sábado, 6 de junho de 2020



85º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Mudei de terra e de casa, novamente. Promovida a vila já há umas décadas, pelo seu então desenvolvimento industrial, continuo sempre a dizer a aldeia.

Os Pais da minha Avó nasceram cá, assim como a minha Avó Elvira. A casa que herdei fica na parte antiga e ela própria é antiga. 

Durante anos vim passar alguns fins de semana aqui.
À hora do café, no meu serviço, sempre falei da aldeia. Todos os meus colegas sabiam qual era e onde. Vários deles já cá tinham vindo.

E um dia soube que uma das técnicas era de cá e a mãe dela uma das professoras da escola. 

Quando soube confesso que fiquei atrapalhada. Então ela, ali a ouvir-me falar da "aldeia" e nunca se "denunciou" até ao dia em que me fez a emenda. Só podia ser algum complexo, pensei eu, de ser daqui e eu denegrir, com muita ternura, a terra dela.

Convidei-a então para vir a minha casa lanchar. Ambas tínhamos filhos entre os 12 e os 9 anos, que também vieram. A padaria a lenha é quase em frente, fomos buscar pão quente. Na lareira de chão, fumeiro como deveria dizer, assamos chouriço e febras de porco no chão numa grelha de pés colocada em cima das brasas nas brasas. 
Os rapazes dela adoraram, que maravilha de chouriço, ai as febras e ai o pão quente, enfim fizeram as honras da casa.

Uns tempos depois convidou-me para ir lanchar a casa da Mãe dela. Queijos franceses, sanduíches de  fiambre em pão de forma e bolo. 

O que me deu azo a que lhe dissesse assim como a pacificar as diferentes perspectivas que ambas tínhamos razão na classificação da terra, na minha casa era na aldeia e a dela fomos recebidos à vila.