quarta-feira, 22 de maio de 2019

Documentário O Processo


Li agora no FB que terá passado ontem na TVC2 o filme documentário O Processo, sobre a destituição da Presidenta Dilma Rouseff.
Nele são apresentados os meandros que levaram à sua destituição, resultantes de meses que a realizadora, Maria Augusta Ramos, passou no Planalto e na Assembleia Nacional, ouvindo as discussões e filmando. 
É fabuloso como se vê toda a podridão política contra ela e obviamente contra Lula da Silva que culminaram, injustamente, no impeachment.
Maria Augusta Ramos veio a Lisboa apresentar no Festival Indie. Sem ter estado com a sua presença vi o documentário. Realizadora corajosa demonstra bem a injustiça política, daquela decisão.
Estive em 2018 no cinema São Jorge, sala cheia, com muitos brasileiros a assistir. Culminou com uma enorme ovação.

Filme - Três Rostos


Ontem, fui ver o filme 3 Rostos de Jafar Panari, o cineasta Iraniano que está proibido de sair do Irão e de fazer filmes.
Se sai, não sei, mas vai continuando a filmar. Já tinha anteriormente visto Táxi, onde, sempre em marcha, vai ouvindo e falando com pessoas. 
En 3 Rostos, numa paisagem pelo interior do Irão, fazendo lembrar Abbas Kiarostami, vai de jeep com uma artista de cinema iraniano à procura de uma jovem proibida de seguir o seu desejo, entrar no conservatório em Teerão. Jovem que tinha enviado um vídeo com as queixas e que terminava numa cena em que se enforcava.
O filme leva-nos pelas terras montanhosas e arenosas, quase desérticas, mas que escondem muita vida, aldeias com cafés onde os homens se reúnem, mulheres tapadas, algumas postas de lado pela vida que levaram como uma artista, o diferente papel do homem e da mulher, etc
O realizador entra sempre nos filmes, neste, como em Táxi, é o condutor do carro.
É bastante interessante.

domingo, 5 de maio de 2019

Ficando-me ainda com os mortos...


Minde, apesar de já ser vila desde 1963, talvez por ter crescido para fora da área inicial, mantém nesta zona antiga onde fica a casa que foi construída pelos meus bisavós, hábitos de aldeia. Aliás eu refiro-me sempre à aldeia, a minha casa da aldeia, coisa que já me criou uma situação complicada que talvez um dia conte.
Hoje de manhã, ao sair de casa, uma vizinha passa por mim. Vê muito mal e fui eu que lhe disse bom dia, como é uso nas terras pequenas. Quem fala, perguntou, lá lhe disse "sou a Magda". Ah, está por cá, desculpe vejo muito mal.
E explica-me que vai lá abaixo porque morreu uma mulher. Que mulher, pergunto, não sabe , ou melhor não é de cá mas vive aqui há muitos anos. Nem a conhece, diz-me.
Só mais tarde ouvi os sinos da igreja, bem pertinho de minha casa, tocarem a rebate.
A propósito lembrei-me de uma situação aquando do velório do meu Pai, em Lisboa. Manhã cedo, a capela mortuária tinha acabado de abrir, estou só eu. Uma senhora chega e senta-se perto, uns minutos de silêncio e pergunta-me quem é o morto. Fico surpreendida mas digo-lhe. Faz mais algumas perguntas até que sou eu que lhe pergunto se não o conhecia, porque está ali. Explica-me que mora ali perto e vai todos os dias ver quem morreu e está ali na casa mortuária.
Se calhar alguns bairros de Lisboa ainda têm alguns resquícios de aldeia, ou a morte é assunto que para algumas pessoas é tão inquietante que ver que outro morreu e ela continua viva é apaziguadora?

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Passeios fúnebres, uma notícia de hoje.


Cemitérios, enterros...
Desde pequena que fui a enterros com a minha Mãe, mas não de qualquer pessoa. Eram homenagens por admiração.
Tinha eu 6 anos, fui ao enterro do Vasco Santana. Na altura fiquei a saber quem era, porque merecia aquela romaria, porque era uma multidão que ali estava.
Quando eu tinha 8 anos, foi a vez do João Villaret. Novamente e ideia que tenho é de imensa gente naquele funeral. Fiquei a saber quem era e a admirá-lo também.
Na altura não havia televisão, não era fácil ver filmes, os cinemas eram poucos e era assim, dentro da família que muitos conhecimentos passavam. Conhecimentos, podia ter dito cultura.
E a mais alguns fui com ela. Aprendi a admirar, respeitar uma pessoa que morre, mesmo que a não tenhamos conhecido pessoalmente em vida.
Curiosamente ou talvez não nas minhas viagens fui a vários cemitérios, sempre ver jazigos escolhidos. 
Em Paris, o do Le Pièrre Lachaise, muito bonito, onde visitei o Jim Morisson, Óscar Wilde, e outros.
Em Buenos Aires uma companheira do grupo queria muito ir ver o túmulo da Evita. Os outros ficaram um pouco admirados, como se fosse quase doentio. Ofereci-me logo para a acompanhar e lá fomos.
E outros visitei.
Ora a notícia de hoje tem a ver com eventualmente a criação no Cemitério dos Prazeres um núcleo com pessoas, artistas, enterradas noutros cemitérios. A sério, estranhei esta ideia ou já projecto. Coitados!

Nota: Hoje dia 3 tive conhecimento de um desmentido à notícia que tinha lido. As transladações estão fora de questão. 
Fiquei a saber que visitas guiadas organizadas pela Câmara de Lisboa já existem e os visitantes têm apreciado muito.



quarta-feira, 1 de maio de 2019

Momentos de irrealidade?

Gosto muito de concursos na televisão ditos de cultura geral. Ditos porque grande parte das perguntas não fazem parte dessa categoria, são "faits divers" ou que situações tão pouco importantes só quem os viveu consegue saber.
Apesar disso faço por assistir ao Joker, concurso diário cujo apresentador é um verdadeiro artista, de associação fácil, divertido, cómico mesmo, de seu nome Vasco Palmeirim.
Ontem o concorrente levou como ajuda a sua mãe, uma senhora com um sorriso aberto, que o Vasco logo frisou, expansiva fazendo mímicas e gestos de satisfação, de vitória. Batia palmas com entusiasmo, talvez a mais entusiasmada da sala. Isto antes de se iniciarem as perguntas.
A coisa não correu lá muito bem e o filho começa a perder depois de atingidos os primeiros patamares. 
Não me lembro de ver uma mudança de fisionomia tão grande como a daquela mãe. De radiosa passou a doente grave, ficou mais pequena, tensa, séria, super ansiosa, sem humor. 
Fiquei convencida que aquela mãe nunca pôs em dúvida que o filho levava para casa 50 mil euros, prémio do concurso.
E isto fez-me lembrar uma situação passada comigo em 1985, ano que começou o totoloto, jogo unicamente de sorte. Logo no primeiro jogo, preenchi o boletim. Números aleatórios que li em voz alta como se de música tratasse. Eram de uma melodia espantosa, qualquer um que substituísse fica mal, desafinava a sequência. Quase me convenci que não poderia ser outra a chave que o sorteio ia confirmar!
Claro que não foi, nem mesmo me lembro se saiu algum dos números que com tanta certeza escolhi. 
Durante umas horas convenci-me que a minha sorte era infalível!