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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Aconteceu... aventuras e desventuras de uma avó com os netos

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A chegada de uma avó do estrangeiro, neste caso eu,  mesmo que lá tenha estado só uns dias, é sempre motivo de grande expectativa. Trouxeste-nos alguma coisa? 
Os meus netos entusiasmados, foram saboreando antecipadamente a minha chegada. Ao telefone, o mais velho pergunta ansioso quando vou lá a casa. Será um dinossauro? Uma bola de futebol? uns cubos para fazer torres? 
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Não sendo uma consumista, há sempre qualquer coisa que trago. E tento sempre o que não há por cá, mesmo que insignificante, o que com isto da globalização é cada vez mais difícil. Mas tenta-se.
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Apesar de ter chovido durante parte do dia, e perante uma acalmia,  ao fim de tarde lá fomos nós à praia para tentar lançar um papagaio. Simples, um triângulo riscado com fitas coloridas que tinha visto esvoaçarem no ar quando puxado pelo vendedor. Com muito entusiasmo rodearam-me, suspensos no momento. Eis que devo ter sido enganada, ou será mesmo assim, não trazia fio para poder voar e ficar bem preso nas mãozinhas pequenas dos miúdos. Toca a guardar no saco e o lançamento ficou adiado.
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Vamos para casa. Novo entusiasmo, o DVD com o filme de animação Rio, giríssimo, que me encantou quando o vi durante a viagem de avião.
Para o comprar corri muitas lojas, parecia esgotado; e eis quando a descoberta de uns últimos exemplares me fizeram ficar contente.
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Os netos de banho tomado, cabelo penteado e trabalhos de casa feitos, e sentámo-nos frente à televisão para ver o vídeo. E eis que no écran aparece escrito "Fora da Região". Bolas!
Na loja nem me lembrei de ver se aquela gravação impedia que o DVD fosse universalmente visionado. Lá prometi aos miúdos que haveríamos de descobrir como resolver este problema, e passamos à descoberta da última lembrança.
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 Tinha-o visto ser lançado na rua. Trata-se de uma fisga que atira para o ar um led, que sobe brilhando na noite escura, quase chegando à altura de um 2º andar. Mas os pijamas vestidos já não davam para ir à rua, e lançámos a engenhoca mesmo ali na sala. O resultado foi mais um falhanço, o tecto é baixo e o efeito não teve graça nenhuma.
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Foi então que sorrateiramente desci ao supermercado que fica no prédio mesmo ao lado.
Que bem lhes soube aquela tablette de chocolate!
E ficou salva a minha honra perante os netos. 

domingo, 21 de fevereiro de 2010

aconteceu...no Serviço Médico à Periferia -3

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Aquele doente estava de baixa há imenso tempo. Queixava-se de umas dores inespecíficas e de impossível confirmação quer à observação quer com estudos com meios complementares de diagnóstico, que vinham todos negativos.

Tinha tido um problema ortopédico, seguido nos hospitais centrais e depois encaminhado para a minha consulta num posto de uma aldeia da Beira Alta.

E todos os meses lá estava ele, queixoso, e a pedir mais um mês de baixa..

Enviei-o à consulta da especialidade pedindo indicações. Por carta o colega confirma a situação clínica pouco clara, pelo que, enquanto o doente apresentasse queixas, lhe fosse passando a baixa. Caso contrário deveria ter alta imediata.

Assim fui fazendo. .

Passou-se o outono, entramos no Inverno, um frio de rachar, a água congelada nos canos, as estradas cheias de gelo, mas religiosamente lá vinha o doente. Um dia pergunta-me se estaria de baixa até à Páscoa. Se fosse preciso....

Na consulta seguinta, vinha sorridente. Que se sentia muito bem, tinham desaparecido todas as coisas de que se vinha queixando até ali. Parecia outro, solto e bem disposto.

Perante esta nova situação dei-lhe alta.

Exaspera-se. Quase levanta a voz, que eu lhe tinha dito que ele iria ficar de baixa até à Páscoa. Se fosse preciso tinha dito eu, mas parece que agora já está bom terei respondido..

O doente levanta-se, mete a mão num bolso do casaco e retira de lá dois pares de meias de lã feitas à mão, discretamente rendadas. Pega nelas e atira-as literalmente para cima da mesa, com tanta força que quase me caíram em cima, enquanto esclama ."Assim como assim, a minha mulher fê-las para os seus filhos"..

Nunca mais o vi.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

poema - Luísa Ducla Soares

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AO MENINO JESUS

Hoje é dia de Natal
Mas o menino Jesus
Nem sequer tem uma cama,
Dorme na palha onde o pus.

Recebi cinco brinquedos
Mais um casaco comprido.
Pobre menino Jesus,
Faz anos e está despido.

Comi bacalhau e bolos,
Peru, pinhões e pudim.
Só ele não comeu nada
Do que me deram a mim.

Os reis de longe trazem
Tesouros, incenso e mirra.
Se me dessem tais presentes,
Eu cá fazia uma birra.

Às escondidas de todos
Vou pegar-lhe pela mão
E sentá-lo no meu colo
Para ver televisão.

Luísa Ducla Soares