segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Apanhar boleia

 313º dia do recomeço do blog

Para além da Covid-19 há todas as outras doenças que ficaram paradas na avaliação regular. Compreendo o medo das pessoas a ir aos hospitais e porque adiam a ida. Mas fazem mal, claro.

Ontem fui a uma consulta que tinha marcada há tempos. Aparentemente por uma coisa sem importância, um fungo nas unhas dos pés. À entrada mediram-me a temperatura, mandaram-me mudar a máscara, eu que tinha 2 acabadas de pôr em casa mas entendo.

Tive de esperar no corredor um bom bocado. Por mim passavam muitas pessoas, utentes, auxiliares e enfermeiras.

A consulta foi muito demorada, nunca me tinham visto a pele com tanto cuidado, lupa pequena, outra grande, dedos dos pés, plantas dos mesmos, mãos, corpo face anterior (como médica escrevo assim mas explico, barriga para cima) e todo o resto.

Nas costas, num sítio onde não me observo, tinha um sinal que foi considerado dever ser tirado e enviado para a análise. Eventualmente nada de grave mas prevenir é o melhor.

Para isso tive de ir para a sala de pequena cirurgia. Esperei à porta. E foi então que entendi que tive de esperar por uma enfermeira que tinha ido a outro andar, Covid.19. Entrei quando me mandaram e numa espaço ínfimo tirei a roupa e vesti uma bata. Foi então que me deram umas capas para vestir os meus sapatos.

Correu tudo bem. Mas toda a tarde, de humor triste, perguntava-me porque fui, porque só pus as capas dos sapatos depois de já ter atravessado a sala e outros pensamentos nada abonatórios para melhorar o meu humor.

O facto de ter várias situações preocupantes junto de mim e outras junto de todos nós, ajudou muito. Como diria uma amiga, apanhei boleia para a tristeza.