sábado, 13 de agosto de 2011

Poema - Fernando Luís Sampaio

.
OS CANTORES DO FUTURO
.
Nada permanece desses anos inquietos
Deixados à porta da idade como sacos
De lixo atados, testemunho que reclama amizades
E mortes.
O destino dessas palavras
São o seu eco, um bilhete de autocarro
Ainda marca a ilusão interrompida - foi
Assim a nossa luta de classes, sem a ilusão
Que desafia os cantores do futuro.
.
Agora é esperar que algum sentido
Te surpreenda a meio do caminho que
Te leva à primeira cervejaria, um
Marasmo de espuma e poemas polidos
Pela miséria episcopal da nação
Que todos os dias te oferece a morte para versejar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Aconteceu...serão as catedrais do nosso tempo?

.
Quando abriu o Centro Comercial Colombo, grupos excursionistas vinham de todo o Portugal e eram ali depositados. O local e as suas lojas eram visitadas quase com o mesmo respeito e atenção que outras pessoas dedicam à "Galleria degli Uffizi" em Florença.

Na Marina de Vilamoura, grupos de estrangeiros são despejados para visitarem o "Sete Café", bar do Figo e China. De forma ordeira, alinhados como se fossem alunos na forma para entrarem na aula, entram e lá ficam a admirar. As paredes cobertas de fotografias de gente do futebol e do espectáculo internacional funcionam são olhados como se de um quadro de Botticelli se tratassem.

Um pouco mais adiante, eis que param na CR7.  Olham, miram, (terão reparado nos bodies para bebés que dizem I love Cristiano Ronaldo?), e acabam no exterior, a posar para as fotos tendo como fundo a imagem de corpo inteiro do dono da loja.

Que tem de estranho? Não há quem tire foto de braço estendido como se a segurar a Torre de Pisa? Ou junto da varanda de Romeu e Julieta em Verona? 
Há quem visite em Paris a frutaria "Au marché de la Butte", um dos locais que serviu de cenário no filme "O Destino de Amélie Poulain". 
Quem vá beber um Mojito à "La Bodeguita del Medio" em Havana, numa peregrinação aos lugares de Hemingway, ou beber um copo no "Les deux Magots", em Paris, pensando em Sartre, Simone de Beauvoir e outros intelectuais marcantes da cultura francesa. 

"À Chacun Sa Vérité", escreveu Pirandello. A mim apetece-me escrever "Cada Qual Com a Sua Cultura".

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aconteceu...noites de verão

.
.........................................Foto - Magda

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Poema - Al Berto

.
VISITA-ME ENQUANTO NÃO ENVELHEÇO
.
visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado
.
tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores
.
ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos
.
antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água
.
com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

domingo, 7 de agosto de 2011

Aconteceu...eu cá não compro na lota!

.
..........................................Foto - Magda

sábado, 6 de agosto de 2011

Aconteceu...ainda as bolas de berlim. Preconceitos?

.
Já tinha passado uma parte da manhã e nenhum vendedor português tinha passado. A criança ia-se impacientando, então e este, perguntava ele a cada brasileiro que passava, espera mais um bocadinho, dizia-lhe a avó que queria manter hábitos e memórias antigas.
.
Um dos problemas da ingestão da bola de Berlim  na praia tem a ver com o horário a que se come. Logo à chegada é quase em cima do pequeno almoço, muito tarde pode interferir com o apetite para o almoço, e eles eram dos que faziam praia nas horas recomendadas.
.
Por estas razões, teve de se quebrar a regra de comprar ao português, e chamou-se um brasileiro.
.
O homem parou, abriu a caixa de esferovite com o nome do melhor supermercado gourmet da zona, esclarecendo, porque perguntado, que as bolas de Berlim não eram dessa loja. Eles dão-nos as caixas e nós fazemos propaganda, explicou. Levantou a tampa e dentro, em sacos de papel branco, estavam umas bolas muito claras e bem polvilhadas de açúcar.
.
A criança comeu compenetradamente e com manifesto prazer.
E no fim comentou, não sei porque não querias que eu comprasse a estes, as bolas são muito boas e até são maiores!