terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Há tanto tempo que não via tanta gente. Lembrei-me das esplanadas.

 326º dia do recomeço do blog

1h30 passadas numa sala de espera de um hospital. Nada de grave, esta minha ida, só para tirar uns pontos postos há 15 dias.

Que fazer inicialmente senão estar atenta ao ambiente? ​Fui olhando, vendo e ouvido. Sala grande onde nunca estiveram mais de 5 pessoas. Volta não volta ouve-se chamar pelo microfone o número de uma senha. Ou pessoalmente entram as auxiliares de acção médica para buscar e encaminhar. Os administrativos estão depois da porta que dá acesso ao corredor.

Lá da zona dos guichets ouço uma senhora a falar em voz alta.

Estou isenta minha senhora, tantos anos a trabalhar e agora recebo umas migalhas. Para que trabalhei tanto?
Mandei por correio normal, sempre é mais baratinho.

Os restaurantes, ouvi dizer, só abrem lá para Maio.

Na fila para entrar uma sra de muletas comenta, nem sei quais são as prioridades. Varias pessoas dizem-lhe para passar à frente mas ela recusa. Acabará por passar ficando trás de mim, que sou a 1a. Na minha altura de entrar ia dar-lhe a minha vez mas o porteiro foi firme, era eu em 1o lugar. Pelos meus cabelos brancos? A outra tinha-os pintados mas acho que teria mais anos que eu. 

Sr. José Manuel, faça favor de entrar, ou seja passar para o lado dos gabinetes.

Uma auxiliar chama D. Elisa Silva, repete sem que ninguém se acuse. Repete de novo mas agora com os apelidos todos. Uma jovem com uns ferros circulares na junção da perna com o pé pergunta, é Elisa ou Elsa. Era Elsa mas a funcionária tinha lido mal. E lá vai ela com duas muletas e um pé no ar como os flamingos.

E tentei com sucesso concentrar-me no livro que trouxe para aguentar a espera de mais de 1h30 na sala de espera.