sexta-feira, 22 de maio de 2020



70º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada


Estava há pouco a ver televisão, coisa que raramente vejo de tarde. 

E tomei conhecimento que um jovem de 13 anos foi internado nas urgências após ter sofrido violentos maus tratos pelo pai. 
Foram ouvir uma tia paterna.
E aqui começa o curioso. Este sobrinho desde pequeno que passa férias com a tia. A tia nunca desconfiou de maus tratos.
No entanto referiu duas coisas importantes:
1 - Ao falar do irmão descreveu-o como um alcoólico que fica muito violento quando bêbado.
2 - Ao falar do sobrinho descreveu como ele resiste e se manifesta, no terminar os dias de férias, em voltar para casa dos pais. (Percebi que a mãe também lá vive).

O triste é que aquela tia que agora se prontifica para ficar com o sobrinho, nunca se interrogou sobre a recusa dele de voltar à casa dos pais.

Sei e tenho conhecimento de inúmeras situações em que a leitura dos comportamentos, dos afectos, não é feita. Diria mesmo mais, é evitada se por acaso aflora ao pensamento.

Podemos pensar que é falta de treino de pensar, falta de tempo, falta de empatia. Ou medo! Ditados antigo dizem que entre marido e mulher não metas a colher, e pai que bate educa.

O termos vivido tantos anos debaixo de um regime que se manteve também através do medo, da queixas que os funcionários da PIDE transmitiam, com as graves consequências que sabemos, contribuirá para as poucas denúncias que existem nos casos de maus tratos? Nem Um vizinho que nunca ouve nada! Às vezes o professor mas com o confinamento nem aulas tem havido! 


Será possível que o caso da morte da Valentina tenha contribuído para que esta situação viesse a ver a luz do dia?