domingo, 21 de fevereiro de 2021

Jantar de domingo

 339º dia do recomeço do blog

Há pouco ao telefone o meu filho mais velho dizia que já não nos víamos desde o dia anterior ao confinamento. À mesa estava o meu filho mais novo que na próxima semana muda para uma casa mais adaptada aos cães que ele e a Inês têm.

Fico com ambos os filhos a morarem em concelhos diferentes do meu. Se o confinamento continuasse só os poderia ver de semana. Mas como se todos trabalham? Possível mas mais difícil.

Tem alguma comparação com os Pais dos filhos que emigram para outros países, às vezes separados por  muitos kms e muitas horas?

Sem trânsito um fica a 15, o outro a 40 minutos.

Voltámos a falar disto hoje ao jantar. Para nos habituarmos, talvez mais eu. Embora se passem dias sem nos encontrarmos, se isso acontece é quando vão passear os cães, somos muito independentes.

Uma coisa nos une, a mesma empregada que há 40 anos a servir-nos, uns dias a mim outros aos meus filhos que ajudou a criar, vai deixar de ser esse laço. Já disse que desta vez não os acompanha. 

É pena que não possam ficar mais perto, mas os preços determinam algumas opções.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Café Society para finalizar

 338º dia do recomeço do blog

Choveu todo o dia. As gotas escorriam pelas vidraças das minhas janelas. Não oiço a chuva porque os vidros duplos não deixam mas pus-me a pensar na música da Sylvie Vartan, êxito nos anos 60. 

J´écoute en soupirant la pluis qui ruisselle
Frappan doucement sur mes carreaux
Comme des milliers de larmes qui me rappelle
Que je suis seule en l´attendant.

E lembrar às vezes é como as cerejas, atrás de uma memória vem outra, o Teatro Monumental onde a fui ver duas vezes, como eu cheiinha e sem toque atrativo, pensava eu , olhava para ela como um modelo desejado.

E o então marido dela, o roqueiro em francês Johnny Halliday, que também vi no mesmo teatro. Fiquei a conhecê-lo quando a minha Mãe entrou em casa com um 45 rotações acabado de sair.

Daí para o Youtube foi uma parte da tarde, a ver, ouvir, entrevistas deles e o filho, que eu nem sabia que existia, um pouco da biografia, dos países de origem, enfim, umas horas em que não costumo perder tempo. Mas soube-me bem.

Acabei a noite a ver mais um filme do Woody Allen, Café Society. São sempre os mesmos temas, as quase mesmas músicas, mas diverti-me imenso. 

Brilhante a do judeu que foi condenado a morrer na cadeira eléctrica e que se converte ao catolicismo porque para os judeus não há vida para lá da morte.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Feelgood? Às vezes, tem dia, tem horas.

 337º dia do recomeço do blog

Max Jacobson foi médico de muitas personalidades inclusive do futuro presidente dos EUA John Kennedy. Conhecido como Doctor Feelgood, era o médico que dava felicidade. Dominava bem as drogas, nomeadamente  anfetaminas e drogava os pacientes por forma a dar-lhes força, ânimo e confiança neles próprios.

Muitos dos seus doentes ficaram adictos. Na altura ainda não estava regulamentado o seu uso.

Ontem precisaria eu de um Doctor Feelgood? 

Não, neste estado de pandemia com as dúvidas quanto ao futuro, sem perspectivas quanto ao final, isolada de relações, isto que tive ontem tem de ser considerado normal. Hoje tão atenta estive a ler até ao fim do livro, interessada e deliciada. A leitura, quando se consegue ficar preso é uma muito boa solução. 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Escrever é juntar letras? Que disparate!

 336º dia do recomeço do blog

"E eu que digo isto - por que escrevo eu este livro? Porque o reconheço imperfeito. Calado seria a perfeição; escrito, imperfeiçoa-se; por isso o escrevo."

Bernardo Soares in O Livro Do Desassossego.

Ele escreve tão bem! E tem pensamentos profundos, por vezes inquietos.

E eu, por que escrevo neste blog todos os dias? Sinto-me, como hoje, uma penitente a cumprir a sua promessa. 

Estou pesada, lenta, quase apática. Dormi mal, acordei cedo. Acordar às 2h da madrugada e eu a julgar que já é de manhã, tal desperta fico. 

Ao longe ouço as notícias da noite. Ouço? Não, há o som mas não dou sentido às palavras. Não quero ouvir.

Não quero escrever, não quero pensar. Fico por aqui, amanhã é outro dia.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Foi breve a estadia mas tenho umas ideias sobre o assunto

 335º dia do recomeço do blog

Sala de espera de um centro de saúde. Comigo sete pessoas, cadeiras espaçadas por duas vagas, em redor das quatro paredes da sala. Numa das paredes, em cima, uma televisão ligada. 

Chega uma senhora, utente como se diz, trazia duas máscaras, e com exuberantes caretas retirou a cirúrgica que tinha por baixo de outra, com gestos e caretas a mostrar que estava cheia de calor na cara e com falta de ar. Ficou imediatamente bem.

Uma mãe com uma criança ao colo mostra-lhe no telemóvel um filminho com vozes de miúdos a cantarem canções infantis. Normalmente acharia pouco adequado o uso permanente dos écrans às crianças. Mas agora no estado em que estamos elas passam todo o dia a ver écrans, coitaditas!

A televisão, com som, dava notícias desgraçadas umas atrás de outras. Pensei estar num canal ordinário mas vendo melhor era a RTP3. A Valentina, coitada da menina morta às mãos do pai e madrasta, que a jornalista à porta do tribunal nomeava de mãe. Com todos os pormenores conhecidos!

Os centros de saúde terão televisão por cabo? Se têm poderiam ligar para canais da natureza, animais e música por exemplo. Se não têm a RTP Memória tem uns programas interessantes.

Mas evitem replicar este tipo de programas!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

"A vida são dois dias e o Carnaval são três"

 334º dia do recomeço do blog

Hoje é 3a feira de Carnaval. Não há tolerância de ponto. Estamos em confinamento.

Em 1993 o então Presidente da Republica Cavac@ Silva "cortou" a tolerância de ponto na 3a feira de Carnaval aos funcionários públicos. 

Em 1992 o Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa foi integrado no Hospital Dona Estefânia. Apesar disso fiquei a trabalhar na mesma equipa, a Clínica da Encarnação. E como de costume ao chegar ia dar um sorriso à nossa directora e mentora Dra. Maria José Vidigal. Entrei e ela embatucou. É que eu tinha um laço enorme feito de papel crepom azul turquesa ao pescoço. Olhou-me mas não comentou e eu nada disse. Assim estive todo o dia, todas as consultas com as crianças e com os pais delas. Ninguém comentou e eu não me desmascarei.

Foi uma atitude de protesto. Na altura aquele decreto caiu mesmo mal. E sem razão para ele. 

Quanto às máscaras, agora usamos todos os dias, carnaval para quê?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Hoje de manhã saí muito cedo ...

 333º dia do recomeço do blog

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...
Alberto Caeiro

Nada como a chuva, vento e frio para que se cumpra melhor o confinamento.

Desde que começou o sol, também eu comecei os meus passeios. Tenho sorte, moro em Lisboa mas num sítio rodeado por jardins, parques e quintas. Sábado e domingo alterei aminha rota, havia muito mais gente. Hoje já estava quase só eu e os poucos que se cruzaram comigo tinham máscara. Mas vi na televisão magotes de pessoas. Estamos fartos do inverno e do confinamento. Mas contem comigo, sou a favor dele.

Sempre dei erros de ortografia, mas agora com o computador é muito mais fácil ter certezas. Ainda há pouco fui-me certificar da ortografia de "contem" que escrevi no parágrafo anterior. Claríssima explicação, contem sem acento é do verbo contar, no sentido de cumprir um acordo, que é o que eu queria, contém com acento é do verbo conter.

Vi há pouco na televisão uma imagem que acho não era portuguesa. Eram pessoas a perder de vista, bastantes de raça negra. O que foi dito é que a fome estava a aumentar em Portugal. E depois houve entrevistas onde se ouviu contar o número, melhor o aumento, de pessoas que pedem ajuda alimentar. Da quantidade de famílias no desemprego, casais jovens, é terrível. Sempre houve desigualdade social mas agora parece-me que está a aumentar. Fome, que vergonha ainda ou voltarmos a ter.