domingo, 27 de dezembro de 2009

poema - Carlos Drummond de Andrade

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QUALQUER TEMPO
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Qualquer tempo é tempo.
A hora mesma da morte
é hora de nascer.

Nenhum tempo é tempo
bastante para a ciência
de ver, rever.

Tempo, contratempo
anulam-se, mas o sonho
resta, de viver.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

aconteceu em viagem - 3 Açores

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Em cima da mesa de um restaurante na ilha de S. Miguel estava este postal.
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Os Açorianos compreenderam a possível birra do menino.
Nada como um ananás para reconfortar a criança.

E com vantagens acrescidas.
Diz no verso que:

-Acelera a cicatrização
-Reduz o colesterol
-Melhora a circulação
-Previne a osteoporose e as fracturas ósseas
-Tem acção anti-inflamatória e anti-cancerígena
-Contribui para uma dieta equilibrada
-Previne a secura da pele
-Tem acção antidiurética

Já se vê, para o meu pèzinho, ananás todos os dias!

poema - Luísa Ducla Soares

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AO MENINO JESUS

Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.

Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

Os reis de longe trazem
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.

Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.

Luísa Ducla Soares

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

aconteceu no Natal - 1

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Não gosto do Natal comercial, nem da obrigatoriedade de festas de data fixa.
Aqui há uma mais de uma dúzia de anos, resolvemos fugir de Lisboa e fazer só os quatro, uma coisa diferente, um Natal simples na aldeia.

Tenho uma casa de construída pelo meu bisavô na parte velha de uma pequena vila ribatejana. Sendo uma casa simples é interessante, toda ela virada para um pátio central metade coberto e onde uma cisterna recolhe a água das chuvas. Um dos lados do pátio comunica por um arco com um pequeno jardim, que lhe dá uma noção de extensão verde, agradável.

A cozinha é grande, hoje tem lá a mesa de comer e comunica com uma divisão que tem uma lareira grande (fumeiro), onde quase nos metemos dentro.
Quando eu era criança faziam-se enchidos que ali eram fumados.

Perguntei na padaria como era hábito festejar o Natal e explicaram-me, bacalhau com couves, fritos que se faziam à lareira e missa do galo lá para a meia-noite.

À volta da lareira com um fogo bem espevitado e depois do bacalhau, a massa das filhoses (que fizeram o favor de me dar prontinha) foi sendo frita uma a uma, numa frigideira em cima de uma trempe poisada por cima das brasas. Retiradas do azeite eram envolvidas em açúcar e canela e comidas quentinhas, acompanhadas de café de cevada com canela. Coisa simples e tão saborosa!
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Cumprimos quase tudo, porque quando nos demos conta, tínhamos deixado passar a missa do galo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Poema - Maria Virgínia Varela

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O TEMPO
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É atrás do tempo que me escondo
Quando sinto a saudade dentro de mim,
E, ali fico quieta...mas à espera
Que esta dor um dia tenha fim.
No doce enleio das recordações,
Oiço as palavras que uma boca murmura,
Sinto o teu cheiro no ar que me rodeia
E um abraço cheio de ternura.
Tento esquecer a hora da partida
Que levou todas as minhas alegrias,
E espero que o tempo me ajude
A tornar as noites noutros dias.
Mas o tempo está ali entre nós,
A lembrar tudo aquilo que perdi.
Contos os dias que já passaram,
Só não sei quantos faltam....
Para chegar a ti..!

aconteceu no taxi - 6

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Mais uma vez chamo um taxi.
Depois daquela experiência de apanhar um na rua sem marcação, e em que me sai um chauffeur bêbado, agora só quero taxi com reserva prévia, como aliás é meu costume. Pelo menos sinto-me mais segura, que têm a quem prestar contas, são uma cooperativa de sócios com regras (refiro-me aos taxis da Autocoop que são os que chamo).

Desço as escadas lentamente com o apoio das canadianas e o taxista com um grande sorriso recebe-me e abre-me a porta.

Então está melhorzinha? Quando me disseram que era para aqui pensei logo que devia ser a senhora.

Eu não me lembrava dele, não teria havido história marcante ou nesse dia em não estava disponível para estar atenta.

Pois, disse para me refrescar a memória, andou no meu carro quando foi ao Hospital de Jesus. Ía pôr o gesso, já foi há uns tempos.

Pois já, quase há 2 meses e continuo com o osso sem calcificar!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009