terça-feira, 14 de julho de 2020



123º dia de recomeço do blog

#curiosidade do serviço onde trabalhei até à minha aposentação#

Hoje é dia 14 de Julho, dia que em França se festeja a Tomada da Bastilha. Acto representativo da tomada do poder pelo povo na Revolução francesa.


O fundador do Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa (CSMIJ) foi fundado pelo médico pedopsiquiatra Dr. João dos Santos. Fez a sua formação em Paris.
Instituiu que as reuniões semanais dos técnicos acabavam sempre nesta data. 
Era o director quando comecei a trabalhar.
Em 1992 deu-se a integração nos hospitais centrais, o CSMIJL passou a Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia. 
Seguiram-se na direcção os Drs. Coimbra de Matos, Maria José Gonçalves, Luís Simões Ferreira e Augusto Carreira, que se aposentou pouco tempo depois de mim. 
Eu trabalhava na equipa da Dra. Maria José Vidigal e mais tarde na do Dr. Augusto Carreira que não só fez parte da sua formação em Paris como também fez o internato na mesma equipa que eu. Eles, tal como com os directores que referi, a orientação teórico-prática era muito baseada na escola francesa e Suiça, e manteve-se a tradição da desta data.
Nota - Obviamente que com o avançar dos tempos, outros conhecimentos foram integrados no pensamento da compreensão e intervenção. Mas aqui referia-me só à "Tomada da Bastilha".


segunda-feira, 13 de julho de 2020



122º dia de recomeço do blog

#Os meus "sem-abrigo"#

Ao final da tarde mas ainda bem luminosa, dezenas de pássaros diferentes, grandes, pequenos de rabo curto, longo, cores variadas, chilreavam no meu quintal. Estavam a regressar a casa.
Eu ficava muito quietinha na esperança de lhes tirar umas fotografias o que não foi fácil.
As heras abanavam, quase em simultâneo, e depois um grande silêncio se seguia.

No meu escrito nº 120 contei que as árvores do meu quintal foram abatidas. E também grande parte das heras que cobriam os muros.
Foram encontrados vários ninhos, vazios, escondidos entre a rede que as heras, ano a ano vai sendo entrelaçada.

Fazendo um paralelismo com as pessoas pensei com incómodo que estava a despejá-los das suas casas. 
Falei nisso e disseram-me que estariam habituados a procurar outras árvores, tanto mais que estamos numa zona de parque natural com imensas árvores.

Ontem, talvez tenha estado fora ao fim da tarde, ou terei estado distraída.
Mas hoje, sentada no pátio, vi-os chegar. Não eram tantos, mas vi os ramos da trepadeira a estremecer em alguns lugares, acompanhado do piar de pássaro que subitamente parou como se adormecessem instantaneamente.

Fiquei muito contente. Alguns dos meus "sem abrigo" voltaram a casa.

domingo, 12 de julho de 2020



121º dia de recomeço do blog

121º é uma capicua. 

É preciso ter uma certa idade/maturidade para dar valor às coisas.

Lembrei-me hoje de uma colecção talvez de 20 ou 30 bilhetes de transportes públicos do Porto que o meu avô Eurico me deu. Só capicuas.
Eu teria uns 12 anos e recebi aquilo sem perceber qual o interesse. Arrumei-a. Não era muito grande mas o suficiente para hoje eu lhe dar algum valor afectivo.

Talvez tivesse eu uns 22 anos quando, numa arrumação profunda a deitei fora. Hoje teria emoldurado.

Felizmente perdura a memória e este escrito é a prova disso.

sábado, 11 de julho de 2020



120º dia de recomeço do blog



Logo de manhã cedo, o dia prometia muito quente, chegaram os dois homens, um com o curso de cortador de árvores de grande porte, o outro como ajudante. Escalada, é assim que fazem, usando os troncos como apoio, mais os cintos e cordas a que estão amarrados.

Foi um dia triste cortar todas as árvores do jardim e parte das heras que tapam os muros?  Não consigo achar. O meu filho que plantou o pinhão há cerca de 40 anos nem quis vir assistir.o cipreste coube no meu Honda 600. E as outras cresceram mas não tanto. Mas o meu quintal 

A caminho da padaria estava uma camionete de caixa aberta com restos de madeira. Meti conversa, de quem era, contei que ia precisar de uma porque muitos ramos iam ser precisos recolher e transportar para fora. E  não é que logo ali se combinou, 2 homens e foi trabalho em série, uns cortavam outros recolhiam. Umas 6 viagens de ramadas.
E o jardim poderá ser reconvertido com plantas de porte mais apropriado.

Lindos os veios da rodelas das árvores. Cada espécie o seu desenho,  tal como as impressões digitais das pessoas mas estes de pinheiro ganharam a minha escolha.


sexta-feira, 10 de julho de 2020



119º dia de recomeço do blog


A máscara não tapa tudo. Ficam os olhos, mais velhos mas que mantém a expressão.

Ia na rua desta "aldeia" e ouço dizer depois de passar por 2 mulheres a cortarem silvas. "aquela é a Magda, não é?".

Virei-me. A Margarida tem 81 anos, viúva. Estava com a filha quase de 50 anos, professora que esteve a trabalhar nas aulas que durante o confinamento foram dadas pela internet. A roçar mato para desanuviar, contou, que o ano de trabalho foi terrível para os professores sem alunos ao pé, sem saberem o que os miúdos estão a perceber, a aprender.

Os pais da Margarida moravam ao pé da minha avó. 
Em Setembro quando estava por cá, levavam-me na 
celha de madeira em cima de uma carroça. Não me lembro se puxada a burro ou tractor, já lá vão uns de 60 anos. Era para fazer a vindima. O que eu fazia lá não me lembro, miúda pequena, nem se voltava na carroça ou se ia uma das criadas como se dizia na época, da minha avó buscar-me.

Mas há lembranças afectivas e esta é uma delas. 
Por estas e por outras cá continuo a vir passar uns dias.

quinta-feira, 9 de julho de 2020



118º dia de recomeço do blog


Acordei ainda a pensar no sonho que tinha tido. Será que era verdade?

Será que o terreno que andamos a limpar e pagar caro é o que foi vendido há muitos anos, bom dinheiro rendeu mas nada sobrou com os advogados que a Mãe e a Avó tiveram de pagar. Eu conto, no dia da escritura depararam-se com uma situação inesperada, o terreno estava em nome do vizinho.

Há duas décadas ou até mais, essa venda foi feita, o dinheiro entregue, o problema da reposição da pertença foi resolvida mas por razões que desconheço a escritura nunca foi feita. Estará portanto ainda em meu nome e das minhas primas.

Pedi que me arranjassem o número do telefone do senhor, eu sei quem é o dono...que ainda não o é. Complicado?

Disse-lhe que gostava de ir conhecer o terreno e ele marcou logo hora, 8 da manhã. Até me ri e pedi um pouco mais de tolerância. Fui buscá-lo no meu carro às 11h. Estava na rua à minha espera, pequeno, enxuto, vestido de fato e sem máscara na cara.

Pelo caminho fiquei a saber que vai fazer dentro de dias 90 anos "e como já não vou para novo gostava de resolver e fazer a escritura".

Voltando ao princípio, não é o terreno que imaginei no sonho. Mas é outro berbicacho!

quarta-feira, 8 de julho de 2020



117º dia de recomeço do blog

# História de família, quase anedótica"

Calor, está quente. Janelas tapadas, casa quase às escuras, silêncio cortado pelas moscas que entram e saem. Sempre me lembro de ser assim nas férias de verão que aqui passei com a minha avó Elvira.

Há muitos anos, uma mulher chegou ao pé dela e disse-lhe na fala incorrecta que na altura era mais frequente quando quase todos eram analfabetos: Ó dona "Alvira", vossemecê era uma "fermezura" mas agora está mesmo de és para a cova.
A avó chegou a casa a chamar ignorantes e brutas a estas gentes.

Ao chegar na 2a feira a casa, a minha cama não estava feita, era só a colcha por cima do colchão. Era tarde e pus os lençóis. No dia a seguir telefonei à senhora que afiançava a pés juntos que a tinha feito. E retorquiu-me, ó Doutora isso já deve ser da sua idade, então eu sei que a fiz. Grande confusão está a fazer. 
Um aparte, ela é mais velha que eu mas com muita genica e sem freio na língua.
Passado um bocado apareceu por aqui. Não, não era da minha idade, ela tinha feito uma cama mas noutro quarto, não a minha.

Continuam meigas e doces!