quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020, o tempo voou!

 

289º dia do recomeço do blog

Deveria fazer o balanço de 2020? É o costume. 

Este ano, mais que nenhum outro, confirmei que estar sozinha não é um drama para mim. Gosto e entretenho-me bem. Um ou dois dias com maior dificuldade e a ver cinzento mas vá lá.

Foi em termos sociais e globais o pior ano que me lembro. Doentes, mortos, economia de rastos, como recomeçar?

Figura do ano para mim foi a velocidade do tempo. Nunca me lembro de um ano passar tão depressa! Certamente por ter menos memórias diferentes para o preencher, a triste rotina. Foi num instante que cheguei ao fim.

Adeus 2020!


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A saúde é uma coisa precária.

 

288º dia do recomeço do blog

Há um ano uma amiga minha esteve vários dias internada com uma infecção. Uns dias na Cruz Vermelha e outros tantos no H Sta Maria.

Hoje sentiu os mesmos sintomas, febre alta e umas dores com edema e mancha vermelha numa parte da perna. Recorreu ao H Sta Maria onde esteve o dia inteiro, a ser observada por várias especialidades relacionadas com os sintomas.

No final, feito o diagnóstico da situação, o mesmo que da outra vez, foi informada que havia uma vaga no serviço domiciliário, ou seja, pôde ir para casa onde será acompanhada uma a duas vezes por dia por uma equipa presencial. Estou a falar do Serviço Nacional de Saúde!

Vive sozinha mas tem apoio familiar e de amigos perto.

Amanhã direi. 


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Artigo a ler! O futuro não se programa na véspera.


287º dia do recomeço do blog

Constantino Sakellarides que tive o prazer de o ouvir há muitos anos na equipa onde eu estava, continua a ser um grande pensador da saúde.

Saiu hoje no Diário de Notícias, novamente em papel, um artigo excelente. 

Vou publicá-lo mas sei que não será lido aqui por muita gente. Mas não resisto.

Neste artigo, dividido em 8 pontos, fala da saúde mas não só. Todos são importantes mas leio no ponto 6 isto "Na administração pública, temos uma primeira linha que acorre ao imediato, mas falta-nos uma segunda linha que pense o país, mais à distância. Prospectivamente, com análise e planeamento estratégico. Para não chegarmos ao futuro tarde e mal preparados, precisamos de começar de facto a pensá-lo, não ocasionalmente, mas contínua e sistematicamente."

Sim, a Senhora Ministra da Saúde tem sido uma formiguinha no combate à pandemia, mas desde que foi nomeada duvidei da sua capacidade de pensar mais além.  

Vale a pena ler o artigo todo!

Saúde 2021. Regressar ao futuro?

1- Inverno. É o inverno mais longo. Ao telefone soubemos que morreu um amigo. Quarenta dias de internamento e sofrimentos. Faz-nos falta. E logo, no noticiário da noite: em Setúbal há pessoas que não têm como comprar para comer. É a fome com a vergonha de pedir. À última hora: uma nova variante do malfadado vírus. Uma ameaça mais? E um toque no WhatsApp: no condomínio de 32, "algumas pessoas estão a atingir os limites" - temos de conversar! A vacina chegou, que bom, mas a seu ritmo. A distância protegida continuará como a solução possível, verão adentro. Resistiremos.

2 - Pandemia destapou. A pandemia destapou crónicas limitações nas nossas instituições, comportamentos e formas de governação: respondemos com grande dificuldade aos desafios do envelhecimento. Em parte, porque o SNS não deu ainda o salto qualitativo necessário para superar a sua fragmentação original e gerir bem os percursos das pessoas através dos cuidados de que necessitam. Mas também porque nos faltam políticas e orçamentos de bem-estar que articulem a ação dos vários setores para um mesmo fim; sem uma "política para as profissões da saúde", estas continuarão a abandonar, crescentemente, o SNS; na saúde pública, à sua versão centralista, normativa e autoritária, igual para todos, que apela à obediência, é necessário acrescentar melhor aquela outra que descentraliza, informa e diferencia localmente, que conta com as pessoas e apela à sua inteligência; fazemos planos de "inverno" ou de "vacinação" que não são acompanhados de quaisquer referências à base científica das opções adotadas.

3 - Oportunidade de desenvolvimento. Não podemos simplesmente esperar pelo verão, sem mais. Queremos começar a recuperar o que perdemos, mas fazê-lo regressando ao futuro. Há 20 anos numa "classificação" envolvendo os sistemas de saúde de todos os países do mundo, promovida pela OMS, ficámos em 12.º lugar. De notar, no entanto, que o índice adotado para comparar desempenhos entre países foi ajustado em função da escolaridade e da capacidade em criar riqueza da parte de cada país. Não tínhamos, propriamente, o 12.º melhor sistema de saúde mundo - o que a análise nos disse foi que, comparativamente, o desempenho na saúde em Portugal excedia o que seria de esperar face ao grau de desenvolvimento do país. Dificilmente poderíamos fazer muito melhor na saúde, se o país não progredisse no seu desenvolvimento económico, social e cultural.

4 - Modelo de governação. Somos capazes, nas diversas dimensões da nossa casa comum, de lidar produtivamente com o desassossego que este desnudar de fragilidades nos traz? Será possível sustentar um sobressalto criativo, para regressar ao futuro, ou começámos já a soterrar apressadamente os incómodos que a pandemia destapou?

Talvez o que mais está em causa seja um modelo de governação, que temos desde há décadas. A extrema complexidade dos desafios habituais ou extraordinários da saúde expõem com suficiente clareza a grande insuficiência do atual modelo: ministro-secretários-diretores-reúnem-despacham-mandam-fazer. Em círculo fechado. Que acrescenta e perpétua, mas não transforma. Que não aparenta cultura e instrumentos de aprendizagem.

5- Conhecimento e decisões políticas. Precisamos de uma governação mais sensível ao conhecimento - um processo de aconselhamento científico contínuo, transparente e independente dos poderes, capaz de fazer uma síntese do estado da arte e vertê-la em propostas de ação, comunicadas ao conjunto da comunidade. Por exemplo, no Reino Unido existe um grupo consultivo para emergências (SAGE) que se reúne regularmente e faz recomendações ao governo. É o SAGE. E, no entanto, um grupo prestigiado de académicos e profissionais, insatisfeito com a sua constituição e desempenho, especialmente na comunicação com o público, criou o independente-SAGE. Este promove, à distância, todas as sextas-feiras, às 13h30, uma sessão de esclarecimento público. O governo sueco projetava constituir uma comissão científica independente para avaliar a gestão da pandemia pelas autoridades, no fim da pandemia. As coisas começaram a correr mal e o governo sueco decidiu antecipar a criação dessa comissão, que emitiu agora o seu primeiro relatório. Este é severo para o governo e fez recomendações claras sobre o que é necessário mudar. Nas culturas do sul, ainda não estamos perto disso. E precisávamos.

6 - Instituições e pensamento estratégico. É necessário traduzir, conhecimento em ação. Sabemos que temos no país "múltiplas competências funcionais, mas que escasseiam capacidades institucionais essenciais". Na administração pública, temos uma primeira linha que acorre ao imediato, mas falta-nos uma segunda linha que pense o país, mais à distância. Prospectivamente, com análise e planeamento estratégico. Para não chegarmos ao futuro tarde e mal preparados, precisamos de começar de facto a pensá-lo, não ocasionalmente, mas contínua e sistematicamente.

7 - Inteligência colaborativa. As transformações reais fazem-se com as pessoas. São, quase sempre, mudanças adaptativas de proximidade, que implicam múltiplas lideranças locais capazes de fazer a diferença. Não é possível governar hoje sem gerir conhecimento em arquiteturas colaborativas. Transformar requer um elevado grau de inteligência colaborativa - partilhar informação selecionada e personalizada que promova as convergências necessárias para realizar objetivos de interesse comum e aprender continuamente com a experiência. Só assim saberemos onde convém condicionar e normalizar, para que, na maior parte do sistema, se possam promover respostas adaptadas a cada circunstância.

8 - Audácia para transformar. Precisamos de novas respostas. Mas, desta vez, temos de as procurar bem mais fundo na nossa forma de existir. Num momento-movimento de refundação. Mesmo que para tal fosse necessário ouvir o poeta e mandar parar os relógios, silenciar os pianos, empacotar a Lua e esvaziar os oceanos: interiorizar, "inscrever", das comunidades reais a um Estado mais próximo e menos abstrato, desenvolver "uma relação realista com nós próprios". Na maior oportunidade depois de abril, teremos agora a audácia de começar, de facto, a transformar?

Professor catedrático jubilado da Escola Nacional de Saúde Pública


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A distração justifica tudo?

 

286º dia do recomeço do blog

Um meu carro Mercedes A180, a gasóleo, tem 11 anos. 

Ontem, na autoestrada, enganei-me e meti gasolina. Nunca tal me tinha acontecido. O carro veio de reboque e eu de táxi.

O que me preocupa é que, para além de não ter tido a atenção necessária e que até agora sempre tive, estranhei que o bico da mangueira fosse mais fino, e o preço fosse altíssimo. E não consegui fazer o raciocínio, juntar as várias informações que chegaram ao meu cérebro!

O acontecimento em si é um aborrecimento. Grave é o meu estado mental! 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Uma casa com 50 anos é velha?

 

285º dia do recomeço do blog

Estamos nos finais de Dezembro, o inverno já começou. Uma sorte para mim apanhar aqui no Algarve dois dias de sol radioso, calor agradável o que tem permitido uns agradáveis passeios a pé à borda de água.

Mas... 

Diz-se que "quem tem filhos tem cadilhos" mas quem tem casa de habitação não permanente  tem sempre cadilhos também. Ontem apareceu água no chão da casa de banho e descobriu-se a razão. Resolveu-se fechando a torneira de segurança do mesmo e colocando um balde à mão. 

Julgo ser o Professor Cláudio Torres que considera o autoclismo um dos inimigos quanto ao consumo demasiado de água, aqui no Sul, onde a chuva falta sempre. Com o balde vou poupar...

E ainda ontem um estore não queria descer, alguma coisa o impedia. Hoje de manhã também se fez o diagnóstico, uma pedrinha que terá  caído da parede e que ficou entalada no estore. Empurrada para trás, deixou fechar. E não lhe tornei a mexer.

Mais duas coisas para tentar arranjar quem faça os arranjos. Mas ficará para outra altura, que amanhã regresso ao poiso habitual.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Tâmaras na "luz mais que pura"

 

284º dia do recomeço do blog




Céu azul, 20ºC, leve brisa de leste, e palmeiras com fruto, o Algarve é assim, outro país.

O mar está ao lado, azul também.


"A luz mais que pura

Sobre a terra seca."  Sophia de Mello Breyner Andressen






sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Valeu a pena

 

283º dia do recomeço do blog


Quando vamos ao almoço de Natal a casa de um filho e vemos que ele "aprendeu" tudo como antes eu sabia fazer, ficamos quase reconciliadas com esta época. 

Prova que gostou do que se fazia lá.

Valeu a pena! Obrigada!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

O Zoom ajuda ...

 

282º dia do recomeço do blog

Para não juntar mais bolhas familiares, hoje ao jantar de Natal éramos só dois. 

Mas o espectáculo que os netos costumam fazer veio por Zoom. O Francisco tocou piano, flauta e com as primas um teatro de fantoches com um texto criado por eles...com a ajuda da outra avó.

O programa estava demasiado grande, antes do jantar e com o bacalhau ao lume, a impaciência das cozinheiras fez adiar a 2ª parte para amanhã.

Não há dúvida, quem gosta mesmo do Natal são as crianças.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

As tradições vão-se aligeirando

 

281º dia do recomeço do blog


Não me entusiasmo com o Natal, já o disse. Mas faço questão de manter a tradição do paladar.

Este dia 23 de Dezembro tem umas horas na cozinha. Trato de alguns dos doces que a minha Avó Arminda e a minha Mãe faziam.

Rabanadas de leite e chá preto, nunca ouvi mais ninguém falar. O chá dá-lhes uma cor escuras, menos airosas. As fatias de pão feitio cacete, que curiosamente só se encontra nas padarias nesta época. Mas a avó tirava a côdea, o que transformava a obra numa coisa mais sublime. Não é fácil, desisti. Por cima, para quem quiser, uma calda de açúcar e canela. Canela em pau mas da séria. Grande, comprida, enrolada várias vezes, não, não se encontra nos supermercados.

E os Russos, que também dão um trabalhão. Uns quadrados pequenos de noz e amêndoa e que em toda a volta levam manteiga fresca que depois é molhada em noz e amêndoas picadas grosseiramente. Depois de feito num grande tabuleiro, cortados e trabalhados um a um. A minha mãe ainda os abria e recheava com o tal creme. Não sei como conseguia. Tão difícil!

Tradição aligeirada. Mas não chegam estas duas sobremesas?

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Quem canta seu mal espanta?

 

280º dia do recomeço do blog

Acabei as limpezas e arrumações, sentei-me e pensei  não vou ser capaz de fazer a centena de quilómetros que me separam de Lisboa.

Fui, até com menos custo do que tinha imaginado. Um banho completo refez-me. E mesmo chegando atrasada consegui entrar no ensaio do coro, por zoom claro. 

Quem canta seu mal espanta, diz-se. Mais do espírito que das dores musculares.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

A força física treina-se...e não só no ginásio

 

279º dia do recomeço do blog

Acabou uma parte das obras da minha casa "da aldeia". Já muitas vezes falei disto, expliquei onde era, porque não é aldeia e das obras que começaram em Junho e ainda não acabaram.

No entanto, a parte interior da casa ficou pronta. E, como motor para vir ver e arrumar, foi o facto de um dos meus filhos mostrar vontade de passar aqui uns dias depois do Natal.

A culpa é minha. Não preparei a casa para obras. Mesmo assim, vá lá, vá lá, já vi pior. Mesmo assim quase tudo estava fora do seu sítio. No hall coisas da sala de cima, móveis em quarto errado, mesas da sala/cozinha ao contrário. E depois todos os múltiplos objectos que saíram do sítio. Uma casa antiga com objectos dos avós e até bisavós, muitos dos quais em "exposição", todos fora do sítio! Mas qual sítio? É que nem eu me lembro onde estavam. Nenhum importante, barros, pratos, nada de valor. Mas onde era o lugar deles?

O pior foram os móveis. E eu aqui estou envergonhada, tinha a ajudar-me uma empregada de 74 anos, com muito mais força do que eu! Mas nem sempre foi capaz e chamou o marido de 75 anos. 

O homem disse perante a minha incapacidade em fazer força o óbvio "falta de hábito, dra." Claro que tem toda a razão, uma burguesinha que nunca puxou pelo corpo. 

Os dois fizeram tudo o que exigia força. Amanhã terei de me desenrascar com os objectos que se seguram com uma mão. Mas vou precisar de escadote, mais uma avaria!

domingo, 20 de dezembro de 2020

O meu telemóvel...para cumprir o dia.

 

278º dia do recomeço do blog

Casacos sem bolsos, onde guardar o telemóvel quando andamos em casa?

O TM é um objecto essencial. Penso às vezes que posso cair quando vou ou venho do quarto, se estou na cozinha e ele tocar está ali mesmo perto de mim. 

Quando trabalhava tinha o TM sem som durante as consultas. Das poucas vezes que me esqueci dele em casa, voltei atrás buscá-lo.

Este meu apego não é pois só sinal da idade, já era assim.

E acredito que sou uma pessoa que o usa pouquíssimo, ou melhor a quem me ligam poucas vezes.

O meu estava com um problema, a película estava de tal modo suja que eu tinha dificuldade em ver o "mostrador". No único dia em que passeei a pé por Lisboa vi uma pequena loja de artigos de comunicações. Entrei e quem me atendeu era francamente asiático, Índia, Bangladesh, Paquistão? Enquanto me mudava a película fomos conversando, ora em inglês ora em português. Nascido nos EUA de família do Bangladesh, estudou engenharia informática em Londres. Veio para cá e montou aquela lojinha. Conversa, película nova e trabalho de instalação 5€. Barato, muito barato e o meu TM ficou com um aspecto novo!

sábado, 19 de dezembro de 2020

Onde vos guardo?

 

277º dia do recomeço do blog

Sim, os escritores comigo este ano têm ganho muito pouco dinheiro. Não porque não leia, pelo contrário tenho lido bastante. 

Já no ano passado nesta época que não me entusiasma no seu aspecto comercial e obrigatório, resolvi oferecer livros que eu tinha gostado aos meus mais próximos. Alguns também comprados em livrarias solidárias, que recebem ofertas de livros por pessoas ou pelas editoras.

Aos meus filhos, alguns eram meus, até estavam assinados por mim e com a nota ou a dedicatória de quem mos tinha oferecido. Eles, que já são adultos, acharam piada pela ideia e gostaram. Outros comprados em Cascais na Déjà Lu, cujos resultados vertem para a Associação Trisomia 21.

Este ano, com os confinamentos, comprei vários na Livraria Solidária de Carnide, perto de minha casa. Esta tem um catálogo e mesmo sem sair de casa pode-se escolher e encomendar. O preço mais alto é de 5€. Os valores obtidos são para a Boutique da Cultura, Incubadora de Artes, com ateliers vários, um teatro. Um projecto resultou de uma proposta à Câmara Municipal de Lisboa inserida num dos projectos de apoio

Comprei os 4 volumes do Quarteto de Alexandria, escritos pelo Lawrence Durrell por 12€. Em estado novo, só um pouco amarelecidas as folhas. Edição Ulisseia 1973.

Dei este livro como exemplo. Comprei vários mas há lá muitos que não me interessam. Tem de se escolher.

Esta a razão pela qual não tenho comprado livros recém editados. Há vários saídos este ano que gostaria de ler. Que me desculpem os escritores que com as livrarias solidárias não ganham. Ficarão para outra altura.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Mulheres e suas caras

 

276º dia do recomeço do blog

Este ano estive muito tempo no Algarve e em Minde, fugindo ao apartamento de Lisboa. Lá podia apanhar ar livre e sol a sós ou com o distanciamento adequado.

A minha pele ficou uns meses bronzeada, cara incluída. 

A Isabelle Huppert, é uma maravilhosa actriz francesa que se protege de forma a nunca apanhar sol. De facto a pele da sua cara é muito clara, quase branca. Em termos de saúde a atitude dela é mais correcta, os melanomas são terríveis. 

Reparei agora nas suas sobrancelhas, finas e arranjadas, localizando-se só por cima dos olhos.

Pelo contrário, A Frida Kahlo, mexicana cuja obra pictórica tem uma marca que nunca nos faz duvidar que seja dela, não arranjava as sobrancelhas. 

Segundo li, Frida teria uma mono sobrancelha, que ao invés de depilar reforçaria com um lápis. Também ela não se protegia do sol mas coitada devido ao seu grave acidente esteve acamada muito tempo.

E porque peguei eu nestes factos tão sem importância de pessoas com tanto que contar? É que ontem dei um grande passeio a pé pela cidade de Lisboa. Houve sol durante parte do trajecto mas as nossas condições actuais não nos permitem apanhar sol na cara. 

Voilá! Máscara certificada com o padrão das mantas de Minde.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O pato

 

275º dia do recomeço do blog





Um dia de sol! Estamos mesmo precisados, depois de tanta chuva molha parvos e céu cinzento. Uma esplanada junto ao rio Tejo, sem vizinhos nem máscara, o livro, um copo de vinho branco e mais tarde um prego e uma bica. Mas que bem que me soube!
A fotografia foi tirada quando uma nuvem branca passou tapando o sol. Não ficou bem, eu sei.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

RIP John le Carré

 

274º dia do recomeço do blog


Comprado em 2014,posto na estante, só no dia em que John le Carré morreu, 12 de Dezembro 2020, resolvi pegar-lhe e começar a leitura. 

Gosto de policiais, este é policial/espionagem. Começa-se e depois é só seguir. Bem escrito e interessante. Mais um ou dois dias fica lido.

John le Carré é o pseudónimo de David John Moore Cornwell mas para nós leitores terá sempre o nome com que escreveu os livros e com que bons filmes usaram os seus romances. Gostei muito do "Fiel Jardineiro".

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Vocalizes em "a"

 

273º dia do recomeço do blog


Dia de ensaio de côro. Por zoom, claro, o que faz com que seja outra coisa mas é muito bom nos tempos que correm. Iniciamos com os alongamentos da parte superior do corpo, ombros, cabeça, músculos faciais. E depois fazemos vocalizes atrás da maestrina. Nós com os microfones fechados, cantamos para nós. 

Depois, e um de cada vez, abre-se o microfone. Canta-se e a Sara chama a atenção para alguns aspectos a melhorar. Hoje cantei para todos, parte de When the Saints Go Marching in. Correu razoavelmente. Cantei eu e depois outros coralistas, vai correndo entre os presentes. Fiquei com a indicação que devo fazer vocalizes em "a". Começo amanhã.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Escrever como terapia?

 

272º dia do recomeço do blog

Porque escrevo desde há 272 dias sem interrupção? Já me fiz a pergunta várias vezes e pensei sobre isso.

O número de pessoas que passam por aqui é ínfimo, não será pois para ser lida pelos outros.

Recomecei a escrever a 15 de Março, altura do confinamento, alteração da minha vida. Sem destino nem assunto fixo, escrever é uma forma de pensar comigo. Tem dias em que não falo com ninguém, podia pensar para dentro, mas esta escrita no blog tem uma espécie de obrigatoriedade, "escreve Magda para pensares contigo própria". E faz-me pensar mais e tentar organizar o pensamento. Acho que se não o fizesse ia empobrecendo e destreinando o meu discurso.

As palavras, quando não usadas, vão desaparecendo da nossa memória. Temos de fazer um esforço para as encontrar, e se falarmos com alguém, procuramos as palavras e podemos não as encontramos. E o pensamento pouco fluido pode até ficar perdido na lógica.

Por isso continuarei a escrever, sem qualidade literária mas com uma finalidade, quase me atrevo a dizer, terapêutica.

domingo, 13 de dezembro de 2020

a morte decretada

 

271º dia do recomeço do blog


Hoje dois homens foram mortos por estarem condenados pelos Tribunais à pena de morte, um no Irão, por razões políticas outro nos EUA por homicídio. Seja qual fosse a razão, a pena de morte é inadmissível!

Um nojo estas situações.

Desde que me lembro procuro nos jornais a área da necrologia. Tem a sua razão mas passo agora ao lado dela. Vejo o nome e quem participa. Marido ou mulher, filhos, netos e às vezes bisnetos. E hoje tive um pensamento novo, fiz contas à minha idade para ver se posso viver o suficiente para ainda ter bisnetos. Um pensamento positivo.

sábado, 12 de dezembro de 2020

O dia acaba quando se põe o Sol?

 

270º dia do recomeço do blog

Umas horas a ver um filme português que foi muito falado mas que eu não tinha visto "A Herdade". Muito comprido, e nem sempre conseguido. É cinema e com bons planos mas tem cenas de autêntico teatro. Estas pareceram-me falhadas. Seria uma cena dramática de quatro personagens ao jantar. Família nuclear onde pensamos que será desvendado um segredo, um filho bastardo que está apaixonado pela filha do casal. No fundo e tal como nos Maias do Eça de Queirós amor proibidos. Mas nesta cena a emoção do drama que se está a viver não passou. 

Natal conjuga com circo. E lá fico eu a ver, Monte Carlo como todos os anos. Tem sempre uns números espantosos! Tão diferente dos circos pobres que eu vi quando era novinha, pobres mesmo, até nos collans delas com buracos e nos trapezistas sem rede. 

E assim se chega ao fim do dia.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

O copo

 

269º dia do recomeço do blog

Não sei há quantas décadas estarias ali fechado, numa escuridão total onde nenhum ponto de luz conseguia entrar. Frio quando te toquei, estavas sujo por fora e muito por dentro. O teu fundo era preto, em camadas. Tinhas companhia, naquela prisão estava outro aparentemente igual. Seria? Do lado de fora tens gravada uma data, numa letra pequena e tombada. 21-4-935. Data que a mim nada me diz. E o outro, teria a mesma gravação? Não olhei, imagino que não, qual de vós seria o mais velho? Fiz mal em trazer-te? Não, tu não sentes nada. Eu sim, eu vou-te sentir nos meus lábios, algumas vezes por dia. Mas antes ficarás todo limpo, brilhante mas continuarás duro e frio como és. Mas como o metal é bom condutor quando estiveres cheio de água quente também tu terás outro calor que eu sentirei. 21-4-935, que terá acontecido nessa data? Nunca irei saber. Talvez amanhã ou depois, recuperado devesse gravar a data de agora, em que vais voltar a ter uso. Vou tratar de ti que no fundo é também tratar de mim, durante umas boas horas.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Com poema de Herberto Helder

 

268º dia do recomeço do blog

Estamos a ficar doentes. Os horizontes curtos que a pandemia permite estão a bloquear a nossa criatividade e a limitar o pensamento. Quando há dois dias escrevi sobre o estar "covitada", estou mesmo. Tudo o que é de novo, parece que não aprendo, não me lembro, esqueço, confundo. Quase me admiro como é possível que há pouco mais de ano e meio eu trabalhava, tentava resolver os problemas dos outros, pensando, escrevendo sobre eles, apresentando em público, sabendo discutir. Mexer nos materiais com que brinco, criar objectos de adorno, desenhar. Tudo parou. Ficou e de forma quase obsessiva a leitura da prosa, que por contínua faz com que me admire por serem 18h ou outras mais tardias. Elas passaram sem dar por isso. A leitura que faço enrola-me, adormece-me e quando acordo tenho consciência que não dormi, mais como se tivesse estado num estado de alheamento.  Acordo por vezes para uma actividade esporádica. Gostava de dizer que amanhã será diferente, um dia novo, mas será?

"Eles estão a morrer de todas as maneiras 

mas diga-me: não há apenas uma só maneira:

a maneira cega?"

Herberto Helder


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

São bestas, senhores, são bestas!

 

267º dia do recomeço do blog

Um cidadão ucraniano veio de avião para Portugal. No aeroporto é morto à pancada por inspectores do SEF. Maltratado e deixado a morrer num sofrimento de horas. 

Já tinham morrido dois aspirantes a militares em treinos de recruta. Maltratados pelos formadores militares, desumanamente,  desidratados, tardiamente levados para o hospital. Vem-se agora a saber que em cursos anteriores aconteceram episódios semelhantes, sem mortes mas com jovens homens a ficarem dependentes de hemodiálise. 

Foram vários os inspectores do SEF que assistiram, souberam e nada fizeram. 

Foram vários os instrutores militares que assistiram, participaram ou silenciaram.

São bestas, senhores, são bestas! 

Oxalá seja feita justiça. Os pides salvaram-se, somos um país de brandos costumes. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Uma cabeça covitada-19

 

267º dia do recomeço do blog

Ontem passou na televisão o filme "O Labirinto da Saudade", sobre a obra e pessoa de Eduardo Lourenço falecido esta semana, conforme aqui disse a 2 de Dezembro.

Nunca tinha visto o filme que achei muito interessante. Várias pessoas da cultura portuguesa com excepção do Gregório Dudivir (brasileiro) falam com ele e perguntam-lhe alguma coisa sobre a qual ele discorre o seu pensamento. Ele vai andando pelas salas de um edifício lindo, como se andasse pelo seu pensamento multifacetado ou as salas da vida, onde em cada uma está uma dessas pessoas. É bonito o filme, na imagem e música e pelo discurso dele.

Um dos que lhe perguntam a opinião é Siza Vieira, sempre de cigarro na boca, sobre a morte, o que será. E deu a sua própria opinião, ele que fazia obras de arquitectura, tem filhos, a vida terá uma continuidade que fica. Ao que ele retorquiu que Hiroxima em poucos minutos foi destruída, já ninguém sabe quem tinha construído mas todos sabem quem a destruiu. De facto neste exemplo é verdade mas não será uma resposta um pouco agressiva, ou destrutiva? Ou para nos pôr a pensar? Não é por acaso que a fixei.

É um filme de 2018. E hoje quis de revê-lo. Porque...imaginem que ouvi falar na Covid, o que me pareceu impossível porque ainda não existia nessa altura. Daí que hoje fui revê-lo. Claro que ninguém falou, a minha cabeça é que está covitada!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Filas, filas e mais filas.

 

266º dia do recomeço do blog

O Presidente Macron aligeirou as medidas em França. Confirmado nos vídeos e fotografias, imensa gente na rua e nas lojas. Aumentou o número de infectados, de internados e de mortos. 

Hoje fui ao Colombo, Centro Comercial em Lisboa, que fica logo ali na esquina. Quando me aproximei vi uma enorme fila para entrar. Mesmo assim e  com as regras adequadas lá me pus. Na minha frente uma pessoa queria entrar à frente porque tinha o carro na garagem e estava a pagar. Furiosa desistiu. Eu esperei pouco. Mas não consegui fazer nada do que me levava lá. Matava-se gente. Tudo tinha enormes filas, para as livrarias, supermercado e cápsulas de café. Não fiquei em nenhuma, voltei as costas e saí.

Está toda a gente a querer fazer como fazia, prendas, prendinhas, jantares e almoços comme il faut nos dias festivos.

Mas será que esta "liberdade" não vai agravar a situação da pandemia?

Suponho que a partir das 13h ou 15h, já ando baralhada, já estariam todos em direcção às suas casas. Eu fui logo para a minha, onde não há filas.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Vizinhos que deixam um vazio por aqui

 

265º dia do recomeço do blog


Não os conhecia profundamente mas gostava deles. Quando vieram morar para o apartamento mesmo à minha frente resolvi apresentar-me como Magda, a vossa vizinha aqui da frente, sejam bem vindos. E responderam com uma enorme simpatia. Ele brasileiro, ela argentina, e uma criança pequena que mal sabia andar e aprendeu o meu nome.

Muito educados e discretos, havia semanas que não nos cruzávamos mas às vezes ouvia-os sair e chegar, tal como eles a mim.

Usavam a bicicleta como meio de transporte e só às vezes alugavam um carro. Muito cuidadosos com a alimentação, seriam vegans ou vegetarianos, não perguntei mas quando um dia quis dar uma bolacha à filha o pai ficou aflito até eu lhe mostrar que era produto biológico.

Um dia dei à miúda uns livros de histórias dos meus filhos. Eram do Babar, pai de uma família de elefantes, tal como os humanos. Livros que deixei de ver à venda. A mãe disse-me que ela tinha gostado muito. E eram giros, de facto.



Um destes dias percebi pelas caixas e malas que iam embora. E foi quando percebi que, quase sem contacto, era aconchegante tê-los aqui.

Mudaram para uma pequena aldeia onde compraram uma casinha com jardim. Escola e praia perto. Lisboa fica a menos de uma centena de quilómetros e tem autoestrada. E com o teletrabalho estas situações ficam mais fáceis.

Ontem e hoje já não ouvi as correrias da criança, a sua vozinha agora com três anos.

Gosto que tenham ido procurar um sítio onde se sintam melhor. Mas eu fiquei triste.  

sábado, 5 de dezembro de 2020

Desigualdades.

 

264º dia do recomeço do blog


Há uns 50 anos ou mais não havia serviços de psiquiatria distribuídos por Portugal. Eram os médicos do Instituto de Assistência Psiquiátrica que iam fazer consultas a várias capitais de distrito. 

Tanto quanto sei as brigadas eram fixas, na constituição e nas cidades.

Um dia um dos médicos ficou doente e a minha Mãe foi substituí-lo e vários doentes nomearam-lhe o "seu marido na última consulta".

Nunca tinham visto uma mulher médica nem lhes passava isso pela cabeça.

A desvalorização da mulher face ao homem continua meio século depois. 

Não consigo contar este episódio sem sorrir, apesar do que manifesta é de uma enorme confiança no outro.

Hoje uma amiga minha contou a este propósito e furiosa, que um programa de rádio terá entrevistado a mãe dela e um homem, estrangeiros residentes em Portugal, como pessoas que se destacaram. A mãe dela é  diplomata. Apareceu como casada com um português há 40 anos, mãe e avó. Quanto ao homem, foi apresentado com os graus académicos. Iguais aos dela mas não referidos.

É assim e estamos na Europa. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Conheci-te só uns dias depois.

 

263º dia do recomeço do blog


Faz hoje 11 anos que estávamos com um surto gripal, causada pelo vírus Influenza. Nada de espantar nos meses de inverno. Havia e há vacina que imuniza por um ano. 

Eu dei pelo surto, não por ter ficado doente mas porque o hospital onde o meu neto mais novo nasceu não permitia visitas na maternidade. Só o vimos no dia da alta, ansiosamente esperando-te no hall a caminho do carro e da tua casa. Eras lindo!

Parabéns meu neto, adorei estar hoje contigo, almoçámos juntos, o hamburger que escolhemos a teu pedido estava óptimo. E tu és um querido!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Reentrar na vida

 

262º dia do recomeço do blog

Sou a favor da vacinação. Fiz todas o que havia nos anos 50, tendo vindo algumas do estrangeiro. Dei todas aos meus filhos, excepto a 2a dose da vacina contra a hepatite quando foi provado não ser necessária e até com contra indicações.

Levo todos os anos a vacina da gripe. Trabalhava num hospital com crianças e era conveniente. Aposentada continuo a levar. 

As vacinas levam anos a ser fabricadas e estudadas. Estudar os efeitos positivos e negativos, estes a longo prazo. As vacinas contra a covid-19 foram feitas em menos de um ano e esse é o prazo máximo em que podem ter sido experimentadas. E os efeitos a longo prazo? Esses não sabemos.

Pela 1ª vez tenho uma enorme dúvida quanto a levar. Serei da 2ª leva, se percebi bem, mais de 65 anos e sem doenças conhecidas. 

Não podemos continuar com esta vida semi parada. Precisamos de a retomar. A vacinação é um passo importante para isso. 

“Hoje podemos estar uma vida inteira a ver cinema, televisão ou um ecrã e morrer sem ter entrado na vida.” Eduardo Lourenço.