quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O perigo de noticiar os suicídios na comunicação social



Ouvi há tempos uma história de alguém que estando à varanda numa rua estreita e íngreme, assistiu à descida de uma camionete que por falta de travões passou a ferro vários carros estacionados até se imobilizar. Telefonou para uma televisão a avisar do sucedido e de lá perguntaram se havia mortos,  e feridos. Desiludidos terão respondido que então não merecia uma reportagem.

Vem isto às notícias que nos últimos tempos têm sido dadas de forma repetida e com pormenores sobre a morte de dois actores americanos bem conhecidos. Ambos por suicídio.
As situações foram descritas, repetidas até à exaustão em todos os telejornais e noticiários incluíndo as formas usadas para morrer. Deste último caso até  a posição do cinto e a técnica usada para o enforcamento foi explicitada!

Tanto quanto julgo saber, qualquer jornalista já foi informado do risco de divulgação destas situações.
Jovens e adultos mais fragilizados são frequentemente influenciados por estas notícias. Uma espécie de "infecção contagiosa", pode provocar suicídios e tentativas de suicídio por imitação.

Numa escola, num lar de jovens onde acontece uma situação destas é quase obrigatório um trabalho de intervenção como acção preventiva. Sabe-se do risco.

Na televisão, quem vê? Muitos e de forma anónima! É um enorme risco público!

Tal como na história com que comecei, desconfio que o fazem pelo "sucesso" do choque e o aumento da audição!
A ética, por onde anda, senhores jornalistas e cadeias de televisão?