferreira e Augusto Carreira, que se aposentou pouco tempo depois de mim. 
Eu trabalhava na equipa da Dra. Maria José Vidigal e mais tarde na do Dr. Augusto Carreira que não só fez parte da sua formação em Paris como também fez o internato na mesma equipa que eu. Eles, tal como com os directores que referi, a orientação teórico-prática era muito baseada na escola francesa e Suiça, e manteve-se a tradição da desta data.
Nota - Obviamente que com o avançar dos tempos, outros conhecimentos foram integrados no pensamento da compreensão e intervenção. Mas aqui referia-me só à "Tomada da Bastilha".


segunda-feira, 13 de julho de 2020



122º dia de recomeço do blog

#Os meus "sem-abrigo"#

Ao final da tarde mas ainda bem luminosa, dezenas de pássaros diferentes, grandes, pequenos de rabo curto, longo, cores variadas, chilreavam no meu quintal. Estavam a regressar a casa.
Eu ficava muito quietinha na esperança de lhes tirar umas fotografias o que não foi fácil.
As heras abanavam, quase em simultâneo, e depois um grande silêncio se seguia.

No meu escrito nº 120 contei que as árvores do meu quintal foram abatidas. E também grande parte das heras que cobriam os muros.
Foram encontrados vários ninhos, vazios, escondidos entre a rede que as heras, ano a ano vai sendo entrelaçada.

Fazendo um paralelismo com as pessoas pensei com incómodo que estava a despejá-los das suas casas. 
Falei nisso e disseram-me que estariam habituados a procurar outras árvores, tanto mais que estamos numa zona de parque natural com imensas árvores.

Ontem, talvez tenha estado fora ao fim da tarde, ou terei estado distraída.
Mas hoje, sentada no pátio, vi-os chegar. Não eram tantos, mas vi os ramos da trepadeira a estremecer em alguns lugares, acompanhado do piar de pássaro que subitamente parou como se adormecessem instantaneamente.

Fiquei muito contente. Alguns dos meus "sem abrigo" voltaram a casa.

domingo, 12 de julho de 2020



121º dia de recomeço do blog

121º é uma capicua. 

É preciso ter uma certa idade/maturidade para dar valor às coisas.

Lembrei-me hoje de uma colecção talvez de 20 ou 30 bilhetes de transportes públicos do Porto que o meu avô Eurico me deu. Só capicuas.
Eu teria uns 12 anos e recebi aquilo sem perceber qual o interesse. Arrumei-a. Não era muito grande mas o suficiente para hoje eu lhe dar algum valor afectivo.

Talvez tivesse eu uns 22 anos quando, numa arrumação profunda a deitei fora. Hoje teria emoldurado.

Felizmente perdura a memória e este escrito é a prova disso.

sábado, 11 de julho de 2020



120º dia de recomeço do blog



Logo de manhã cedo, o dia prometia muito quente, chegaram os dois homens, um com o curso de cortador de árvores de grande porte, o outro como ajudante. Escalada, é assim que fazem, usando os troncos como apoio, mais os cintos e cordas a que estão amarrados.

Foi um dia triste cortar todas as árvores do jardim e parte das heras que tapam os muros?  Não consigo achar. O meu filho que plantou o pinhão há cerca de 40 anos nem quis vir assistir.o cipreste coube no meu Honda 600. E as outras cresceram mas não tanto. Mas o meu quintal 

A caminho da padaria estava uma camionete de caixa aberta com restos de madeira. Meti conversa, de quem era, contei que ia precisar de uma porque muitos ramos iam ser precisos recolher e transportar para fora. E  não é que logo ali se combinou, 2 homens e foi trabalho em série, uns cortavam outros recolhiam. Umas 6 viagens de ramadas.
E o jardim poderá ser reconvertido com plantas de porte mais apropriado.

Lindos os veios da rodelas das árvores. Cada espécie o seu desenho,  tal como as impressões digitais das pessoas mas estes de pinheiro ganharam a minha escolha.


sexta-feira, 10 de julho de 2020



119º dia de recomeço do blog


A máscara não tapa tudo. Ficam os olhos, mais velhos mas que mantém a expressão.

Ia na rua desta "aldeia" e ouço dizer depois de passar por 2 mulheres a cortarem silvas. "aquela é a Magda, não é?".

Virei-me. A Margarida tem 81 anos, viúva. Estava com a filha quase de 50 anos, professora que esteve a trabalhar nas aulas que durante o confinamento foram dadas pela internet. A roçar mato para desanuviar, contou, que o ano de trabalho foi terrível para os professores sem alunos ao pé, sem saberem o que os miúdos estão a perceber, a aprender.

Os pais da Margarida moravam ao pé da minha avó. 
Em Setembro quando estava por cá, levavam-me na 
celha de madeira em cima de uma carroça. Não me lembro se puxada a burro ou tractor, já lá vão uns de 60 anos. Era para fazer a vindima. O que eu fazia lá não me lembro, miúda pequena, nem se voltava na carroça ou se ia uma das criadas como se dizia na época, da minha avó buscar-me.

Mas há lembranças afectivas e esta é uma delas. 
Por estas e por outras cá continuo a vir passar uns dias.

quinta-feira, 9 de julho de 2020



118º dia de recomeço do blog


Acordei ainda a pensar no sonho que tinha tido. Será que era verdade?

Será que o terreno que andamos a limpar e pagar caro é o que foi vendido há muitos anos, bom dinheiro rendeu mas nada sobrou com os advogados que a Mãe e a Avó tiveram de pagar. Eu conto, no dia da escritura depararam-se com uma situação inesperada, o terreno estava em nome do vizinho.

Há duas décadas ou até mais, essa venda foi feita, o dinheiro entregue, o problema da reposição da pertença foi resolvida mas por razões que desconheço a escritura nunca foi feita. Estará portanto ainda em meu nome e das minhas primas.

Pedi que me arranjassem o número do telefone do senhor, eu sei quem é o dono...que ainda não o é. Complicado?

Disse-lhe que gostava de ir conhecer o terreno e ele marcou logo hora, 8 da manhã. Até me ri e pedi um pouco mais de tolerância. Fui buscá-lo no meu carro às 11h. Estava na rua à minha espera, pequeno, enxuto, vestido de fato e sem máscara na cara.

Pelo caminho fiquei a saber que vai fazer dentro de dias 90 anos "e como já não vou para novo gostava de resolver e fazer a escritura".

Voltando ao princípio, não é o terreno que imaginei no sonho. Mas é outro berbicacho!