sábado, 31 de outubro de 2020

E viva o velho!

 

231º dia do recomeço do blog


Hoje em conversa com uma amiga apareceu esta expressão "E viva o velho!"

Expressão antiga, era a minha avó que a dizia. Nunca ouvi a minha Mãe dizer e eu também não a uso.

Aconteceu porque fui almoçar fora com uma amiga. A ideia era ir a um restaurante que abriu em Lisboa  mas enganei-me na morada e acabámos noutro. Comemos um prego no prato muito saboroso e a bom preço. 

Chegada a casa fui ver na internet a morada certa e tinha lá o menu que encaminhei para a minha amiga. Era caríssimo! O "viva o velho" que foi dito nesta sequência foi uma expressão de satisfação mas também de possibilidade. Nada mau termos ido ao prego. O outro só se for num dia de festa. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

As crianças criativas

 

230º dia do recomeço do blog


Ouvida num supermercado:

Criança de uns 4 anos pega num brócolo e diz:

"Olha, olha Pai, uma árvore pequenina!"

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Abriu a caça aos dióspiros vermelhos

 

229º dia do recomeço do blog


Será uma fruta da maturidade? 

As natas do leite, aquela ranhosa mais espessa, a maioria das crianças não gostam dela. A parte interior e  gelatinosa dos dióspiros vermelhos também.  

Aspecto de tomate coração, deve comprar-se quase a desfazer e transportar numa caixinha dura para não ficarem em papa.

E desde há uns anos, deixou de me incomodar o seu interior e mais, passei a adorar.

Agora pra mim é uma delícia.



Apareceram entretanto uns cor de laranja, espessos e de comer à fatia mas esses não lhe acho graça nenhuma. Chamam-lhe dióspiros maçã.

As folhas dos diospireiros caem das árvores e os frutos mantém-se. É espectacular. Vi vários, enormes, altos e esguios lá para o Minho.

Porque duram uns dois meses há que aproveitar! Já comi um ao pequeno almoço. Tão bom!

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A propósito de burros

 

228º dia do recomeço do blog


Fiz equitação em pequena, mas isso é história com cavalos. A que vou contar tem a ver com burros. 

Não é do meu tempo mas da juventude da minha Mãe e do meu Tio. Os meus avós tinham um quintal separado da casa mas na mesma terra. Numa parte mais alta tinha uma casa velha, e o jardim ficava num nível mais baixo. 

Não sei que utilidade terá tido o Quintal de S. João, excepto das histórias que ouvi. Festas, Santos Populares e outras. Serviu também para guardar um burro, parece que mais do que um. Os burros há 80 anos seriam as máquinas de trabalho e também da mobilidade, as bicicletas de hoje. 

Nas férias grandes o meu avô queria organizar burricadas para os filhos e os amigos deles.

Terá sido ele a comprá-los mas de burros ele não percebia nada e foi facilmente enganado pelos ciganos que os vendiam.

Ouvi falar do burro selvagem que só não deu coices junto do antigo dono. Na mão dos novos donos era um perigo. Outro que devia ter uma deficiência grave da visão, pelo que era quase cego. Tinha de ser puxado à mão para não bater nas paredes, coitado. E outros. Estes duraram pouco tempo na mão dos meus avós, que até viviam em Lisboa e isso era passatempo de verão.

Eu tenho uma enorme ternura pelos burros. Associo à leitura do Cadichon, Memórias De Um Burro escrito pela Condessa de Ségur. Um livro de capa dura azul clara que ainda deve existir na arrecadação. Cadichon, um burro muito humanizado que um dia se revolta contra os maus tratos dos donos. No entanto é bom e tem atitudes de gente responsável em certas situações. E, com uma certa moral de um livro escrito no século XIX 1860, acaba por dar lições aos humanos.

"Publicado pela primeira vez em 1860, este livro conta as aventuras de Cadichon, um burro sábio que escreve suas memórias. Por causa de sua esperteza e inteligência, ele acaba ensinando muito aos humanos e mostrando a importância de refletir sobre as próprias ações, de se arrepender e procurar corrigir os erros cometidos. E, sobretudo, de tratar bem os animais, de amá-los, respeitá-los, pois são grandes amigos nossos. Cadichon viveu num tempo em que a vida era completamente diferente da que levamos hoje e pertenceu a diversos donos. Com cada um, teve um tipo de vida: ora triste e sacrificada, ora feliz, tranquila, ora muito, muito engraçada e aventurosa... Uma vida cheia de movimento, de perigos e armadilhas, de dificuldades e também de alegrias e de aprendizados, que fez do simpático burrinho um herói – às vezes, desastrado, mas herói...".

E depois há tantos burros com que nos cruzamos na vida.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Há cortes bons e cortes maus

 

227º dia do recomeço do blog

Não gosto de ir ao cabeleireiro, mas reconheço que um bom corte faz o cabelo. Por isso, de 2/2 meses ou mesmo três lá vou eu. Uma excelente profissional proprietária de vários aqui em Lisboa. Vários...eram, agora serão dois. Até quando, interrogava-se hoje ela.

Estranhei quase nunca ver lá clientes. Fiquei a saber que a "maioria delas têm grandes quintas, casas ótimas fora da cidade e foram para lá quando começou a pandemia. Nunca mais vieram a Lisboa, os filhos não deixam". 

Hoje vi vários homens. Lavavam a cabeça ali perto de mim e subiam umas escadas em que eu nunca tinha reparado. E foi então que me explicaram.

Um grande hotel aqui de Lisboa,  grande em altura e em estrelas, tem um salão de cabeleireiro também da mesma. Na altura do confinamento quase fechou, ficou em layoff (não entendo porque empresas multinacionais com possibilidade de suportar os danos recebem do estado subsídios pagos por todos nós) e ainda está quase vazio, só dois andares funcionam. Estes clientes que eu hoje vi costumavam ir ao hotel cortar o cabelo com a barbeira, que também lá estava. Agora mudaram para a sede. Mais um salão a ir abaixo.

A internet tem destas coisas boas, de clicar e poder ver. Curiosa, fui "visitar" o hotel. Perante as imagens, lembrei-me do tempo das vacas gordas, quando os laboratórios nos convidavam para participar em congressos no estrangeiro. Na altura eram hotéis como aqueles, lembro-me de um em Berlim em que o quarto era quase maior que a minha casa, tudo bonito, espaçoso, salas e espaços livres bem arranjados; Em Istambul, um de uma cadeia internacional muito conhecida, tinha lá do alto onde ele estava construído, tinha jardins lindos, que desciam até ao Bósforo.

Nem fui das que mais beneficiou destas viagens mas sei que durante aqueles dias muita gente se sentia princesa.

É possível que muitas destas empresas não se aguentem. E os mais pequenos? Tenho visto como tantos se têm adaptado, mudado funções, acrescentando mordomias, mercearias e pequenos supermercados que passaram a levar as coisas a casa, o Expresso é entregue à porta, restaurantes que passaram a take away. Aqui no meu bairro nada fechou as portas.

Isto tudo por causa da covid-19. E ainda há bestas que se revoltam com medidas para evitar a transmissão! 

Viva a máscara, a distância social e a higiene! Abaixo a irresponsabilidade individual! Isto tem de acabar! 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Fazer nada pode ser muito

 

226º dia do recomeço do blog


Não ouvi nem vi noticiários durante o dia. Ouvi música e li. Liguei a televisão pouco antes das 20h30, enganada pela programação que dizia ser uma nova série da Cândice Renoir. Não era, já tinha visto aquele episódio mas fiquei e gostei de rever. Daí mudei de canal e vi O Voice de Portugal, que ainda não acabou. 

Estes concursos de descoberta de cantores mostram que há uma imensidade de gente com muita categoria. Mas pergunto-me sempre e com pena o que será da vida deles. A vida de artista é tão frágil, insegura, instável, haverá lugar para todos? Ali alguns com as mulheres e os filhos a assistirem, ainda há pouco um contou que deixou o trabalho há pouco tempo para se dedicar à vida artística. Que tenham sorte!

Fui então sabendo as novidades do dia por um ou outro post do FB. Verdadeiramente não sei o que se passou. Amanhã recupero mas estive livre das notícias da pandemia. Pela minha parte como estive todo o fim de semana em casa cumpri completamente os cuidados de protecção.

E amanhã a que horas acordarei? Um bocadinho mais tarde do que ontem, por favor.

domingo, 25 de outubro de 2020

Acordar às 7h, desculpem, às 6h.

 

225º dia do recomeço do blog



Acordei. Li as 7 horas no despertador sem alarme ligado. Ligo o tablet e confirmo que a hora mudou e são 6 horas.

O meu relógio matinal fez-me ir tomar o pequeno almoço e regressar à cama onde estive a ler, entre o livro que tenho em mãos, Cinza e Poeiras, um policial islandês e o Público que recebo on line.

A escritora do livro chama-se Yrsa Siguardardottir. Até há pouco tempo seria um nome difícil de ler mas desde que aprendi que na Islândia o Dottir que faz a terminação dos apelidos quer dizer filho de, só tenho de decorar parte do nome e juntar-lhe a terminação. Aliás como Rabinovitch será filho de Rabinov, na Rússia e por cá há muitos anos Henriques seria filho de Henrique.

Voltando à mudança de hora, com o atraso da mesma o inverno já de si escuro, chuvoso, ficará ainda mais escuro. O fim do dia anoitece mais cedo. Alguma vantagem? Talvez, sabe ainda melhor o recolher, o dedicar-se a actividades diferentes, há muito quem leia mais, que faça mais material que vou chamar de artesanato, malha de lã, fazer compotas, trabalhar objectos de joalharia, moldar barro etc.

E sobretudo pensar como será bom quando a hora voltar a avançar!

sábado, 24 de outubro de 2020

Vinicius de Moraes - Dia da Criação (Porque Hoje é Sábado)

Porque hoje é sábado

 

225º dia do recomeço do blog


Dia da Criação

Hoje é sábado, amanhã é domingo

A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu
na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos
meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão
repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

Ii

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há um tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Quem te avisa teu amigo é

 


224º dia do recomeço do blog


Conselho antigo de Trás-os-Montes, ouvido hoje.


Leitão de mês
Cabrito de três
Mulher de 18
Homem de 23

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

carne da matança do porco e canja de galinha

 

223º dia do recomeço do blog

Já há anos fui convidada para assistir à matança do porco. Aliás fui várias vezes convidada e em terras diferentes. Nunca achei muita graça mas aproveitei para ver ao vivo. E descobrir diferenças, não no porco mas na festa gastronómica que se lhe seguia.

Nem a matança nem as comidas frescas de porco acabado de matar me agradaram. Sangue cozido, fígado frito em "entretinho" como diziam, que penso ser a parte de gordura externa do estômago e outras iguarias que deliciavam os presentes.

Mas uma dessas matanças foi numa casa de uma aldeia ribatejana. A piada é que a festa, de facto era para os homens. Matar, desmanchar o bicho era um homem contratado para o efeito. Os pedaços de carne foram entregues às mulheres, que estavam na cozinha e iam cozinhando. Eles estavam numa sala que não era habitualmente de jantar, com pão, vinho, nozes e figos secos e aguardando que uma mulher lhes fosse levando as comidas conforme acabassem de ser feitas. Não ficavam lá, entregavam e voltavam para a cozinha.

Acabado o repasto das carnes do porco não faltou o arroz doce, amarelo e seco como é uso naquela terra.

Para as mulheres, apesar do trabalho, aquilo também era uma festa. Viam como natural não estarem na sala com os maridos, os irmãos, os filhos porque era tudo da mesma família.

Durante este tempo esteve ao lume uma panela com uma galinha a cozer. Depois deitaram-lhe a massinha.

Canja foi a comida de mulheres, o almoço na cozinha. E que boa que estava!

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O javali do "Palito"

 

222º dia do recomeço do blog

Calhou ligar o telejornal para a SIC, já ia adiantado e  começo a ouvir falar do "Palito", um homem que  assassinou a mulher e outra familiar e que depois andou fugido imenso tempo. Era de Trevões, uma aldeia pertencente a S. João da Pesqueira, distrito de Viseu. Fiquei admirada, não entendi a razão porque isso já se passou há uns anos e o homem continua dentro de grades. 

Ora há uns 2 anos passei uns dias lá em casa de uma amiga. Todos os dias passeávamos, os arredores são lindos, falávamos, e íamos para uma praia fluvial de uma barragem a uns poucos quilómetros de distância.

Se não fosse esta praia com pinheiro quase até à água não sei como teríamos suportado os 50ºC que de tarde ali estavam.

Um dia decidiram que o jantar seria uma perna de javali, congelada há 1 ano ou mais. Seria feito num forno solar. Foi giro ver como se fazia, 7 horas a cozinhar ao sol, o tacho próprio cheio de temperos e vinho. Com batatas cozidas e uma salada foi um óptimo jantar!

Fiquei na altura a saber que o naco de carne delicioso que eu estava a comer tinha sido caçado pelo "Palito". 


terça-feira, 20 de outubro de 2020

O souflê ou como o micro ondas não veio contribuir para a economia doméstica.

 

221º dia do recomeço do blog

Comia-se muito bem em casa dos meus Pais e dos meus Avós. Nenhuma sobra se perdia, tudo era transformado num novo prato que servia de refeição no dia seguinte.

Os micro ondas vieram alterar esta economia doméstica. O que daria para transformar e 4 comerem, é agora comido por uma só pessoa que o aquece em poucos minutos.

Desde que saí de casa dos meus Pais, há muitas décadas, nunca mais tinha comido um souflê, umas dessas comidas de aproveitamento.

Tinha o pirex próprio que veio de casa da minha Mãe, uma cabeça com um pouco de pescoço de pescada que sobrou do que desde sábado tem sido o meu almoço e meti mãos à obra.

Não vou pôr a receita porque se pode ver na internet.

Éramos 3 à mesa. O truque é colocar na mesa mal estiveja pronto e assim foi. Subiu tanto que quase tocou na parte de cima do forno e veio alto e bonito para a mesa. Sobrou, agora sim o micro ondas vai trabalhar.

Comida "fina", francesa, mas há coisas muito mais saborosas. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 

220º dia do recomeço do blog


- Há pouco telefonei ao empreiteiro. Disse-me que só tinha chovido de tarde mas que de manhã tinham "arrematado" o telhado. Espero que seja ter feito o remate. E que amanhã ia para lá fazer outras coisas e veriam se caiu alguma água. Que fazer senão ter esperança que acabe e bem. Mas ainda falta muito...

- Falei de uma exposição de um colega meu no sábado. 

Ricardo Laires, médico e especialista em oftalmologia, decidiu como eu fiz, aposentado dedicado a outra arte, no caso dele a pintura.

Esta exposição chama-se Memórias Sobrepostas e gostei dos seus quadros de técnica mista sobre tela. 

Está na Xuventude de Galícia, Centro Galego de Lisboa.

Escreveu "No meu tipo de pintura não há esboço. O meu acto criativo é a antítese do trabalho cerebral. De tal maneira que chego a ser surpreendido com o meu próprio trabalho. É durante esse processo que surgem as ideias. A musa quando aparece é no acto da criação, não antes" (...)

Como te compreendo Ricardo, também começo frequentemente na minha arte, joalharia, sem saber o que vou fazer. Vai aparecendo, crescendo até eu achar que tem a forma certa e que eu gosto.

domingo, 18 de outubro de 2020

Tempestade Bárbara


219º dia do recomeço do blog 



Desde Junho que combinei com o empreiteiro as obras da casa de aldeia. Eu queria para Agosto e ele não disse que não. Telefonemas, conversas, sempre a sossegar-me, que aguardava as telhas, era já na 2ª  ou na 6ª f, passava a semana e seria na próxima, bem vê as telhas vêm de Espanha, há o transporte, se não encherem não partem, blá, blá e blá.

Passou Agosto, Setembro e parte de Outubro.

Foi só na semana passada que começou a mudar o telhado. A casa não tem placa, são tectos de madeira, antigos e trabalhados através do encanastrado em várias direcções das tábuas de madeira. 

Vêm aí a tempestade Bárbara, com chuvas intensas e vento forte. O que irá se passar com parte da casa? 

Estou nervosa, zangada, ansiosa. Conseguirei dormir?

sábado, 17 de outubro de 2020

Recantos a redescobrir em Lisboa

 

218º dia do recomeço do blog


Uma exposição de pintura de um colega meu levou-me para uma zona de Lisboa muito bonita, o Torel.

Já que estava ali aproveitei para dar uma voltinha. Tem ruas com palácios muito bonitos. Azar meu, comecei pelo Jardim do Torel onde os grupos em confraternização sem distanciamento eram mais que as mães e além de mim só vi uma pessoa de máscara.

Perdi a vontade de continuar a passear.

Dirigi-me para o carro e ao passar no Jardim Braancamp Freire (Campo Santana/ Campo Mártires da Pátria) vi uma árvore linda. Num semáforo vermelho foi pela janela que a fotografei.


A curiosidade fez-me andar pelo google a tentar descobrir que árvore é, depois de ler as espécies existentes naquele espaço. Julgo ser uma C. cunninghamiana é um mesofanerófito (...) As flores agrupam-se em inflorescências racemosas contendo apenas flores de um único sexo. As flores masculinas são castanho-avermelhadas e as flores femininas avermelhadas (...)

O meu gosto por paisagens e árvores tem-me nascido com a idade. Velhice pela certa.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Formas de expressões de doentes na consulta

 

217º dia do recomeço do blog


Recebi hoje um mail com frases ditas por doentes que um colega aposentado terá compilado. 

Copio para aqui o que se segue. 

"Os aparelhos genital e urinário são objecto de queixas sui generis:

 

  1. "Venho aqui mostrar a parreca".
  2. "A minha pardalona está a mudar de cor".
  3. "Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas".
  4. "Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza".
  5. "Fazem aqui o Papa Micau ( Papanicolau )?"
  6. "Quantos filhos teve?" - pergunta o médico. "Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três".
  7. "Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma foda mal dada".
  8. "Tenho de ser operado ao stick . Já fui operado aos estículos". "Quando estou de pau feito... a pila verga".
  9. "O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã". "
Também ouvi bastantes formulações destas, que nos fazem sorrir ou até dar uma pequena gargalhada.
Mas não em todas. Não consegui esquecer a senhora que foi à minha consulta queixar-se da "PORTA DE SERVENTIA E DE SERVIDÃO". É dramático o que isto representa. A relação com o companheiro, marido na certa, o desprazer sexual, obrigada seguramente aos desejos do marido que certamente não atentava o lado da sua companheira.

Isto passou-se na Beira Alta em 1980. Não tenho a certeza se em certos meios e tipo de relações estas situações se mantenham. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 

216º dia do recomeço do blog


Fui a Minde ver das obras. O telhado, oxalá não chova, ficará pronto para a semana. 

A minha memória é uma p@rr@! Chegou o carpinteiro que me fez as janelas há mais de 20 anos, janelas com "evita cusca das vizinhas", uma parte que me deixa ver mas ninguém consegue ver para dentro. E a porta principal e o portão ribatejano. E mais umas coisas que ele me lembrou...porque eu não me lembro.

Perguntou-me pelo Fernando, Moura, enfim oficiais da Marinha de Guerra, hoje todos reformados. Sabia o meu nome completo com os apelidos e tudo. E eu a pouco e pouco fui relembrando o porquê de ele saber tanta coisa.

Entre as 12h e as 20h fiz 240 kms e fora o tempo da condução estive sempre a pé. Noutros anos, uns 5 anos atrás, isto não me custava nada. Mas agora, logo a seguir ao jantar, caí num sono profundo.

É nestas coisas que me custa envelhecer. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Cobertor pequeno ou tapa os pés ou o pescoço

 

215º dia do recomeço do blog

Hoje estive pouco atenta às notícias. Fiquei a saber agora que hoje foi o dia em que houve mais pessoas com teste positivo para a Covid-19.

Li agora algumas medidas que o 1º Ministro anunciou que vai apresentar ao parlamento para tornar obrigatórias.

Algumas concordo, como por exemplo o uso obrigatório da máscara mesmo em lugar ao ar livre. Eu já faço isso. Saio de casa com ela posta até porque a seguir tenho o elevador.

Mas depois penso, como se pode dizer isso a um pastor que está com as suas ovelhas na serra? Mas se for em locais com mais pessoas, isso fica ao critério de cada um.

Depois vi também que quer tornar obrigatória a instalação e uso da aplicação Stayaway covid. Bom esta então não sei como isso será possível. Vão oferecer um telemóvel compatível com ela?

Médica durante 40 anos no Serviço Nacional de Saúde sei bem como o apanhei numa boa fase e como ele se foi degradando. Técnicos de formação diferente e que completavam o trabalho terapêutico de qualidade e que se reformavam, o seu lugar era encerrado não havendo substituição. 

O que quero dizer é que se bem que nenhum país estivesse preparado para uma pandemia, o nosso SNS já estava insuficiente antes dela. Com muita pena minha que sou defensor deste sistema de saúde tendencialmente gratuito e para todos.

Vamos ver como se vai controlar este aumento de casos. O SNS vai aguentar tratar de todos?

terça-feira, 13 de outubro de 2020

«o lixo de um pode ser o tesouro de outro». Bordalo II

 

214º dia do recomeço do blog

O Parque das Nações é uma zona de Lisboa que não sendo longe de minha casa pouco frequento. E é muito bonita, junto ao Rio Tejo, Ponte Vasco da Gama ao lado, a outra margem com as suas terras. Cuidada, jardins, vulcões com explosão de água e muitos equipamentos pelos quais hoje só passei.

Hoje fui à dentista, que se situa lá e aproveitei do dia de sol e céu azul para passear.

Junto ao Pavilhão de Portugal, mal empregado edifício do arquitecto Sisa Vieira, com uma pala fantástica, está esta escultura do Bordalo II. É toda feita de bocados de peças de materiais diversos, melhor dizendo, de lixo. Começou por grafites com restos o que os transformava em tridimensionais e depois passou também a esculpir.

Sendo uma obra crítica da sociedade de consumo, é no entanto muito alegre e bonita. Está intacta.
Perto de minha casa há uma numa parede já bastante destruída. Nem toda as pessoas sabem respeitar e até apreciar esta arte moderna.

A "pedra" que com a broca foi retirada dos meus dentes, essa é que não serve para nada. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 

213º dia do recomeço do blog


Depois de um fim-de-semana em casa, almocei com dois amigos numa esplanada, ar livre e o rio Tejo ao pé.

Há que aproveitar antes do frio e da chuva.





domingo, 11 de outubro de 2020

 

212º dia do recomeço do blog


Não escrever nada às vezes acontece. 

sábado, 10 de outubro de 2020

 

211º dia do recomeço do blog


Ter filhos é isto e muito mais.

Este fim de semana ficou aqui em casa o cão de um deles.














É um querido, meigo, sossegado. Faz companhia, sem dúvida. Mas altera algumas coisas da nossa rotina, tais como o ir à rua. Levei-o três vezes, passeios pequenos, 15 a 20 minutos. Mas tinha de ir, é uma obrigação. 

Um fim-de-semana não custa nada, pelo contrário, dá prazer. Mas não me vejo com um cão permanentemente.

Quando for muito mais velhinha, sem a mobilidade que hoje tenho, passeios, estadias noutros lugares, e ficar sobretudo em casa, isso sim vejo-me com um gato.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

210º dia do recomeço do blog


Prémio Nobel da Literatura 2020

Apesar de não conhecer nada da sua obra, descobri este poema no meu exemplar de "Rosa do Mundo, 2001 Poemas Para O Futuro", quase no fim do livro.


O PODER DE CIRCE

 

Nunca transformei ninguém em porco.

Algumas pessoas são porcos; faço-os

parecerem-se a porcos.

 

Estou farta do vosso mundo

que permite que o exterior disfarce o interior.

 

Os teus homens não eram maus;

uma vida indisciplinada

fez-lhes isso. Como porcos,

 

sob o meu cuidado

e das minhas ajudantes,

tornaram-se mais dóceis.

 

Depois reverti o encanto,

mostrando-te a minha boa vontade

e o meu poder. Eu vi

 

que poderíamos ser aqui felizes,

como são os homens e as mulheres

de exigências simples. Ao mesmo tempo,

 

previ a tua partida,

os teus homens, com a minha ajuda, sujeitando

o mar ruidoso e sobressaltado. Pensas

 

que algumas lágrimas me perturbam? Meu amigo,

toda a feiticeira tem

um coração pragmático; ninguém

 

vê o essencial que não possa

enfrentar os limites. Se apenas te quisesse ter

 

podia ter-te aprisionado.

 

Louise Glück (n. 1943)

Trad. José Alberto Oliveira

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O cão nadador

 

209º dia do recomeço do blog


Sentada junto ao mar vi-os chegar. Um dia de sol, lindo, calor razoável, um bom dia típico de uma praia do Oeste. Era um casal jovem vestidos de fatos de borracha, sem prancha. Pela trela vinha um cão também preto, grande e magro, não sei se de raça.

Descem as rochas e aproximam-se da água. Uma mini praia e rochas. Os três saltam da rocha e mergulham. O cão, largada a trela está por sua conta. O casal nada, pára, nadam em direcção diferente, e, porque têm um fato protector, estão imenso tempo dentro de água. Uma hora ou um pouco menos.

O que me espantou foi o cão, que nadou permanentemente ora para um dos donos, ora para o outro e até a escolher o seu próprio caminho.

A certa altura um dos donos agarra o cão e sobe a rocha com o cão ao colo. E o cão...foge do dono e mergulha para continuar o seu banho.

Um cão nadador! 





quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Dor de cabeça

 

208º dia do recomeço do blog


Uma dor de cabeça como a que tenho agora impede-me de pensar. Socorro-me de Bernardo Soares.


Bernardo Soares

Doem-me a cabeça e o universo.

Doem-me a cabeça e o universo. As dores físicas mais nitidamente dores que as morais, desenvolvem, por um reflexo no espírito, tragédias incontidas nelas. Trazem uma impaciência de tudo que, como é de tudo, não exclui nenhuma das estrelas.

(...)

Dói-me a cabeça hoje, e é talvez do estômago que me dói. Mas a dor, uma vez sugerida do estômago à cabeça, vai interromper as meditações que tenho por detrás de ter cérebro. Quem me tapa os olhos não me cega, porém impede-me de ver. E assim agora, porque me dói a cabeça, acho sem valia nem nobreza o espectáculo, neste momento monótono e absurdo, do que aí fora mal quero ver como mundo. Dói-me a cabeça, e isto quer dizer que tenho consciência de uma ofensa que a matéria me faz, e que, porque como todas as ofensas, me indigna, me predispõe para estar mal com toda a gente, incluindo a que está próxima porém me não ofendeu.

(...)

terça-feira, 6 de outubro de 2020

A casa-concha

 

207º dia do recomeço do blog


Cheguei de novo à minha casa de Lisboa depois de 15 dias fora. E que saudades que eu tinha das minhas paredes, dos sofás, de tudo. Acontece-me isto sempre que me afasto uns dias. 

Quando eu era miúda, as férias eram muito grandes, de meados ou fim de Junho, não tenho a certeza, até 7 de Outubro. Felizmente eram variadas, praia, campo, viagens com os meus Pais às vezes ao estrangeiro. Mas a certa altura começava a ter saudades do meu quarto, dos meus brinquedos e da escola, colegas e amigos.

O que me aconteceu hoje, acontecia naqueles tempos. Ia a correr para o quarto passar em revista os meus objectos, brinquedos e outros. E ali ficava uns tempos a brincar. Eram tão importantes no meu mundo!

Continuo igual, não brinquei mas deliciei-me a olhar a  minha pequena concha!

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Menus diferentes

 

206º dia do recomeço do blog

Um filho de uns amigos meus faz anos a 5 de Outubro. Vive em Londres e calhou eu estar lá de passagem. Por gentileza juntou-me ao grupo da família e convidou-me para o almoço.

Julgo que já há anos pus aqui o que foi o menu mas vou repetir. Foi no Maze - Gordon Ramsay, na altura 1 estrela Michelin.

Foi uma escolha de 4 pratos
1 - Swede and truffle honey velouté, braised rabbit, cep purée
2 - Marinated fois gras and partridge terrine, ginger, rhubarb, girolle salad
3 - Braised rib of Casterbridge beef, root vegetable purée, horsaradish mash
4 - Sweetcorn vanilla panna cotta, salted and popcorn, popcorn sherbet.

O 1º, uma sopinha de coelho estava sensacional.
o 3º, um cubo de carne excelentemente cozinhado como o boeuf bourguignonne e o puré de rabanetes estavam óptimos.

Hoje, 5 de Outubro, para festejar o dia fui à Ilha de Faro almoçar. Numa esplanada virada para o rio, que com o Covid-19 é o indicado. Vista muito bonita.




O almoço foi:

1 - Pão, azeitonas e queijo seco delicioso.

2 - 10 rissóis de camarão acabados de fritar. Muito bons.

3 - Arroz de lingueirão, muito rico de bichos bem macios. Com a simplicidade de tempero e o gosto do mar a sobressair.

4 - Café Delta, o meu preferido.

Vinho branco, fresco, de caneca.

Preço decentíssimo! Hei-de voltar. Ah, não é dos mais conhecidos, a surpresa ainda foi  maior.

domingo, 4 de outubro de 2020

Livro, filme e música


205º dia do recomeço do blog


Estou a acabar o livro A Falsa Pista, onde Henning Mankell escreve com maestria uma inquietação que nos acompanha todo o tempo, enquanto trata do tráfico sexual dos países da América Latina via Suécia e assassinatos em série com isso relacionados.

Atenção para quem gosta dos filmes com o Comissário Montalbano que recomeçaram ontem na RTP2. De 2019, o de ontem tratou o bullying escolar e cibernético, o de hoje o assassinato de uma jovem por ter assistido a uma situação de homosexualidade, assunto ainda escondido na nossa sociedade.

Para terminar, o muito bom o Concerto de Paris que a RTP2 está a dar enquanto escrevo.

sábado, 3 de outubro de 2020

Viagem adiada - covid 19

 

204º dia do recomeço do blog

Em Março recebemos o 1º aviso, "a viagem ao Peru só se realizará se estiverem reunidas todas as condições de segurança".

E assim foi, não se realizou.








Estaria hoje a visitar Lima. E depois Cusco, Vale Sagrado, Machiu Pichu e a viagem continuaria pelas zonas mais visitáveis, umas turísticas outras menos exploradas. Até voltar a Lisboa.

Ainda bem que não fomos e que a organização cedo se apercebeu da situação de risco em que estamos.

Ficou transferida para Abril.

Como será? O inquietante é de facto não sabermos como vai-se desenrolar esta porcaria do vírus. Tenhamos esperança!

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

 

203º dia do recomeço do blog







Portugal é pequeno mas no Algarve, foto acima, hoje de manhã choveu mas depois ficou óptimo para passear. Na verdade um pouco de vento a mais. 

Na Serra da Estrela caiu a 1ª neve.

https://www.facebook.com/watch/?v=959220164590291

É giro, dá para todos os gostos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Viagem da cadeira verde

 

202º dia do recomeço do blog


Quando comecei a trabalhar não tive direito a ter um gabinete. Via um doente e ia para a copa ou um cantinho livre para escrever o que tinha observado, e  discutir o caso mentalmente para depois o apresentar a uma sénior.

Com o andar dos anos e a formação a sénior era eu. Passei a ter o gabinete onde o trabalho clínico e de formação se realizava.

Para o tornar mais simpático levei coisas minhas, quadros para pôr nas paredes, livros técnicos, objectos que me foram oferecidos e duas cadeiras/maples de cabedal verde, sem braços que já me acompanhavam há anos. Eram do consultório da minha Mãe, onde também trabalhei. 

Quando deixei o consultório e me dediquei a tempo inteiro com exclusividade ao hospital, levei as cadeiras verdes para o meu gabinete  para substituir uns maples rôtos, a desmancharem-se e a deixarem-nos cheios de dores se as usássemos.

Quando me reformei deixei todas as minhas coisas no gabinete, seria uma maldade deixar o gabinete vazio. Deixei lá tudo.

A história das cadeiras acabou? Não, uma está aqui nesta casa. É onde estou a apoiar o meu pé em recuperação mas quase bom.