sexta-feira, 1 de maio de 2020


49º dia de isolamento social (COVID-19)


1º de Maio 2020

Em 1974 subi a Avenida Gago Coutinho até chegar ao hoje chamado Estádio 1º de Maio e consegui entrar. Estaríamos 1 milhão de pessoas neste primeiro em Liberdade.
Já no fim e antes de começar a descer a bancada , dei comigo a abraçar o Dr. Leal, meu antigo professor de Físico-Química com quem eu tinha tido uma enorme pega. Abraçado um ao outro, chorámos os dois.
Na bancada abaixo o meu explicador de matemática do antigo 7º ano. Fiquei ali a saber, depois também de um enorme abraço, que depois de preso pela PIDE ficou proibido de leccionar no ensino público, e conseguiu dar explicações em casa, das quais vivia e de onde quase não saía.  
A partir dessa altura éramos livres! 
Hoje, em confinamento, estou em casa.

1er Mai 2020

Este ano, até as flores que em França se oferecem neste dia, les fleurs du bonheur estão de máscara. Estúpido Covid-19!




quarta-feira, 29 de abril de 2020


48º dia de isolamento social (COVID-19)



O 1º Ministro deu hoje a conferência de imprensa, para falar do desconfinamento. A partir de 4 de Maio haverá uma libertação de várias actividades. Quem está em tele-trabalho deve continuar até fim de Maio, assim como os estudantes.

Muita gente ficou em casa, ou porque as empresas estão fechadas, ou as pessoas estão a trabalhar em casa, assim como os alunos que as escolas não abriram.
Por isso achei graça a um estudo realizado pela empresa Águas do Tejo Atlântico "As análises do fluxo nos esgotos permitiu concluir que estamos a levantar-nos duas horas mais tarde". 
Possível, tanto quanto há pessoas que para chegarem ao trabalho têm de apanhar camionete, mais barco, mais autocarro ou metro.

Sim, eu levanto-me mais tarde mas continuo a acordar cedo. Fico é a ler o jornal na cama, e sabe tão bem não andar a correr.

Amanhã é o 1º de Maio. Normalmente vou dar um giro pela manifestação, acompanhar um pouco do trajecto. Encontra-se gente e faz-se jus ao significado deste dia. E ainda há tanto para fazer!


46º dia de isolamento social (COVID-19)

As baratas da arrecadação por hoje podem continuar descansadas - Com o anti-histamínico que tomei ontem, hoje acordei tardíssimo. Nesta época só vou à rua cedo e já não fui comprar o "remédio.

Quem disse "não deixes para amanhã o que podes fazer hoje?" Hoje, ontem e amanhã serão parecidos. Para quê muito esforço?


A partir de 2a feira dia 3 isto vai piar mais fino. As regras do confinamento vão abrandar, algumas lojas pequenas vão abrir, os autocarros vão andar mais cheios. Não vou chamar a Isabel, embora a casa beneficiasse com uma limpeza maior. Deixemos ver como correm os 1ºs dias e logo verei. Continuo a pagar como se viesse, claro!

Hoje tomei o pequeno almoço à hora do almoço. O guisado de borrego que a essa hora pus ao lume, em slow-cooking, amanhã vai-me saber quem nem ginjas. Ao jantar só costumo comer sopa e neste confinamento ainda mais cuidado tenho de ter.

Ontem foi gira a reunião por Zoom com os maestros Sara Afonso e Pedro Ramos e 21 elementos do CoroArt. Programada uma gravação por Zoom. Toca a cantar todos os dias, a minha parte tem de chegar ao Pedro antes do dia 4 para ele trabalhar o conjunto. Bonita canção, "Convite", letra de Antunes da Silva, música de F. Lopes-Graça.

Já a cantámos ao vivo na Casa da Achada há 6 anos ainda com o Maestro Luís Almeida. Estou escondida atrás do maestro, só de vez em quando se vê.
Aqui deixo a gravação. 



Não estou a conseguir apagar este. Tentarei depois.

terça-feira, 28 de abril de 2020


45º dia de isolamento social (COVID-19)


O Presidente da Republica falou agora na televisão. "Estado de Emergência acaba a 2 de Maio mas não há facilitismo". 
Ontem o 1º Ministro admitiu o fim do Estado de Emergência em Maio, mas por fases.
Só no Conselho de Ministros do dia 30 serão discutidos pormenores.
Cá por mim vou sair se necessário e não me aproximarei de muitas pessoas.

Ao escrever isso lembrei-me que o meu neto Vicente faz 15 anos a 8 de Maio. Como festejará este ano?

Estou farta de espirrar. Mudei a toalha da mesa onde tenho trabalhado na sala. Estreei uma artesanal que trouxe do Brasil há alguns anos mas que nunca tinha visto a luz fora do armário. Será dela?
Por isso acho sempre que não vale a pena fazer compras e trazer "souvenirs" das minhas viagens, acabo sempre por não saber o que lhes fazer. Um dia destes encontrei umas bolsas que trouxe do Vietname, estão numa caixa. Seria para oferecer? Terei tido pena de alguém e por isso comprei?

Ontem fiz mais umas pequenas doações a músicos. Tinha já feito a um grupo de teatro. Não é muito mas se muita gente contribuísse seria alguma coisa. Eles têm dado espectáculos via FB ou outro e merecem serem gratificados. Até porque normalmente não têm contratos e nesta época de epidemia todos os concertos, peças de teatro e outros foram cancelados. E de certeza que nos próximos tempos não vão ser reagendados. "Próximos tempos" é um eufemismo, não temos a menor ideia de quando tempo será.

E agora fui tomar um anti-alérgico. Será que tenho de ir mudar de toalha? Esta é tão bonita!





segunda-feira, 27 de abril de 2020


44º dia de isolamento social (COVID-19)

Não são vírus mas a minha arrecadação na garagem está cheia de baratas, grandes e castanhas. Amanhã terei de ir à rua comprar um "remédio", que não tenho força para activar o spray que lá tenho. 

Nesta época recebemos tantos vídeos, ele é por WhatsApp, por messenger, por mail e só não me põem na caixa do correio porque não sabem onde moro. 
Não sou muito tolerante às invasões do meu espaço e isto é uma invasão.
Já respondi que estou a trabalhar, peço com bons modos que não me enviem, deixo de responder como gosto de fazer quando alguém fala comigo. 
Não os vou bloquear, são pessoas que conheço de carne e osso mas estou cansada desta bonecada, de filosofia barata, seja do que for. Raio de necessidade de "comunicar"!

Amanhã começam as reuniões do coro em que canto...por zoom. A sala de ensaio é pequena, somos bastantes, ficamos juntinhos, ele é braço, cotovelo a tocar-se, não, não poderemos ensaiar mesmo. Vamos a ver se assim dará. Era giro e nem tínhamos de sair de casa... Pronto, lá estou justificar pela positiva esta situação.
A propósito, pela velocidade que o ar de quando se canta atinge, este é um péssimo exercício para fazer em conjunto real.

E pronto, lá está a vizinha de cima a fazer ginástica. Mas saltos e corridas para quê?

domingo, 26 de abril de 2020


43º dia de isolamento social (COVID-19)


O meu filho M veio entregar-me à porta e de braço esticado a 1ª refeição inteiramente feita por ele. Muito faz o amor, antigamente não cozinhava! Ainda há pouco a I fazia a comida e agora ele deu um passo em frente. Estava muito bom!

Domingo, dia de reunião de família. Desta vez recebi o convite para o Zoom, "Concerto do Francisco".

Como de costume há sempre aspectos a melhorar à última hora mas connosco a assistir.
Começou o concerto, giro como o miúdo gosta de se exibir. Com 1 aula da professora de piano por semana e uma de repetição comigo, vê-se a olhos vistos como tem melhorado.
Com a flauta a mesma coisa, a repetição aqui é feita com a avó Zé e são 5 minutos por dia. Nota-se imensa evolução! Tudo por skype.
Nada como estudar e treinar para se melhorar.

E a conversa recaiu como era suposto sobre o dia de ontem, o 25 de Abril.
Vimos vídeo da Inês com a sua varanda engalanada com cravos feitos pelas miúdas e colados na janela, mais a do vizinho de cima com bandeiras e rádio aos berros. Todos cantaram a Grândola e ficou giro para recordar.
Cada um de nós também contamos a nossa forma de festejar.
O V., meu neto mais velho, não quis cantar mas recitou o poema do Zeca. Muito bem, até.
Falou-se de um dos filhos do Zeca, história engraçada porque tratava-se de uma paixão que ele terá tido pela M aos 15 anos, escrevendo-lhe cartas de amor mas nunca se tendo declarado ao vivo. Seria tímido mas já dormia com a criada. As cartas eram transportadas da sua casa para a da M pela criada antiga, carteira e guardadora de segredos.

E reparo que são quase horas de jantar e eu com a sopa por fazer. Assim se passou uma agradável tarde.





sábado, 25 de abril de 2020


42º dia de isolamento social (COVID-19)

25 de Abril 1974, Dia da Liberdade. 


"Onde é que você estava no 25 de Abril?" perguntava Baptista-Bastos num dos seus programas, Conversas Secretas passado numa  estação de televisão.

Eu? Há 46 anos estava no 3º dia de Lua de Mel, no Gerês.
Desde então sempre festejado na rua.
Hoje estou em isolamento em casa, estamos todos.

A Junta de Freguesia distribuiu cravos, deixou nos para brisas dos carros e à porta do prédio.

Cantei, como muita gente, a Grândola à janela. 






E só depois de ter publicado este vídeo reparei que também na Galiza se cantou.

E para o ano já O poderemos festejar na rua?