terça-feira, 29 de junho de 2010

Poema - David Mourão Ferreira

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Olhas o céu
E a terra é tua
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Deixa que o céu
te desiluda

domingo, 27 de junho de 2010

Aconteceu...que detesto vento

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"(...) Há um vento impetuosamente solto na noite da minha vida(...)"
Ruy Belo
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Ouço nos noticiários que este vai ser o Verão mais quente dos últimos anos.
Não o tenho sentido. Aqui em Lisboa, um vento permanente e desagradável, empurra não sei para onde o calor.

Será a crise, o vento ou ambos que fazem com que as esplanadas antigamente cheias estejam agora vazias?
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Nunca gostei de vento. Como se imaginasse que se com força raspasse o meu corpo me levasse partes salientes, quem sabe se as orelhas. E ficando os orifícios bem à vista entrasse dentro de mim e pudesse, com as ondas que provocaria, baralhar o meu interior.

Mas se ficar um verão com muito calor, com as temperaturas mais altas dos últimos anos, vejo-me a gritar pela sua filha, Ó Aragem, vem cá!

sábado, 26 de junho de 2010

Poema - Luís Filipe Parrado

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NATUREZA MORTA COM MAÇÃS
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É triste
o espectáculo do amor
apodrecendo aos poucos
na fruteira
as maçãs que te trouxe
têm agora a pele seca e enrugada.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Aconteceu...que brincar é coisa muito séria.

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Fui à praia com o Vicente que tem 5 anos feitos recentemente. Maré baixa, ficamos na areia seca, bem longe da água que nestas marés não chegará certamente ali.
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Num afã enorme vai construíndo um buraco, que me explica ser uma represa para prender a água. À volta em círculo, envolvendo esse buraco vai construindo uma muralha. Eu estou sentada e vou ajudando a juntar a areia com uns empurrões que vou fazendo com os pés. Não contente com a segurança, diz-me que vai fazer um muro por fora. Tem torreões, que já alguma criança tinha construído com um balde e ali tinham ficado. No meio dos dois muros um espaço por onde a água poderá circular se vier.
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Lembro-me dos fossos dos castelos e pergunto-lhe se uns crocodilos ficarão bem ali no fosso como guardiões. Recusa a ideia, não aqui não vai haver crocodilos diz-me muito sério. A brincadeira-construção continua.
No filme do Shrek havia um dragão que prende a Fiona. Será que poderia haver ali um, talvez em cima de um torreão?
O Vicente pára, olha para mim e diz-me, Ó Avó Magda, nós não estamos a brincar, isto é a sério!
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Brincar e jogar são coisas muito diferentes. O jogo implica regras, nele pode-se perder ou ganhar. Mas antes de jogar, todas as crianças deviam ter tido oportunidade de brincar.
Brincar, que a história que contei ilustra bem, é uma construção saída da conjugação da realidade externa e da interna, sem ser uma nem outra. É uma actividade criativa completamente necessária ao desenvolvimento.
Que bom que certos adultos conseguem manter viva a criança que existe dentro de si!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Poema - Fernando Luís Sampaio

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Hoje, como ontem, duvido de anteontem,
e nisto arrasto a minha vida
entre manhã e noite,
passado e futuro.
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Mesmo que fuja de ti, sei sem saber
que serei uma volátil substância
no rasto demente da fantasia.

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Portanto, ou se calhar, até ver,
nestas ondas sou verdade inteira,
breve herói,
voo intocável,
falso humano.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Aconteceu...granizada nos pomares e recordações do odor das maçãs de Moimenta da Beira

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Já aqui contei várias histórias do meu Serviço Médico à Periferia, em Moimenta da Beira.
O Centro de Saúde ocupava o rés do chão de uma moradia grande, antiga prisão desactivada. Como habitação, foi-nos distribuído o 1º andar, antiga casa do carcereiro. Da prisão restava dentro de nossa casa, um antigo quadro eléctrico com muitos botões, campainhas e luzes das celas, essas já transformadas.
Entravamos por uma porta, a que se seguia um corredor pequeno, e depois havia as escadas. Por baixo das escadas uma pequena divisão, aproveitamento do espaço, sem janelas.
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Poucos dias depois de ocuparmos a casa, várias pessoas nos vieram oferecer caixas de maçãs. Uns peros amarelos e umas maçãs vermelhas com o melhor cheiro que queiram imaginar.
Ensinaram-nos a forrar o chão daquele espaço que se transformou em arracadação de maçãs com cartões, e depois sem que elas se tocassem, dispô-las, lado a lado, no chão. E assim ficaram um ano, sem apodrecerem nem um bocadinho. E ainda vieram em caixotes para Lisboa para acabarem em compota.
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Mas, o que é inesquecível, é o maravilhoso cheiro a maçã que nos acompanhou durante esse ano pela casa toda, mal se transpunha a porta da rua.
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Esta semana durante 1 hora caiu uma granizada em 10 freguesias de Moimenta da Beira. As maçãs que se salvarem vão ser um bem precioso.

domingo, 20 de junho de 2010

Aconteceu...que José Saramago disse

Pensar, pensar
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"Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma."
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Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008, in Outros Cadernos de Saramago

Poema - José Saramago

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ARTE DE AMAR

Metidos nesta pele que nos refuta,
Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Aconteceu...em Buenos Aires, taxista e Maradona

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Eu já desconfiava que volta não volta vou pensar na bola. Ontem vi parcialmente dois jogos, um enquanto pedalava no ginásio, outro enquanto comia um bitoque aqui no restaurante de bairro a que carinhosamente chamo de cantina, tal o uso como recurso.
Agora à noite vi pois o Maradona vestido de fato e gravata a festejar a vitória da selecção argentina.


Há uns anos fiz uma viagem pela Argentina e Chile. Hoje só me vou reportar a Buenos Aires, cidade grandiosa, capital europeia com dimensão americana. Ruas larguíssimas, museus incontáveis, jardins, bairros interessantíssimos, esculturas ao ar livre, eu gostei imenso e quero voltar.

Mas uma das coisas que me impressionou foi a qualidade dos taxistas. Muitos de meia idade, educados, cultos e prestáveis.
Um deles, numa deslocação em que me guiou por vários museus de artistas argentinos, foi falando das suas viagens à Europa, muito especialmente a Espanha, Madrid e o Museu do Prado que o encantou.
A certa altura da viagem passamos junto do estádio do Boca Juniors e eu falo no Maradona que eu sabia que tinha sido daquele clube.
Acho que até abrandou a velocidade, e em voz pausada diz-me que melhor fora que nunca o tivessem tido. E explica-me que quando um país tem um personagem daquele calibre, um ídolo para a juventude, essa pessoa tem de ser uma referência, um exemplo. Ora o do Maradona, na altura todo "encharcado" na toxicodependência, era prejudicial aos jovens.
Na altura gostei de o ouvir. Era um homem que pensava e tinha crítica.
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Se na infância os nossos pais e família próxima são as figuras maiores de referência na construção da identidade, na adolescência as figuras de identificação alargam-se, abrangendo outras pessoas que nos parecem importantes para nós. Por vezes professores, médicos mas também outros jovens e alguns idolos. Por vezes breves identificações feitas pela superfície como o uso de brincos ou do penteado de Cristiano Ronaldo.
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Mais tarde vi o Maradona sempre de charuto na boca, hábito importado de Cuba onde o terão reabilitado.
Hoje vejo-o como treinador. Oxalá se aguente saudável. Há doenças que em personalidades frágeis podem ter recaídas.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Poema - Renata Correia Botelho

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encosto a face à parede
mais triste do quarto, fiel
guardiã do sol posto.
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o coração que me deixaste
é uma casa difícil de habitar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Aconteceu...que vai haver muito futebol

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O facto de ter tido dois filhos rapazes e um marido que gostavam muito de futebol, fez com durante os anos que vivemos todos na mesma casa eu até acho que ia percebendo alguma coisa daquilo. Eles riem-se, dizem que não percebia nada, que era frequente perguntar de que lado era a baliza do clube tal, a cor do fato e outras perguntas que acho completamente normais.
Mas ouvia-os falar dos jogadores, sabia alguns nomes dos mais falados, ia sabendo quem tinha ganho ou perdido.
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Isto era muito importante para mim.
À custa deles conheci também os desenhos animados que passavam na televisão, mais tarde algumas séries vistas pelos adolescentes, conjuntos musicais e músicas. Não só conheci como algumas coisas fiquei até a gostar. Deveria ter escrito que com eles descobri.
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E estes conhecimentos são muito úteis no meu trabalho com crianças e adolescentes. Estar fora do mundo deles, dificulta a comunicação e até a avaliação de como eles estão integrados no mundo dos pares da sua idade.
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Agora sem aquela fonte de informação caseira, tenho quase de estudar algumas coisas. Porque senão corro o risco de não os entender, nem mesmo entender o que eles percebem do assunto.
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Hoje foi o 1º jogo de Portugal no Mundial de futebol. Tenho de andar atenta.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Poema - João Negreiros

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O POEMA NÃO

quero as palavras pequenas como feijões
que não me dêem problemas como os feijões
as palavras mescladas com carne que me dão a sabedoria de quem
[não está para pensar
os grandes temas fazem-me comichão e ardem-me demais
já os visitei muitas vezes
tantas que não estão em casa
o amor não está em casa
a vida não está em casa
a condição humana não está em casa
a violência
a beleza
a tristeza
as raças
as distâncias
a injustiça não estão em casa
ninguém está em casa por isso não gloso a erudição mas gozo o
[poema não
o não poema
o que não diz
o que nada
o poema nada
este é o poema nada
é o que existe na vez do branco
o que existe para matar a árvore
a literatura morta
lenta
inválida
sensaborona
flácida
talvez assim entendam
talvez assim o queiram
não perco em tentar
se serve tanta gente porque não há-de servir
vou só antes de terminar escrever umas palavras à sorte
[com um truquezinho estilístico
pelo sim pelo não
e fica o trabalho feito
a pata do pombo trepa o farol
é isto
que bem que corre
soa tão bem e diz tão nada
olha de novo
o lento do corvo imiscuí-se na negrura dos tempos
é soturno bom para quem gostar
soa bem
música de elevador
só mais uma para acabar
o tentáculo do céu acalma o horizonte
espera
não
este é bom
é melhor guardar para um poema poema
um poema mesmo
trocando por miúdos um poema
esquece aquele
substituo por
o autocarro sozinho na penumbra
olha que bem
mesmo à medida do que não diz nada mas que ao mesmo tempo é
[tudo
muito bem
bem bonito
estou mais velho
mais feio
mais estúpido
e tu também
o Peloponeso pinta-me o pénis Laurinda

sábado, 12 de junho de 2010

Aconteceu...almoçar feijão frade com atum e matemática

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Feijão frade de lata com atum enlatado, durante anos nem conseguia pensar em comer isto. Reportava-me para a comida de férias, passeios a pé, picnic e camping, que com gosto mas sobretudo por necessidade, se comia nas passeatas pelo estrangeiro já com 2 filhos e dinheiro contado.
Um dia a passear a pé pelos Picos da Europa? Latas de feijão frade e de atum. Uns dias na Galiza? Latas de feijão frade e atum. E assim por diante.
Na casa dos meus pais comia-se feijão frade, quentinho com cebola e salsa picada como acompanhamento de pasteis de bacalhau. Ou usando uma linguagem mais nortenha, chícaros com bolinhos de bacalhau.
Pois hoje, e depois de falhado outro menu, foi o daquelas férias que comi. E soube-me muito bem, coisa que ainda há poucos anos me daria enjoo só de pensar.
A memória não é uma coisa estática, como sabemos, e o facto de estar ligada a emoções, dá-lhe uma grande mobilidade. O tempo pode até alterar as nossas memórias afectivas, ao dar-lhes outras tonalidades, permitindo outras leituras.
Mas, enquanto comia li no Expresso a crónica sempre tão interessante do matemático Nuno Crato. Escreveu ele sobre o tipo de movimento organizado que os peixes predadores como o atum têm quando procuram alimento. Movimento este que é diferente conforme há muita caça - movimento browniano - ou pouca -modelo de Lévy. Ou seja, movimentos organizados e estudados pela matemática e que ele, como é costume, traduz em linguagem aparentemente simples.
O atum que comi fez ligar duas partes essenciais de mim, a parte afectiva e a parte racional. Foi uma refeição completa!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Poema - Eugénio de Andrade

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AOS JACARANDÁS DE LISBOA

São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aconteceu... que o jacarandá tem flor

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Estava eu a pedalar na bicicleta fixa do ginásio e a ler o Leite Derramado do Chico Buarque, quando me aparece escrito "Peça à minha mãe que lhe indique a escrivaninha barroca de jacarandá (...)".
Parei de ler, as ideias ocuparam-me o pensamento.
Ainda ontem passei pela Avenida Miguel Bombarda, aqui em Lisboa, e tinha visto com prazer como está bonita, toda azul. Tem sido sempre o aspecto estético que me tem chamado a atenção no jacarandá em flor, nunca reparei no tronco ou nos ramos no Inverno, nunca os vi como madeira com utilidade. É aquela cor tão especial que me cativa e que procuro todos os anos nesta época.
Aliás as flores, de qualquer cor, chamam a atenção, prendem-nos. .
Há tempos, num velório, uma criança de pouca idade, andava fascinada a tirar as flores das palmas e coroas que estavam pousadas no chão. Estava muito contente, brincava como se estivesse num jardim, alheia à avó morta. .
No pequeno jardim quase selvagem que existe na frente do meu serviço, é habitual ver as crianças que nos procuram, fazerem ramos de florinhas. .
Tal como as esculturas, nunca percebi os jardins que são só para a vista...como são para mim os jacarandás.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Poema - Filipa Leal

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A CABEÇA É QUE PAGA
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Silêncio
Ela pediu
Silêncio
ao rádio do carro,
aos pais, aos irmãos,
aos chefes, aos amigos.
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Só a cabeça
não respeitou o seu pedido.

domingo, 6 de junho de 2010

Aconteceu...Partos on line. Onde está a intimidade? Os limites? O espaço para fantasiar? Para pensar?

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Parece que é moda no Brasil transmitir os partos pela internet para familiares e amigos!
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Vivemos momentos de pouca intimidade e ausência de limites.
"Nem 8 nem 80" diria a minha avó Elvira, quanto se referia a novos usos e costumes.
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Mesmo na minha profissão, o tipo de patologia que nos procura alterou-se completamente. E o tipo de sociedade em que vivemos não é certamente alheio a isso.
Hoje as queixas são de sintomas externalizados. São as alterações de comportamento, as hiperactividades, (não, não foi engano, não há só um tipo de hiperactividade, mas lá que há muitas crianças demasiado mexidas, "sem rei nem roque" como diria outra vez a avó, lá isso há).
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O lugar para a fantasia está a diminuir? Ou a fantasia passa a estar assente na realidade? Mas esta o que é?
Quase tudo é partilhado, sem limites organizadores. Tudo é pouco pensado e muito agido.
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Há 33 anos era eu uma jovem e durante o parto do meu 1º filho, o meu marido fez umas fotografias. O laboratório de fotografia, sim que na altura as máquinas não eram digitais, não as revelou, desculpando-se que era material pornográfico.
Ainda bem, digo eu hoje, um momento meu, tão íntimo, porque havia de ser partilhado? "Isto é a avó"? Perguntaria o meu neto Vicente. "Mas onde estão os olhos?"

sábado, 5 de junho de 2010

Poema - Alice Gomes

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BICHINHO POETA
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Chamam-lhe búzio.
É apenas casca.
O bichinho morreu.

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Ficou a concha para recordação
e vende-se nas feiras
põe-se nas prateleiras
como ornamentação.
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Quem julga conhecer o seu segredo
encosta-o no ouvido
e ouve um sonido
que lhe parece o vento
correndo sobre o mar.
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mas é a sua voz
de saudade a chorar

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Aconteceu...a história da Carochinha e do João Ratão

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Como muito bem explicou Bruno Betthelheim (B.B.) no seu livro "Psicanálise de Contos de Fadas", os contos tradicionais com fadas, madrastas, abandonos, morte das pessoas significativas para as crianças são extraordinariamente importantes para elas. Abordam de forma indirecta e fora de nós, através das personagens das histórias, emoções e angustias frequentes e sempre presentes no desenvolvimento infantil. Abordam, libertam e ajudam a elaborar. "Facilitam as mudanças de identificações de acordo com os problemas com que a crianças lida" (B.B.).
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Hoje verifico que muitas vezes as histórias são alteradas por quem as conta, nos jardins de infância por exemplo, aplainando alguns aspectos por forma a torná-las menos violentas, explicava-me uma educadora.
Discordo completamente. Muitas das histórias e filmes que hoje se fazem e passam na televisão têm aspectos de violência gratuita no sentido que não são úteis para ajudar as crianças a "pensarem" em si.
"O conto de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler o que se passa no seu espírito, na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de se conseguir a maturidade intelectual" (B.B.).
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De vez em quando conto uma história tradicional ao Vicente, o meu neto de 5 anos. Ele tem uma enorme capacidade de atenção e uma muito boa memória.
Ontem foi a História da Carochinha e do João Ratão. No original a carochinha encontra uma moeda de 5 reis e eu contei que ela tinha encontrado uma nota de 5 Euros. Conhecedor da história, saltou logo perguntando o que aconteceu à moeda de 5 reis, coisa que obviamente nem do meu tempo é.
Depois, por engano saltei o primeiro pretendente a casamento ele chamou-me a atenção. Lá tive de tentar ser mais fiel. Abri o computador, procurei e fui dando uma mirada no texto enquanto procurava contar com enfâse e a mímica adaptada. Neste em particular, a entrada de vários animais permitem-nos uma teatralização ruidosa e onomatopaica. Ele fica fascinado, a beber tudo o que ouve e vê, o que dá muito prazer aos contadores.
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É muito interessante esta necessidade que os miúdos têm de manter o texto. Às vezes para adormecerem, as crianças mais pequenas querem a mesma história, contada com as mesmas palavras, sem variação. É que isso acalma-os e vai contribuindo para a construção da segurança.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Poema - Saúl Dias

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Na tarde longa
imaginei um longo poema.
Depois,
fui-o encurtando
e reduzi-o a pequenos versos.

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Quisera que os meus versos,
fossem duas palavras apenas,
aéreos como penas,
leves
como tons dispersos...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Aconteceu...foto, converseta de amigos e um bom tinto ao pôr-do-sol

...................................... Foto - Ana Santos Silva