domingo, 3 de maio de 2020



51º dia de isolamento social (COVID-19)

Hoje à meia noite deixamos de estar em Estado de Emergência e entramos em Estado de Calamidade.
É aconselhado o isolamento social, dito confinamento, para evitar a propagação do vírus mas não será proibido. Fica à consciência de cada um. Assusta-me mais.


Domingo foi dia de Concerto do F. no Zoom. Um bocado confuso, espero que o puto não se aborreça, foi interrompido várias vezes por conversas. Só não foi como os pianistas dos bares, que ficam para ali a tocar e as pessoas não prestam atenção nenhuma, continuando a falar, porque se conseguiu fazer umas pausas.

Descobri com a minha estadia em casa, outras utilidades das molas da roupa que não sejam para a segurar no estendal.

Tenho de gravar um vídeo, a cantar. Telemóvel em posição de gravação. Integrará um Zoom com o meu coro. No computador oiço o pianista e a maestrina a cantar. Com isso em fundo, tento acompanhar cantando em simultâneo da maestrina. O pior são os agudos, estão demais para mim que sou contralto. Tenho de descansar a garganta hoje e farei amanhã, último dia de envio.


sábado, 2 de maio de 2020


50º dia de isolamento social (COVID-19)


Quinquagésimo dia!

Dei-me conta do tempo, esse grande escultor, diria a Marguerite Yoursenar, onde ela relaciona o passado com o presente. Aqui o tempo não tem espessura, é o tempo subjectivo que devia contar e esse é muito pouco rico. 50 dias sem estar ao vivo com a família, os amigos, andar pelos locais que gosto, ir ao cinema, tanta coisa. E nada ficará como antes.

A florista do bairro esteve de manhã no local habitual com os seus cestos de flores. Soube isso quando me bateram à porta, dois toques como sempre faz o meu filho Martim. E sem entrar, esticou o braço e deu-me um ramo de gérberas, vermelhas e amarelas alaranjadas embrulhadas em ramos verdes. O dia da Mãe é amanhã mas as flores chegam hoje, disse. Nem um abraço nem um beijo pudemos dar nem mesmo um tempo de conversa. Sempre de braços esticados para medir a distância.

Hoje de tarde, depois de ter conversado ao telefone com um amigo que mora noutra cidade e me contou que foi até ao pé do rio, se tinha sentado numa pedra e ali ficara, tentando divagar. Quando se levantou percebeu que tinha menos peso. Só nessa altura se deu conta da tensão que trazia dentro dele e que por lá terá ficado.

Também eu precisei de arejar. Uma desculpa, uma justificação, as baratas, vou comprar o "remédio", amanhã mato-as todas. Pensamento pobre em tempo de confinamento obrigatório.

Ontem disse à Isabel, minha empregada, que ainda não a quero cá. Cansada de estar em casa, também ela com saudades, disse-me que a patroa da amiga a tinha ido buscar e levar de carro para não andar nos transportes públicos. Sim, é uma ideia. Daqui a uns dias penso no assunto. Para já vai-me fazer na casa dela croquetes, rissóis e pasteis de massa tenra. 



sexta-feira, 1 de maio de 2020


49º dia de isolamento social (COVID-19)


1º de Maio 2020

Em 1974 subi a Avenida Gago Coutinho até chegar ao hoje chamado Estádio 1º de Maio e consegui entrar. Estaríamos 1 milhão de pessoas neste primeiro em Liberdade.
Já no fim e antes de começar a descer a bancada , dei comigo a abraçar o Dr. Leal, meu antigo professor de Físico-Química com quem eu tinha tido uma enorme pega. Abraçado um ao outro, chorámos os dois.
Na bancada abaixo o meu explicador de matemática do antigo 7º ano. Fiquei ali a saber, depois também de um enorme abraço, que depois de preso pela PIDE ficou proibido de leccionar no ensino público, e conseguiu dar explicações em casa, das quais vivia e de onde quase não saía.  
A partir dessa altura éramos livres! 
Hoje, em confinamento, estou em casa.

1er Mai 2020

Este ano, até as flores que em França se oferecem neste dia, les fleurs du bonheur estão de máscara. Estúpido Covid-19!




quarta-feira, 29 de abril de 2020


48º dia de isolamento social (COVID-19)



O 1º Ministro deu hoje a conferência de imprensa, para falar do desconfinamento. A partir de 4 de Maio haverá uma libertação de várias actividades. Quem está em tele-trabalho deve continuar até fim de Maio, assim como os estudantes.

Muita gente ficou em casa, ou porque as empresas estão fechadas, ou as pessoas estão a trabalhar em casa, assim como os alunos que as escolas não abriram.
Por isso achei graça a um estudo realizado pela empresa Águas do Tejo Atlântico "As análises do fluxo nos esgotos permitiu concluir que estamos a levantar-nos duas horas mais tarde". 
Possível, tanto quanto há pessoas que para chegarem ao trabalho têm de apanhar camionete, mais barco, mais autocarro ou metro.

Sim, eu levanto-me mais tarde mas continuo a acordar cedo. Fico é a ler o jornal na cama, e sabe tão bem não andar a correr.

Amanhã é o 1º de Maio. Normalmente vou dar um giro pela manifestação, acompanhar um pouco do trajecto. Encontra-se gente e faz-se jus ao significado deste dia. E ainda há tanto para fazer!


46º dia de isolamento social (COVID-19)

As baratas da arrecadação por hoje podem continuar descansadas - Com o anti-histamínico que tomei ontem, hoje acordei tardíssimo. Nesta época só vou à rua cedo e já não fui comprar o "remédio.

Quem disse "não deixes para amanhã o que podes fazer hoje?" Hoje, ontem e amanhã serão parecidos. Para quê muito esforço?


A partir de 2a feira dia 3 isto vai piar mais fino. As regras do confinamento vão abrandar, algumas lojas pequenas vão abrir, os autocarros vão andar mais cheios. Não vou chamar a Isabel, embora a casa beneficiasse com uma limpeza maior. Deixemos ver como correm os 1ºs dias e logo verei. Continuo a pagar como se viesse, claro!

Hoje tomei o pequeno almoço à hora do almoço. O guisado de borrego que a essa hora pus ao lume, em slow-cooking, amanhã vai-me saber quem nem ginjas. Ao jantar só costumo comer sopa e neste confinamento ainda mais cuidado tenho de ter.

Ontem foi gira a reunião por Zoom com os maestros Sara Afonso e Pedro Ramos e 21 elementos do CoroArt. Programada uma gravação por Zoom. Toca a cantar todos os dias, a minha parte tem de chegar ao Pedro antes do dia 4 para ele trabalhar o conjunto. Bonita canção, "Convite", letra de Antunes da Silva, música de F. Lopes-Graça.

Já a cantámos ao vivo na Casa da Achada há 6 anos ainda com o Maestro Luís Almeida. Estou escondida atrás do maestro, só de vez em quando se vê.
Aqui deixo a gravação. 



Não estou a conseguir apagar este. Tentarei depois.

terça-feira, 28 de abril de 2020


45º dia de isolamento social (COVID-19)


O Presidente da Republica falou agora na televisão. "Estado de Emergência acaba a 2 de Maio mas não há facilitismo". 
Ontem o 1º Ministro admitiu o fim do Estado de Emergência em Maio, mas por fases.
Só no Conselho de Ministros do dia 30 serão discutidos pormenores.
Cá por mim vou sair se necessário e não me aproximarei de muitas pessoas.

Ao escrever isso lembrei-me que o meu neto Vicente faz 15 anos a 8 de Maio. Como festejará este ano?

Estou farta de espirrar. Mudei a toalha da mesa onde tenho trabalhado na sala. Estreei uma artesanal que trouxe do Brasil há alguns anos mas que nunca tinha visto a luz fora do armário. Será dela?
Por isso acho sempre que não vale a pena fazer compras e trazer "souvenirs" das minhas viagens, acabo sempre por não saber o que lhes fazer. Um dia destes encontrei umas bolsas que trouxe do Vietname, estão numa caixa. Seria para oferecer? Terei tido pena de alguém e por isso comprei?

Ontem fiz mais umas pequenas doações a músicos. Tinha já feito a um grupo de teatro. Não é muito mas se muita gente contribuísse seria alguma coisa. Eles têm dado espectáculos via FB ou outro e merecem serem gratificados. Até porque normalmente não têm contratos e nesta época de epidemia todos os concertos, peças de teatro e outros foram cancelados. E de certeza que nos próximos tempos não vão ser reagendados. "Próximos tempos" é um eufemismo, não temos a menor ideia de quando tempo será.

E agora fui tomar um anti-alérgico. Será que tenho de ir mudar de toalha? Esta é tão bonita!





segunda-feira, 27 de abril de 2020


44º dia de isolamento social (COVID-19)

Não são vírus mas a minha arrecadação na garagem está cheia de baratas, grandes e castanhas. Amanhã terei de ir à rua comprar um "remédio", que não tenho força para activar o spray que lá tenho. 

Nesta época recebemos tantos vídeos, ele é por WhatsApp, por messenger, por mail e só não me põem na caixa do correio porque não sabem onde moro. 
Não sou muito tolerante às invasões do meu espaço e isto é uma invasão.
Já respondi que estou a trabalhar, peço com bons modos que não me enviem, deixo de responder como gosto de fazer quando alguém fala comigo. 
Não os vou bloquear, são pessoas que conheço de carne e osso mas estou cansada desta bonecada, de filosofia barata, seja do que for. Raio de necessidade de "comunicar"!

Amanhã começam as reuniões do coro em que canto...por zoom. A sala de ensaio é pequena, somos bastantes, ficamos juntinhos, ele é braço, cotovelo a tocar-se, não, não poderemos ensaiar mesmo. Vamos a ver se assim dará. Era giro e nem tínhamos de sair de casa... Pronto, lá estou justificar pela positiva esta situação.
A propósito, pela velocidade que o ar de quando se canta atinge, este é um péssimo exercício para fazer em conjunto real.

E pronto, lá está a vizinha de cima a fazer ginástica. Mas saltos e corridas para quê?