sábado, 13 de fevereiro de 2021

Dentuças iguais, sorrisos de plástico

 331º dia do recomeço do blog

Vejo mais televisão, tirando quem está em teletrabalho deve acontecer o mesmo. Tirando um ou outro programa que escolho só a ligo pouco antes do jantar. 

Tenho reparado que muitos apresentadores/as, animadores, artistas mais abonados ou que fazem disso anúncio, deixaram de ter os seus dentes. 

Há bastantes anos, foi a primeira vez que ouvi uma pessoa que trabalhava no meu serviço, contar das inúmeras horas que a cunhada tinha estado de boca aberta, as mandíbulas presas para não se poderem fechar e tendo-lhe sido arrancados todos os dentes. Andou uns tempos com dentadura e finalmente nova operação de boca aberta para colocar os implantes.

A minha Mãe tinha um sorriso doce, com um dos caninos um pouco saído para cima do incisivo. Ficava-lhe muito bem!

Na altura dela não haveria ortodontistas para pôr um aparelho nos dentes. Eu tive dois, um em criança mas perdi-o e apareceu um tempo depois na caixa da costura. Foi um mistério nunca resolvido. Mais tarde, dava eu aulas na faculdade pus outro, de pôr e tirar e que eu tirava sempre antes de entrar para as aulas. Acabado o acerto previsto deixei de o usar. Os meus dentes ficaram mais direitos mas cada um manteve as suas características, uns mais estreitos, outros maiores. Marca da casa. 

Agora andam tantos dentes iguais por aí, todos perfeitinhos, muito brancos, e que dão um sorriso de anúncio de pasta dentífrica. Só os lábios variam de uns para os outros.

Terão passado pelo processo da cunhada da outra?

Lembrei-me daquela história do alentejano quando a mulher apareceu de lábios pintados e lhe perguntou porque o tinha feito, ao que ela respondeu que era para ficar bonita. E ele retorquiu "E porque não ficaste?"