sábado, 15 de dezembro de 2018

Jazz Junho 1999


Grande espectáculo no CCB!
Max Roach (faleceu em 2007) e Abdullah Ibrahim (também o ouvi quando se chamava Dollar Brand). Grandes instrumentistas! Ficou-me na memória o solo de bateria, incrível! Abdullah com o seu piano, também extraordinário!

Não foi este concerto, mas aqui fica. Aproveitei também para ouvir esta tarde mais umas vezes.

https://youtu.be/99KaFOrYQNA


Espectáculo - Teatro


2010 - O senhor Puntila e o seu criado Matti
No Teatro Aberto, esta peça de Bertold Brecht,  escrita no seu exílio na Filândia, "comédia de carácter em tom popular".
Patrão que oscila quando está bêbado ou quando está "limpo". Com álcool fica simpático, fraterno, compreensivo em especial com o seu motorista Matti. Sem álcool é terrível! 
"Apesar do sonho de igualdade entre os homens" "a água e o azeite nunca se vão misturar".
Miguel Guilherme no patrão, e Sérgio Praia em Matti, papeis excelentes.
E que é feito destes actores?

https://www.publico.pt/2010/10/26/culturaipsilon/critica/quando-os-patroes-sao-nossos-amigos-1656753

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Viagens 2006


Encontrei as fotocópias do passaporte caducado, com os carimbos de fronteira. Situei então várias viagens que fiz, bilhetes de espectáculos etc.
Chile e Argentina e Canadá em 2005.
NY - Inserida numa viagem cultural organizada por Serralves e orientada pelo José Rosinhas.
Para além do programa de visitas aos museus, na rua vi pela 1ª vez uma obra de Anish Kapoor, Sky Mirror, na parte de fora do Rockefeller Center. Fiquei fascinada com uma obra tão grande e a sorte que tive em a ver visto ser temporária, Set a Nov. Este ano enchi o papinho em Serralves com obras dele.
Assim, visitámos o Museu Solomon R Guggenheim, o MoMA, o Metropolitan Museum of Art, o Museu Whitney de Arte Americana, o PS1 Queens e a Fundação DIA: Beacon.
E fizemos os reconhecimento que a maioria das pessoas faz, incluíndo um cruzeiro no Rio.
A noite era livre e assisti no Gershwin Theatre -ao Wicked, um musical de grande sucesso. No The Metropolitan Opera assisti à Ópera La Gioconda. Blue Note, já sem tabaco, fomos uma ou duas noites, assim como a outra casa de jazz cujo nome não me lembro do nome, sempre acompanhada pela minha amiga Teresa e pela Celeste, cujo marido era um melómano do jazz.

Foi maravilhosa a viagem que também nesse ano fiz ao Chile e Argentina, descendo o Chile até à Patagónia, atravessando os lagos e montanhas para entrar na Argentina e subir até Buenos Aires. Santiago do Chile toca pela história que vivemos em 1973, o ataque à democracia e a morte e desaparecimento de muitos democratas. Ainda visitei o Museu Chileno de Arte Precolombino, (Fundacion Família Larrain Echenique),
com peças muito bonitas. "Cubre um período que vai desde los inicios del arte cerâmica y textil hasta la llegada de los conquistadores europeos" pretendendo representar toda a diversidade dos povos precolombianos. 



Grande parte da viagem para sul, uma de avião o resto de camion jeep, feio e forte, foi para observar e viver a natureza, parques naturais e reservas, glaciares como o Perito Moreno, o mais importante e outros, atravessar os Andes montanhosos e os lagos.
Tinha imaginado comer uma pescada fresca cozida, e não a pescada do Chile congelada que aqui comemos e até é boa, mas eles não a cozinham assim.

Em Buenos Aires  visita à casa de Pablo Neruda, incrível, encontrei um saco de plástico onde terei trazido algum postal ou livro! Amarrotadinho mas guardado! 
Buenos Aires tem vários museus, com artistas argentinos que eu não conhecia, como o Xul Solar com museu inteiramente dedicado a ele, bairros populares, o Caminito, 
etc a livraria El Ateneo, o café Tortoni, ir a um espectáculo de Tango etc. E até pelo clube de futebol passámos! E a carne, claro! Buenos Aires deve ter sido das cidades da América do Sul que mais me impressionou. Uma cidade europeia com dimensão americana! Pensei que iria voltar mas ainda não calhou.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Raiva - filme


Foi recentemente, em Novembro, que fui ao Cinema Ideal ver este filme, de Sérgio Tréfaut e inspirado no romance Seara de Vento de Manuel da Fonseca.
As críticas não foram unânimes. Eu gostei bastante.
Começa pelo fim, arrumando logo o tiroteio que o poderia ter transformado num western e não abordando o desejo da filha do lavrador. 
Aspectos curiosos que soube pelos artigos do JL: o monte alentejano foi construído de propósito, um casebre sem condições nenhumas; o filme foi filmado a cores e depois trabalhado para ficar a preto e branco; as cenas noturnas foram filmadas durante o dia, o actor principal não é actor. E a criança era brasileira habitante no Alentejo, que só dizia nhã mãe, por necessidade de uma actor brasileiro (acordo financiamento, julgo eu). Acaba com canté alentejano ao fundo.

https://youtu.be/2VCOcqaEl9I



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Fado com Camané e os irmãos - Espectáculo


4 Out (1973?)
Com o convite na mão, constato que não tem a referência ao ano. Procuro na net, fico na mesma.
Convite que me ofereceram, comemorativo dos 173 anos do Montepio, foi no Coliseu dos Recreios o concerto de 3 fadistas irmãos, Camané, Helder Moutinho e Pedro Moutinho.
Foi muito bom! Cada um com a sua identidade na forma de cantar fado, voz própria, gostei imenso. 
Na minha pesquisa pela net descobri que a mãe deles também cantava fado. Não fiquei admirada.

As árvores morrem de pé - teatro


Durante uma estadia da minha prima Elisa, Setembro-Outubro 2016, que não aprecia muito o mesmo género de espectáculos que eu, levei-a e fui pela 1ª vez ao Teatro Politeama ver a peça "As Árvores Morrem de Pé" de Alejandro Casona.
Sempre me lembro de ouvir o dramatismo que a minha avó Elvira punha na frase final da peça, e que é o seu título.
Foi com surpresa que vi que o Filipe La Féria conseguiu encenar a peça como uma comédia, bastante divertida. Entre outros com Carlos Paulo, Maria João Abreu, Ruy de Carvalho e Maria Manuela, a substituir a Eunice Munoz que entretanto adoeceu.

Tudo começa numa organização que pretende fazer o bem com poesia e criatividade. Chega um dia ao escritório um velho com um pedido surpreendente: tinha um neto que se tornou num rufia, mas a avó não sabe. Ao longo de vários anos o marido foi-a enganando e escrevendo cartas supostamente do neto a dizer que se tinha emendado e tornado num famoso arquitecto. Mas um dia o neto verdadeiro telegrafa a dizer que chega, mas acaba por morrer no afundamento de um navio. O velho lembra-se então de pedir à organização que coloque na sua casa um casal, fingindo que se trata do neto e da mulher.
Tudo corre bem, a velhota parece não se aperceber de nada, até que chega o verdadeiro neto que afinal não viajara no navio naufragado e está vivo. (retirado do anúncio da RTP aquando da programação desta peça com tinha com Palmira Bastos no seu papel de avó).

Alejandro Casona, escritor espanhol (1903-1965), considerado um inovador do teatro espanhol tal como Frederico Garcia Lorca, exilou-se durante a guerra civil de Espanha na América do Sul, onde continuou a escrever. Regressou depois da morte de Franco, em 1963. 

Jorge Pinheiro - Exposição


Em Serralves, 29 Out 2017. "Jorge Pinheiro: D'Après Fibonacci e As Coisas Lá Fora".
Não conhecia bem a obra deste pintor. Foram os meus primos Pedro e Floriza que me motivaram e com quem fui. Muito interessante!

https://www.serralves.pt/pt/actividades/jorge-pinheiro-d-apres-fibonacci-e-as-coisas-la-fora/

https://www.dn.pt/lusa/interior/serralves-coloca-obra-de-jorge-pinheiro-em-dialogo-com-arte-contemporanea-8773727.html 

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Ivone, Princesa de Borgonha - Espectáculo


Mais uma peça de teatro, desta feita pelo Teatro Do Bairro e que terei visto num domingo de Abril.
Uma comédia divertidíssima, bem interpretada, "feita à moda da tragédia clássica, com 5 actos...parece mais leve do que realmente é, bem mais profunda e complexa do que aparenta ser, talvez num movimento palaciano de dissimulação dos horrores sobre os quais assenta todo o poder..." - Luísa Costa Gomes que também a traduziu. De Witold Gombrowicz.

SINOPSE

O Príncipe Filipe sofre de fartura. Mimado pelos pais, tem tudo e ainda pode ter mais. As mulheres mais belas, é só querê-las. Uma educação esmerada. Um futuro brilhante. Quando lê no horóscopo que a partir das sete da tarde as estrelas propícias lhe oferecerão iniciativas de grande envergadura, prepara-se para o encontro com o destino. Porque vai encalhar, horrivelmente excitado, numa aventesma queda e muda como Ivone? O mais surpreendido de todos é o próprio príncipe. Descobre que existe no mundo uma alma gémea cuja principal tarefa é enfurecê-lo do desejo de lhe fazer mal. Ivone, no seu silêncio obtuso, na sua estupidez natural, depois no seu desejo sem dissimulação, na sua impossibilidade de jogar o jogo, assustadiça e bicho de mato, tão espontânea no não, como no sim, é talvez o irredutível selvagem que todos queremos e tememos ser. O Príncipe, perante a troça dos amigos e a perplexidade dos pais, decide casar com ela. 
Feita à maneira de uma tragédia clássica, IVONE tem os seus quatro actos e acaba necessariamente mal. Basta dizer que bestialidade, selvajaria, idiotice e falta de sentido não param de crescer ao longo da peça.
Sinopse Retirada do anúncio.

https://youtu.be/y1UAF1fSEF8

O sr. Ibrahim e as Flores do Corão - Espectáculo


No Teatro Meridional, esta peça de Eric-Emanuel Smittt maravilhosamente interpretada pelo Miguel Seabra. Julgo ter visto em Maio 2017, nos 25 anos do grupo.
Já era espectadora atenta deste grupo mas a actuação do Miguel Seabra apaixonou-me.
A voz dele, as vozes dele melhor dizendo, para o meu ouvido foi música para o meu ouvido.
"Em Paris, nos anos 60, Momo, um rapazinho judeu de onze anos, torna-se amigo do velho merceeiro árabe da rua Bleue. Mas as aparências iludem: o Senhor Ibrahim, o merceeiro, não é árabe, a rua Bleue não é azul e o rapazinho talvez não seja judeu."

A importância dos tutores de resiliência aos quais nem sempre lhes damos na altura valor e aos quais nem sempre lhes conseguimos um dia falar disso. às vezes é tarde demais...
Sei e sinto bem o que isso é, digo eu, com alguma mágoa. 

https://ionline.sapo.pt/563608

Viajantes Solitários - Espectáculo


Em Minde tenho tido muitas surpresas. Esta foi um espectáculo inserido no Festival de Materiais Diversos,criado pelo Tiago Guedes e onde vi coisas interessantíssimas e novas. 
Este, que vi em Setembro de 2017, fez-me conhecer o Teatro do Vestido e o trabalho da Joana Carvalheira, que tento desde então seguir.
Inovador, o palco dentro de um camion TIR, o texto e a partilha da refeição.
Segui bastantes filhos de camionistas TIR e nunca tinha imaginado estas fragilidades nestes homens. Foi também muito importante por isso.
Descobri um youtube deste espectáculo em Loulé, que aqui deixo.

https://youtu.be/_Xl9QYI3YZU



Canas 44 - Espectáculo


Fui vê-lo à sala Estúdio do Teatro D. Maria II em 28 de Janeiro 2018. A Leonor Keil e a Rafaela Santos.
Aderessos da Lira (Keil)

http://www.tndm.pt/pt/calendario/canas-44/
ou no FB,
https://pontovirgula.pt/cultura/?noticia=canas44&fbclid=IwAR15gQD-G0sBfrFkFe1jxN6TT_iDOd2bX35xmPqhTLhvo3jA2Nq3NxtRuBE
Fotos muito bonitas.

Espectáculo interessante e bonito esteticamente falando. O que fica e o que desaparece em Portugal, as mudanças.
A Leonor morava em Canas de Senhorim e veio morar para Lisboa. A Rafaela pelo contrário, foi morar para Canas de Senhorim.
Uma da dança, outra do teatro, misturas perfeitas. 44, a idade de ambas.

Arrumar papéis


Estou a arrumar papéis.
Entendo agora sem dúvida que não se pode guardar tudo. Deixar trabalho para os outros não é justo.
Porque não quero ficar sem as referências para memória futura, a minha, vou aqui escrevendo algumas coisas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Acordar cedo é geracional?


Não nos vemos há uns anos. Se calhar nem sabe que estou aposentada, livre de horários rígidos.

7h31 da manhã e no tm uma mensagem entrou.
Acordo estremunhada e pego no aparelho. Será que aconteceu alguma coisa aos meus filhos, netos? Aquela hora para mim é quase madrugada. Leio a mensagem.
"Olá, Ora viva, estás boa, há tempos que não nos vemos! Olha, estou a telefonar-te, tão cedo-coitadinha...será que és capaz de me enviar o tm da fulana, que julgava que tinha mas não tenho? Desculpa a maçada e a madrugada. Beijinhos".
Semi acordada envio mensagem com o que me foi pedido.
Viro-me para o outro lado e tento dormir.
Um quarto de hora mais tarde fico de novo desperta, leia-se meia adormecida, quando recebo outra mensagem.
"Ó rapariga!! Acordas tão cedo! Isto é mesmo geracional! Muito obrigada e mais um beijinho"

Pouso o tm na mesa de cabeceira e fico desperta, acordada e a pensar como a distância afectiva nos afasta tanto, neste caso projectando em mim os seus hábitos e considerando que há uma razão racional para que ela e eu tenhamos os mesmos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018


Foi já a 30 de Setembro deste ano que participei num pequeno workshop que se realizou no jardim do Museu da Aguarela Roque Gameiro em Minde. 
Cheguei um pouco atrasada e já estava montado o material no chão, rodeado por algumas crianças. Em cadeiras e rodeando as crianças pessoas como eu. Avós, suponho.
Aliás o workshop chamava-se "Oficina das Árvores e dos Avós, e teve várias actividades criativas. Desenhámos, ouvimos histórias, vimos livros.
Apresentaram-nos um livro muito bonito, "A Vida Nocturna De Las Árboles", que descobri na internet o anúncio. Pode ser uma bonita sugestão para oferta.
https://youtu.be/7udEOuwxV5U

Fascinada fiquei com a descoberta de Bartholomaüs Traubeck, músico alemão, que construiu um aparelho com sensores que escutam e traduzem para o piano os sons que o tronco de árvore faz. É uma espécie de giradisco, em que o disco é uma rodela de um tronco e a agulha é substituída pelos sensores. Os anéis das árvores ajudam a calcular a idade delas e têm características diferentes e sons diferentes.Os sons também são diferentes. 

Pode-se ouvir aqui neste link
https://youtu.be/12dc4IQGnFc


quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Aconteceu...ir ao cinema


Ontem fui ver o filme "Alma Clandestina", realizada pelo José Barahona. Trata-se de uma história verdadeira, da Maria Auxiliadora, a Dorinha, brasileira, que participou na luta contra a ditadura militar no Brasil em 1964. Presa e barbaramente torturada, acaba por ser banida do Brasil, acabando em Berlim sem quaisquer documentos e sem possibilidade de os fazer. Com todo o sofrimento acumulado e sem perspectivas de futuro, acaba por se suicidar aos 31 anos. Extractos de imagens do tempo das ditaduras militares da América Latina, brasileira e chilena, e extractos de entrevistas de pessoas que a acompanharam nesse percurso, é um filme muito emocionante. A actriz extraordinária, que eu não conhecia, Sara Antunes.
Impossível não se impressionar e não ter medo que, ao contrário do que se diz, a História se repita.
Bem oportuno!

sábado, 27 de outubro de 2018

"Pra não dizer que não falei das flores"


Em 1980 fui sozinha ao Brasil. Sozinha no avião, que no Rio de Janeiro tinha o meu tio António,irmão do meu pai, à minha espera e que me acompanhou na minha estadia.
O Brasil vivia então numa ditadura militar que se iniciou em 1964 e acabou em 1985. 
Numa ida com ele a um barzinho, noite dentro, pedi se cantavam uma canção que eu gostava muito, escrita em 1968 e posteriormente proibida. 
Vários homens levantaram-se e ficaram de guarda do lado de fora da porta. Foram tomar conta da rua, ver quem vinha e se necessário avisar para pararem de cantar.
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré, tem uma toada de hino e letra de resistência.
Foi muito emocionante, como todas as canções de resistência são, ainda mais naquela circunstância. Uma música que mais tarde foi cantada por muitos outros artistas, como pela Simone.
...



Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,

Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
Pelos campos há fome em grandes plantações Pelas ruas marchando indecisos cordões E acreditam nas flores vencendo o canhão
Quase todos perdidos de armas na mão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Há soldados armados, amados ou não Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
De morrer pela pátria e viver sem razão Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
A certeza na frente, a história na mão
Nas escolas, nas ruas, campos, construções Somos todos soldados, armados ou não Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Os amores na mente, as flores no chão
Vem, vamos embora, que esperar não é saber, 
Caminhando e cantando e seguindo a canção Aprendendo e ensinando uma nova lição Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Ainda sobre a Avó Elvira


Consultando papéis, vi ontem que faleceu em 7 de Maio de 1983. O tempo que tem a sua profecia!

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A profecia da minha Avó Elvira cumpriu-se


A minha Avó Elvira ...
Lutando contra o progresso tecnológico, é na casa dela, em Lisboa numa perpendicular à Avenida Fontes Pereira de Melo, que com 2 empregadas, a de fora e a cozinheira, me lembro de ver a manteiga numa tigela de água com uma espátula fininha dentro. De ver o peixe a salgar e depois de molho para o dessalgar. Não queria o frigorífico.
Não teve durante muito tempo fogão a gás quando já todos tinham. Na lareira da cozinha estava  um lindo fogão de ferro, que ladeando o forno, tinha umas gavetas altas e salientes em latão com torneiras em baixo onde havia sempre água quente. Dava um trabalhão este fogão, e coitadas das criadas, como eram chamadas, tinham de o pôr a brilhar com solarine "coração" todos os dias antes de se deitarem. Funcionava a briquetes de carvão. 
É da casa dela que me entra pelas narinas da memória o cheiro à roupa passada a ferro de carvão. 
Até que a certa altura, por insistência dos filhos, passou a ter frigorífico, fogão a gás canalizado, ferro eléctrico e outras coisas modernas. 
Inicialmente com alguma desconfiança ...
E com os produtos alimentares, exigente, tudo fresco, quer da horta quer do mar, frango e coelho de capoeira, fruta só da época e assim por diante.
Conforme o progresso avançava, começou a achar menos gosto aos grelos, às batatas do merceeiro, à carne cujos animais tinham sido alimentados também com farinhas, dizendo "já quase não sabem a nada!". Nunca me lembro de a ouvir queixar do sabor do peixe.
Mas perante tanta modernice, como classificava algum progresso, exclamava no seu tom afirmativo, alto e teatral "Ainda um dia havemos de comer plástico!" 
Ela não comeu, morreu antes disso.
Mas hoje, quando li no jornal Público* "Pela primeira vez, estudo quantificou e caracterizou microplásticos encontrados em fezes humanas", mais do que a preocupação, claro que existe, deu-me uma saudade enorme dela! Infelizmente a sua profecia cumpriu-se.
*Jornal Público, 24 Out 2018 p. 27