quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Viagem da cadeira verde

 

202º dia do recomeço do blog


Quando comecei a trabalhar não tive direito a ter um gabinete. Via um doente e ia para a copa ou um cantinho livre para escrever o que tinha observado, e  discutir o caso mentalmente para depois o apresentar a uma sénior.

Com o andar dos anos e a formação a sénior era eu. Passei a ter o gabinete onde o trabalho clínico e de formação se realizava.

Para o tornar mais simpático levei coisas minhas, quadros para pôr nas paredes, livros técnicos, objectos que me foram oferecidos e duas cadeiras/maples de cabedal verde, sem braços que já me acompanhavam há anos. Eram do consultório da minha Mãe, onde também trabalhei. 

Quando deixei o consultório e me dediquei a tempo inteiro com exclusividade ao hospital, levei as cadeiras verdes para o meu gabinete  para substituir uns maples rôtos, a desmancharem-se e a deixarem-nos cheios de dores se as usássemos.

Quando me reformei deixei todas as minhas coisas no gabinete, seria uma maldade deixar o gabinete vazio. Deixei lá tudo.

A história das cadeiras acabou? Não, uma está aqui nesta casa. É onde estou a apoiar o meu pé em recuperação mas quase bom.