segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Parabéns Sérgio Godinho




171º dia de recomeço do blog


Parabéns Sérgio Godinho! 75 anos!
Como tenho pena de não ter comprado atempadamente o bilhete para o espectáculo de hoje.

Etelvina


Ele fala de como algumas crianças que foram negligenciadas, maltratadas ou abandonadas  precocemente tentam sobreviver, apesar das projecções malignas que receberam. Neste caso, através de uma hipermaturidade defensiva na fase da vida a que estes versos se referem. Sem sucesso. 



Usei alguns destes versos numa parte de um capítulo sobre Promoção e Protecção das crianças que escrevi em Outubro 2014. Exemplificavam tão bem o que eu teria de teorizar, a importância de uma infância organizada e feliz verso abandono e maus tratos.

Etelvina com seis meses já se punha de pé
Foi deixada num cinema depois da matiné
Com um recado na lapela que dizia assim
"Quem tomar conta de mim,
Quem tomar conta de mim
Saiba que fui vacinada
Saiba que sou malcriada"

Etelvina com dezasseis anos já conhecia
Todos os reformatórios da terra onde vivia
Entregaram-na a uma velha que ralhava assim
"Ai menina sem juízo
Nem mereces um sorriso
Vais acabar num bueiro
Sem futuro nem dinheiro"
Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite à noite
Acocorada com o frio à noite à noite
Etelvina era da rua como outros são do campo
Sua cama era um caixote sem paredes nem tampo
Sua janela uma ponte que dizia assim:
"Dentro das minhas cidades
Já não sei quem é ladrão
Se um que anda fora das grades
Se outro que está na prisão"
Etelvina só gostava era de andar pela cidade
A semear desacatos e a colher tempestade
A meter com os ricaços a dizer assim
"Você que passa de carro
Ferre aqui a ver se eu deixo
Venha cá que eu já o agarro
Dou-lhe um pontapé no queixo"
Eu durmo sozinha à noite
Etelvina já cansada de viver sem ninguém
A não ser de vez em quando amores de vai e vem
Pôs um anúncio no jornal que dizia assim
"Mulher desembaraçada
Quer viver com alma irmã
De quem não seja criada
De quem não seja mamã"
Etelvina já sabia que não ia encontrar
Nem um príncipe encantado nem um lobo do mar
Só alguém com quem pudesse dizer assim
"O amor já não é cego
Abre os olhinhos à gente
Faz lutar com mais apego
A quem quer vida diferente"
O seu homem encontrou-o à noite
A dormir à beira rio à noite à noite
Acocorado com o frio à noite à noite


Poema de Sérgio Godinho





domingo, 30 de agosto de 2020



170º dia de recomeço do blog

Hoje é domingo e eu preguicei.

Leitura dos jornais que assino e avanço no livro do Rubem Fonseca, duas séries francesas policiais e eu ainda na cama.

O almoço, legumes estufados com cuscuz biológico, uvas, 2 quadradinhos de chocolate e café.

Telefonemas de parabéns a aniversariantes e pouco mais.

Apesar de aposentada tenho ou não direito de um dia assim?

sábado, 29 de agosto de 2020



169º dia de recomeço do blog

Um amigo faz hoje 77 anos.
Desde há uns anos almoçamos ou jantamos com ele. Eu e mais 1 ou 2 amigas. Hoje almoçámos.

Fui eu que tive a tarefa de marcar lugar no restaurante o que foi difícil. Ou não atendiam a chamadas ou as condições que exigiam não me agradavam.

Acabei por aceitar um que guardavam se estivéssemos entre as 12h e as 12h30, não garantiam mesa na varanda nem junto às janelas frente ao Rio Tejo. Em desespero marquei.
Acabámos por não ir a esse, que hoje de manhã descobri que podia marcar pela internet um no Guincho. 

Simpático, espaçoso, mesa larga e encostada à janela com o mar ao pé, comida boa, foi uma óptima escolha.

Mas, ao contrário do que disse ontem, eu estava pouco faladora. Foi um almoço mais de risota que de conversa séria.

É que na mesa ao lado, mesa grande e redonda com oito pessoas, ainda a comida não tinha chegado e já tinham bebido cinco garrafas de vinho. Os convivas dessa mesa estavam óptimos sem sinal de álcool a mais. Até sairmos, eles ainda a comer, já iam nas nove.

Construímos histórias sobre as pessoas presentes nas outra mesa, casámos, divorciámos, arranjámos progenitores, sogras, etc.


Um pouco adolescentes mas o almoço foi muito divertido.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020




168º dia de recomeço do blog

Dizem que desde que estou mais velha falo com mais facilidade qualquer pessoa que não conheço, até chego a meto conversa. Tenho quem avalie isso positiva e simpaticamente e quem, especialmente uma grande amiga que me critica.
Estou-me mais ou menos nas tintas. 

Dois homens com máquinas fotográficas banais tiraram uma fotografia a um desgraçado de um velho (se calhar mais novo que eu), que estava sentado numa bancada. Sujo, andrajoso, sem dentes, sorria com um ar idiota na direcção dos homens. Os braços estavam esticados para a frente e os dedos indicador e polegar das mãos tocavam-se fazendo uma argola.

Sem pensar duas vezes passei por eles e disse-lhes em francês que deviam ter vergonha de tirar uma foto ao senhor, afinal eram portugueses, repeti em português e um deles zangado, perguntou-me se eu sabia quem ele era, não sabia? Claro que não e afastei-me para o lado Rossio e eles 1º de Dezembro.

E lembrei-me do Fouard, nosso guia em Marrocos, numa maravilhosa e bem organizada viagem que fiz há uns anos.
Íamos na camioneta quando vi que à frente ía uma carroça puxada por um burro, carregada de objectos, caixas, embrulhos e por cima e pelos lados, agarrados como podiam, iam imensas pessoas.
Saltei do meu banco e corri para a frente para junto ao vidro tirar uma foto àquela pobreza toda. Fouard pôs-se à minha frente e impediu-me. Não foram precisas muitas palavras para eu entender que ele estava a proteger o seu país, não deixando mostrar miséria como se fosse típico.

Julgo que foi qualquer coisa parecida que me fez interpelar os homens, desgostada que a nossa pobreza fosse fotografada.

A minha amiga, claro, criticou-me.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020



167º dia de recomeço do blog


Há muito tempo que não ia à baixa lisboeta.

Algumas pessoas, a permitir andar confortavelmente.

Artistas de rua, músicos, pintores e artesãos de bijutaria.
Pedintes com ar de estrangeiros, alguns com cães.
Em duas ruas diferentes, sentados no chão e com os cães ao lado, tinham o mesmo cartaz, em português e em inglês, "sou surdo, preciso de ajuda para mim e para os cães". 

Outro "artista", e assim o nomeio pelos diferentes letreiros que tinha onde colocar moedas. Poucas e todas escuras. Pelo humor merecia mais. Por exemplo, para o vinho, para as ganzas, por ser verdadeiro, e outros que tais.

Havia ainda os músicos. Violoncelo com flauta, saxofonista e outros. É muito agradável subir do Rossio em direcção ao Chiado com aqueles sons. Devíamos ir sempre preparados com umas moedas para estes músicos.

Comprei os livros que queria, que por serem recentes não tinham desconto na Feira do Livro que hoje abre e vim para casa. Dei-me então conta de como estava calor e vento e que uma crise alérgica estava a começar. E assim foi.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020



166º dia de recomeço do blog



Ética

Tenho ficado muito incomodada com o que leio escrito por colega médicos. 
Para alguns, o dinheiro, o horário de trabalho são talvez o mais importante.
Não da minha geração.

"Conceito antiquado" "Querem que sejamos escravos" "Façamos greve, se querem ver". Já li de tudo nas redes sociais.

Faz parte da nossa ética, podemos não poder resolver, mas mesmo se só avaliarmos e orientarmos se for caso disso é de grande utilidade. 

Lembrei-me de uma história passada comigo há muitos anos. Estava no Serviço Médico à Periferia a 400 km da minha residência. O hospital mais perto ficava a 30 quilómetros. Já depois de jantar bateram à porta. Era uma mulher que tinha ficado com uma espinha larga de bacalhau na garganta. Mandava embora? Não, fui buscar a minha pinça de sobrancelhas e com muito cuidado vi se conseguiria resolver a situação sem lesar a garganta ou mandar fazer a distancia até ao serviço de urgência. E consegui.

Poderia ter dito que estava fora do horário, que não tinha material apropriado etc. Mas assumi que era médica porque quis e sabia e devia pôr a minha utilidade para a população.

terça-feira, 25 de agosto de 2020



165º dia de recomeço do blog

Tenho assistido com tristeza às cenas provocadas pela Covid-19 e o bastonário da Ordem dos Médicos à qual pertenço.

Vejamos, em tempo de pandemia os médicos, vou só referir-me a estes, têm estado numa situação muito difícil.

Viu-se, sem ponta de dúvida, que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) está desfalcado. 
Formam-se os médicos necessários, mas depois e porque as condições não são em termos monetários boas, ou vão para o privado ou emigram.

Durante esta situação catastrófica, nenhum SNS está preparado, na verdade. Mas ir buscar pessoal médico aos Centros de Saúde retirando-lhes parte da sua agenda presencial e pondo-os a trabalhar para a Covid-19, foi desastroso para as outras situações médicas. Muitas mortes por falta de assistência, ou pela ausência de consultas, todas pelo telefone, ou porque os doentes com medo de apanhar o vírus não recorriam à urgência hospitalar.

Recentemente outra situação que só não sabia quem não queria. A situação nos lares para idosos.
Bom, condições inferiores ao que se deseja, infecção e morte de muitos.

A Ordem dos Médicos, duvido se com toda a legalidade, fez uma auditoria ao lar onde morreram quase duas dezenas de idosos. 

E aqui vai começar o bastonário a fazer guerra ao governo, todos os dias a ir aos meios de comunicação social, com discurso agressivo e acusatório, a fazer mais propaganda do que a manifestar preocupação com a situação dos idosos. Defendendo médicos de forma cega, há os bons e os outros. Julgo que andou a fazer propaganda partidária a seu favor, ele é do maior partido da oposição.

O 1o Ministro, que deve estar absolutamente estafado, cometeu uma ingenuidade, dizer ao pé de jornalistas que os médicos eram cobardes. Não sei o contexto, sei que foi off record mas como a ética anda muito por baixo foi publicitado nas redes sociais.

Hoje houve uma reunião 1º Ministro e Bastonário. Ainda antes da reunião o discurso do bastonário estava mais manso e assim continuou no fim.

É um problema complicado. Deve haver lares muito piores do que este a que me referi. Oxalá se organizem os vários ministros que com isto têm a ver e que não é só a da Saúde.

Nota - Nunca votei no partido do 1º ministro nem no do bastonário.

Voltarei a propósito da ética.



segunda-feira, 24 de agosto de 2020



164º dia de recomeço do blog

Tinha de ser, cansada e a precisar de sossego, fiquei todo o dia em casa a ler. Precisava mesmo!

Grande Rubem Fonseca, na semana passada quando ficava sozinha li O Seminarista, que gostei muito. Hoje comecei e já li 100 páginas de A Grande Arte. É o título mas podia estar aplicado ao escritor. Como de costume mas neste talvez mais, as contínuas referências de cultura, vinhos, terras, Portugal e Brasil. Uma maravilha.

Ao contrário de certos livros cujos autores querem parecer muito cultos e fazem imensas citações a martelo, aqui é natural, era mesmo o que se esperava e fica bem. Vou a um terço mas promete.

Vou ler mais um pouco antes de fechar a luz.

domingo, 23 de agosto de 2020



163º dia de recomeço do blog

Não há dúvida que gosto de guiar, descontrai-me e permite-me encontrar alguma tranquilidade dentro daquele pequeno continente. 

Telefonia ligada, entre a Antena 2 e a TSF. Sem paragens para ver as vistas. Só a estrada e eu.

Hoje eu precisava. A viagem mais curta para fazer Porto-Lisboa é a A1, digo eu aqui. Logo no começo havia bastante transito, resolvi desviar para a Figueira da Foz para depois seguir pela A8. Perdi-me a certa altura, antes da estrada que eu procurava outras tinham outros números. 

Ouvi a história da 7a sinfonia de Shostakovich, conhecida pelo nome de "Leninegrado", composta como forma de prestar serviço ao seu país quando na 2a Guerra os alemães cercaram aquela cidade.
E como Franz Lehár casado com uma judia recebeu de Hitler recebeu deste uma nomeação que a livrou de ser de origem judia.
Uma frase musical da Viúva Alegre de Lehár entra na 7a sinfonia eventualmente para denunciar as ligações do compositor ao nazismo.

Bom a viagem foi mais longa pelos meus enganos mas a distância entre as 2 hipóteses é de muito poucos quilómetros, ao contrário do que sempre pensei.

Vou poisar por aqui uns dias.

sábado, 22 de agosto de 2020



162º dia de recomeço do blog


As separações são sempre difíceis.
"Quem parte saudades leva quem fica saudades tem".

Quando saímos de casa, dizemos até logo, quando nos despedimos de alguém ao telefone, quando ficamos de combinar alguma coisa, nunca pensamos que podemos nunca mais nos ver, podemos morrer.

Mas quando nos despedimos de uma pessoas de quase 90 anos e que está em recuperação de uma situação grave, esse pensamento vem-nos à cabeça.

Hoje foi o meu último dia por aqui.
A despedida foi difícil. Nunca o tinha visto chorar agarrado a mim num abraço a sério, esquecendo a Covid. E uma situação de grande desorganização mental se seguiu.

Doloroso. Mesmo assim digo, até qualquer dia!

sexta-feira, 21 de agosto de 2020



161º dia de recomeço do blog

Norte Shopping de manhã, de outra vez tinha ido ao Arrábida Shopping, qualquer dia conheço mais shoppings no Porto que em Lisboa!

Conheço é forma de dizer. Precisava de uma cola tudo para lhe colar a borracha à bengala. Como lá tem a Fnac foi um bom motivo para o convencer a sair de casa.

Muito rapidamente lhe interessou um livro e cansado, ficou sentado no café da livraria enquanto eu procurava o que precisava.

Não só consegui pôr uma pilha no meu relógio como encontrei uma papelaria, à séria, coisa que no Colombo não há!

Foi muito rápido, tudo no mesmo piso e logo voltei ao café. Já estava preocupado por não me ver. Mostrei-lhe satisfeita que o meu relógio já trabalhava.

À noite deu-me um relógio. Desta vez aceitei.

Doí esta fragilidade em quem conhecemos forte. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020



160º dia de recomeço do blog

Fiquei sem pilha no relógio de pulso. É um hábito, virar o braço e olhar as horas.

As empregadas cá de casa apressaram-se a dizer-me onde podia ir comprar uma pilha, uma drogaria que tem "essas coisas todas". Explicaram-me onde fica,daquela maneira que fico perdida. Lá arranjaram a morada, pus no "wase" e fui. Não a descobri e na zona não havia onde estacionar o carro. Desisti.

O relógio também está velho, comentei já em casa. Tenho outro igual em Lisboa, há anos em NY comprei dois, talvez este já com o vidro translúcido possa ter direito à reforma.

Ao serão ele apareceu na sala com uma relógio para mim. De homem. Comecei por agradecer mas depois lá lhe disse que não o iria usar. Nem dois outros que me trouxe a seguir.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020



159º dia de recomeço do blog


Quando se conversa muito ou se vê muita televisão, ler tem de ficar para trás.
Deixaram-me no quarto que vim ocupar um livro, de propósito se eu me apetecesse ler.

Como sempre trouxe um livro de minha casa. Mas este que aqui deixaram não tenho, por isso pensei logo que me ia agarrar a ele.

Rubem Fonseca, O Seminarista.
Já li vários dele. E gostei sempre.

Mas vim para ouvir, falar, até fomos almoçar fora, sempre ocupada, com gosto.

O tempo ficou ocupado. Só agora terei um bocado, já está tudo a dormir, até o cão, que ressona baixinho.

Vou aproveitar para ler.

terça-feira, 18 de agosto de 2020



158º dia de recomeço do blog


Um flash

Está doente por isso vim.
Estar atenta, fazer companhia, ouvir e falar.

A face escavada, uma leve pele descolorida em cima dos ossos, os olhos encovados e tristes e as sobrancelhas que não emagreceram e passaram a ser volumosas.

Tal como nos últimos tempos do meu Pai, daqueles em que já não há registo fotográfico.

Já foi dormir, está muito fraco. Conseguirei o que me propus?

segunda-feira, 17 de agosto de 2020



157º dia de recomeço do blog

Não estou de férias, estou aposentada. Por vezes quer dizer férias permanentes mas nem sempre.

Pela liberdade de tempo e horários, estive no Algarve antes da época de verão. Bom tempo, sem filas e praias livres de pessoas. Até no mercado do peixe da Quarteira, um dos melhores que há, não tinha filas.

Agora estão por lá filhos e netos e desde o fim da semana passada há vento, água fria e ar fresco. Parece que começou hoje a melhorar.


Há filas para os hipermercados, e mercado.

Que bom estar aposentada e poder ir quando quero. E sobretudo quando os outros não podem.

Boas férias rapazes, que o tempo melhore que sei que sabem escolher praias ainda quase desertas!


domingo, 16 de agosto de 2020



156º dia de recomeço do blog

Hoje fui beber café a uma esplanada com 2 amigas.

Umas das coisas que se falou foi o que é isto de ser amiga e quase todas na casa dos 70 anos quando e como se fazem amigos a partir dos 50-60 anos.

Não chegámos a conclusões novas mas estávamos de acordo.

Difícil fazer novos amigos excepto se tivermos pontos no passado em comum.
Com estas duas, frequentámos a mesma escola, no caso Lycée Français Charles Lepièrre em Lisboa.

Uma delas frequentou a mesma praia que eu, a chamada praínha, em Sesimbra. Era uma praia pequena, actualmente ocupada pelo Porto. Era amiga de um dos irmãos dela, que andou comigo no mesmo liceu em pequeno e outro meu colega nos últimos anos do liceu.
Médica como eu.

A outra veio do Brasil recomendada pelos meus tios. O pai era diplomata da ONU e acabou também no mesmo liceu e na minha turma. Fiz férias com ela algumas vezes na sua quinta na Beira. Os nossos Pais tiveram alguma relação. Um tempo longo nos separou quando escolhi medicina e ela letras. 

O que nos voltou a aproximar foi a criação de um grupo composto por alunos do liceu, onde nos organizamos em grupos de interesse, podendo pertencer a vários. Almoços, jantares e picnics. 

Destas aproximações algumas mantiveram-se. Quais? As que tinham passados de amizade que se cruzaram. E isso é essencial!

sábado, 15 de agosto de 2020



155º dia de recomeço do blog


A nossa televisão

Tenho uma amiga que foi passar as férias para os Alpes franceses. Com filho e neto alugaram uma casinha, diz que muito gira e com boa vista. 

Diz que há imensa gente, sobretudo franceses, quer nas moradias do aldeamento onde a deles se situa, quer na aldeia próxima onde se vai a pé.

Não contavam com tanta gente. Em qualquer esplanada para jantar têm de marcar. 

Um pouco como aqui em certos sítios, o turismo português ocupou quase tudo e ainda bem.

Mas comecei por falar na televisão.

Não consegue fazer as grandes caminhadas, escaladas e outras coisas que tais que a família faz.
A minha amiga septuagenária fica por vezes em casa ou no jardim que a rodeia. Entre leitura, tricot e televisão o tempo passa depressa.

Disse-me ontem que tem saudades da TV portuguesa. Diz que os programas deles são péssimos e que até a Arte, que era um excelente canal já não é como era.

De facto, ontem até vi bastante televisão. de tarde um filme de culto numa estação de cabo, Blade Runner, que já tinha visto há muitos anos, e gostei de rever.

À noite na RTP2 um filme de Gus Van Sant, O Mar Das Árvores. Passado parcialmente no Japão, floresta Aokigahara onde muitos japoneses se vão suicidar ou desistir como neste caso mas depois de pensamentos, reconstruções das memórias da sua vida, empatia com outro, japonês com quem trocou aspectos das diferentes culturas.

A existência do canal 2, RTP2, é uma benesse. Esperemos que a economia dos números, nunca muitos espectadores, o consigam manter com esta qualidade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020



154º dia de recomeço do blog

Agosto 
Em criança com os meus Pais fazia sempre férias neste mês. Teria certamente a ver com o trabalho da minha Mãe, em que no consultório e como médica escolar era o mês mais morto, como se dizia. Para além da praia, termas e viagens ao estrangeiro o mês passava.
Depois, já maior e autónoma na minha adolescência, eram 3 meses em Sesimbra e os meus pais vinham trabalhar a Lisboa e voltavam à noite. Mantinham-se algumas viagens que não me davam muito prazer pelo calor e a peregrinação cultural que as regiam.
Casada e com filhos alugávamos casa em Setembro. Os dias eram mais curtos mas menos quentes no Sotavento Algarvio. Agosto era passado a trabalhar, com muito menos utentes a recorrerem ao serviço onde trabalhava. E era tão bom o trabalho mais ligeiro e depois passear por Lisboa!
Nos últimos anos e já aposentada, faço férias quando quero, considerando que isso é ter um programa diferente do habitual.
Há 3 anos estive a trabalhar numa oficina de joalharia no Chiado, Lisboa. Todos os dias apanhava o metro e saía junto à Brasileira. Quase nem se podia andar, tantos os turistas. Muito barulho, vários artistas de rua, alguns espantosos distanciados pelas esquinas. Abafado de calor e gente.
Actualmente fico em Lisboa. A casa que herdei em Vilamoura é usada pelos meus filhos que são obrigados a gozar as férias nesta altura. Meio mês para cada um.
Passear por Lisboa, agora, é esquisito. Quase tudo vazio, os poucos que se encontram estão de máscara e são maioritariamente portugueses. 
Mês morto! Até quando?

quinta-feira, 13 de agosto de 2020



153º dia de recomeço do blog


Há quase 20 anos fui a um jantar com os rapazes e raparigas da turma da Universidade Católica que o meu filho mais novo integrava. Finalistas, julgo.

O Vasco Palmeirim contou esta história ontem no concurso Joker. Fiquei a saber que tinha sido ele, um dos alunos, a ter a ideia de fazer um jantar com as mães de cada um para se ficarem a conhecer.
O final da noite foi no Lux, onde o porteiro estranhou o grupo. Quando soube que eram Mães e filhos riu-se tanto que nem se pagaram as entradas.

Lembro-me perfeitamente. Foi muito divertido. O Vasco, ficou perto de mim à mesa e fartei-me de rir com o seu humor.

Na altura estranhei o convite. Uns crescidos a quererem um jantar com as mães pareceu-me uma ideia bizarra. Imaturos?

Hoje a esta distância vejo a criatividade do Vasco. E a ausência de pré-conceitos que ideia do jantar de mães implica.
Não fiquei com ligação com nenhuma das mães presentes. Mas isso era quase suposto, não era?

quarta-feira, 12 de agosto de 2020



152º dia de recomeço do blog


Comecei a ter contacto com cães através do meu filho, que tem um. Conheceu a minha nora nos habituais passeios que com eles davam aqui no bairro. 
Os cães propiciam conhecimentos. Hoje no jardim do bairro a partir de uma pequena conversa sobre um cão possante que quase ia deitando o dono ao chão, a propósito do cão do meu filho Martim, ele disse o nome do cão e diz, ah, tu és a Magda.
Explica-me que fomos colegas de liceu mas não da minha turma, casou com uma colega, essa sim da minha turma. Com este dado situei-o. A actual mulher também presente, sabia dos casamentos das minhas colegas de turma mais do que eu. 
O facto de ter casado nos primeiros anos da Faculdade deve ter contribuído para o meu isolamento. Só muitos anos mais tarde recomecei a relação com a turma.
Estávamos a ter um jantar por mês com uma parte temática antes da comida. Foi interrompido com a pandemia. 
Quando recomeçará?

terça-feira, 11 de agosto de 2020



151º dia de recomeço do blog

Antes de ontem acordei às 7h da manhã. Virei-me e voltei a adormecer até às 8h30. 

Aguardei que a Isabel, a minha empregada doméstica chegasse e abrisse a porta, sempre um pouco antes das 9h.

Os minutos passaram, 9h30, 10h e ela sem chegar. Comecei a ficar preocupada, sempre tão pontual. Telefonar-lhe passou pela minha cabeça. Mas, outra hipótese, será que era o dia em que ela ia começar as férias? Combinámos mas não anotei.

Sem saber o que pensar e o que fazer, abri o computador para ler o jornal on line. E aí vi a data...domingo 9 de Agosto!

Estou mesmo a precisar de algumas rotinas. A ver se me organizo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020



150º dia de recomeço do blog



Reformado, vive meio ano em Portugal, meio ano no Brasil, junto ao mar.
Suposto ter chegado em Abril a pandemia obrigou-o a manter-se no Brasil até Julho.

Fomos jantar hoje. Somos "para-primos", primos direitos da mesma pessoa, ele por parte da Mãe, eu por parte do Pai.

Subiu a minha casa antes de sairmos para jantar aqui no bairro.
Recebi-o de máscara, ele cara à vista.

Ficou admirado. Expliquei-lhe que a minha máscara era uma protecção para ele como uma dele seria para mim.

Descemos os 3 andares, ele de elevador, eu pelas escadas. Admirou-se. Lá lhe expliquei a razão.

Jantámos em mesas em diagonal.

Ao ir ao WC avisaram-no que tinha de pôr a máscara.

Admirada com ele? Claro que não, veio do Bolso-coiso que tem desrespeitado tudo e não faz nenhuma educação das regras de saúde pública.

O jantar, bem português, estava delicioso e foi muito bom reencontrá-lo.

domingo, 9 de agosto de 2020



149º dia de recomeço do blog


Na esplanada duas amigas conversam.
As duas de máscara e uma de óculos escuros grandes. Só se via o cabelo (franja) e o pescoço.

Diz a só de máscara, a falar a sério: Sabes, uma das vantagens disto é tapar-nos as rugas.
E olha para a outra, irreconhecível por estar completamente tapada.
E a ti também te beneficia.

Ao que esta responde com ironia: Estás aqui estás a defender o uso da burca, a bem das rugas!

E um grande silêncio segui-se.


148º dia de recomeço do blog


Tão satisfeita me senti na minha casa que ontem, sábado, me esqueci deste aqui onde escrevo.

"O que eu desejo é apenas uma casa. Em verdade,
Não é necessário que seja azul, nem que tenha cortinas de rendas.
Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
Quero apenas uma casa em uma rua sem nome."

Manoel de Barros

sexta-feira, 7 de agosto de 2020



147º dia de recomeço do blog

Poisei. Hoje. Na minha casa. Em Lisboa.

Desde que começou o desconfinamento, fiz viagens de carro Portugal norte, Porto, Portugal centro, distrito de Santarém, Portugal sul, distrito de Faro.

Não foi assim linear, foram quilómetros e quilómetros, porque algumas das viagens foram repetidas, intercaladas, repetidas.

Cheguei hoje de Peniche/Baleal, conforme já escrevi. Com os meus netos.

Estive em fato de banho umas 2 horas. Um vento insuportável, nevoeiro quase todos os dias e a durar o dia todo, frio.

Nunca usei tanto o forro polar que à última hora resolvi pôr na mala. Assim como o casaco vela, quente e bem protector.

Com os netos. Gostaram. E eu gostei de estar com eles. Mas o Oeste tem dias difíceis!

quinta-feira, 6 de agosto de 2020



146º dia de recomeço 

Morreu hoje a Fernanda Lapa, Mulher importante nomeadamente na área do teatro. Fundadora da Escola de Mulheres, foi também uma lutadora pelos direitos das mulheres.

Tive a sorte de a ter visto e ouvido em Janeiro deste ano nas Comemorações de homenagem a Bernardo Santareno Médico e dramaturgo.
Também em Janeiro fui ver uma peça de teatro encenada por ela, "Nem Flores Nem Coroas" de Orlando Costa. Julgo que a sua última encenação.

Tanta gente com história e importantes para a cultura tem morrido ultimamente. Sempre a ficarmos mais pobres.
Mas felizmente há muita gente nova com garra, esperemos que tanto como ela.