quarta-feira, 17 de março de 2010

Aconteceu...a propósito do vídeo de ontem

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Não sei se aconteceu aquele telefonema, mas vou acreditar que sim, quanto mais não seja para poder fazer alguns comentários.
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Ao ouvir o vídeo, notamos estarmos perante uma miúda certamente inteligente, que usa a linguagem de forma desenvolvida.
Incomoda o aparentar uma segurança pouco habitual naquela idade. Segurança, determinação e frieza, para além de uma ausência de sentido moral.
A miúda tem a iniciativa de telefonar, sabe expôr perfeitamente que está desgostosa com a escola, os professores que a mandam trabalhar mais do que ela desejaria, e resolve o problema com grande limpeza, imaginando um plano para acabar com todas estas coisas aborrecidas: deitar a escola abaixo e matar todos os professores.
Curioso que não falou nos colegas, terá pensado neles?
E do outro lado do telefone, temos umas pessoas que receberam o telefonema e todas estas ideias da miúda. Inicialmente há uma senhora que fica francamente perplexa, pelo que muda para um colega, e acabam rindo, divertidíssimos e até apoiando a ideia.
Não há nenhuma conversa no sentido de perceber melhor a miúda, o incómodo dela, saber quem é, ajudá-la a pensar que talvez há-ja outras soluções para a poder ajudar a resolver tal desgosto. Só há uma breve tentativa, mal sucedida, de saber qual a escola.
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Lembrei-me das linhas SOS, SOS criança, SOS suicídeo, SOS vítimas da violência e outras, em que, pela escuta atenta e empática se ajudam crianças e adultos, encaminhando-os se necessário para serviços especializados.
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Há um aspecto que me parece muito importante de salientar e que muitas vezes não é entendido. Pensar, falar e fazer são coisas de nível completamente diferente. Podemos e devemos pensar tudo o que nos vem ao pensamento.
Já só diremos algumas dessas coisas, que para isso temos a nossa capacidade cognitiva que nos ajuda a compreender os nossos sentimentos, e temos o sentido de moral, que pela crítica nos organiza a repensar o pensamento.
O fazer, a acção, essa já passa pelos filtros anteriores do falar e outros bem mais apertados.
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O menina do telefonema do vídeo deixou-me incomodada.

2 comentários:

  1. Deixei o meu comentário com o meu próprio texto, no meu próprio blog da minha azinhaga.
    Ao procurar o teu, deparei na conversa viva com teu Pai e em todos os confrontos da vida que decorre, dentro do vivido, amado e não amado. Segundo a História, a Mitologia, tudo segue a adversidade do momento; a casualidade do amoral é sempre a condição do discutível que nos integra e desintegra. Faz os desnhos desse "incómodo" e mostra-nos. Quanto ao negro que deixei, ainda não consegui sublimá-lo. Nem espaço encontro para "repará-lo" com ouro Bizantino. Mas, talvez como dizes seja o Antro daquele lugar e daquele rasto do homem enorme.

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  2. É evidente que ao ver aquele vídeo, podemos estar a ver qualquer coisas descontextuada. Pode estar inserido numa peça de teatro, ou outra coisa qualquer.Nós é que só vimos o vídeo.
    Sabes, aqueles vídeos que certos pais mandam para programas de tv, com os filhos a dar quedas e ficarem a chorar, acho sempre uma enorme malvadez, em vez de ficarem aflitos, filmam.
    Não desenho há uns anos, vai ser dificil ficares à espera disso, mas como não se deve dizer nunca...

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