sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Aconteceu...gato preto, monstros e sexta-feira 13

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De forma perfeitamente involuntária, ontem pus um poema em que entra um gato preto e hoje outro com monstros.
Já repararam que hoje é sexta-feira 13?

Poema - José Carlos Barros

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OS MONSTROS
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Nos pesadelos
os monstros às vezes temem que os olhemos de frente
que possamos apagar-lhes a sombra
ou acordá-los a meio da tarde
abrindo as portadas dos seus refúgios
deixando a luz avassaladora a cobrir-lhes o corpo
a queimar-lhes as pupilas remanescentes
como se fôssemos nós
os monstros
deles.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Poema - Eugénio de Andrade

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ACERCA DE GATOS
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Contigo chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aconteceu...Lisboa em Agosto

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Uma amiga minha, dizia-me um destes dias, que não se nota nenhuma diferença de movimento este mês em Lisboa. Achei estranho, pensei, será que com a crise o pessoal ficou todo cá? Ou saíram alguns mas os de fora vieram à capital e mantém-se a população e o trânsito?
Cheguei de férias e constatei logo que não era bem assim. Há gente, mas nas ruas por onde me movo há muito menos que o habitual e nos parqueamentos há muitos lugares vagos
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Mas ela tem razão numa coisa, se compararmos com há vinte anos atrás, a sensação de cidade deserta que tinhamos desapareceu.
Eu escolhia sempre trabalhar em Agosto, era um sossego a cidade livre.

Ainda não tinham instituído os horários escolares europeus, e por isso os rapazes ainda tinham o mês de Setembro livre. Era esse tempo que aproveitávamos para sair até porque nos livrávamos de uma feira que se faz à porta de nossa casa durante todo o mês.

Mas ao contrário de antigamente, a cidade de hoje fervilha de acontecimentos.
Estive a pesquisar na internet e vi que seria quase impossível seguir todos os eventos, concertos, teatros de rua, exposições. Nisto, estamos à nossa escala, a caminho de uma capital europeia.

No domingo andei à procura de restaurante aberto aqui na minha zona. A maior parte fecha nesta altura do ano!

Mas continua a ser muito agradável este mês em Lisboa...apesar das altas temperaturas que têm estado.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Poema - A. M. Pires Cabral

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DEGRADAÇÃO

Toda a gente foi domingo
alguma vez.
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Depois nas fezes aparecem
sinais de sangue, ou na urina.
Declaram-se abcessos,
coágulos, tumores.
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Passam então a ser uma sombria,
pesada, intransitiva
segunda-feira

domingo, 8 de agosto de 2010

Aconteceu...que as férias de verão acabaram

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1 - Ontem ao jantar perguntei se alguém sabia se os consultórios e as clínicas a que recorrem, estão licenciadas.
Claro que ninguém tinha pensado nisso, e eu também não. Mas existem entre 200 e 300 clínicas não legalizadas segundo a ERS (Entidade Regularizadora da Saúde). Depois é um ai Jesus, que incrível! quando acontece algum problema grave com um doente, como recentemente aqui no Algarve. Mas afinal, quem, senão as autoridades, para pensar e actuar rápido quando sabe da existência de alguma? A bem da nossa segurança! Parece que não, porque nós é que devemos ver se está afixado o certificado na parede, nós é que devemos perguntar se há livro de reclamações, nós é que podemos ir à net ver no portal da Entidade como está a situação da clínica onde pensamos ir, segundo afirmou o presidente da ERS!

2 - Alguns bocados dispersos de conversas de vizinhos da praia:
Entre adolescentes crescidos: "Ele - então tu és a favor do casamento entre gays?" Ela - " Claro que sim, qual o problema?" Ele " E a adopção por gays?" Ela - "Claro que sim!" Ele - "E coitado do puto, chega ao 1º ano e perguntam-lhe o nome do pai José e o da mãe António, já viste o que vai ser?" Ela -" Não achas que ser maltratado por hetero pode ser terrível?" E diz ele que deve viver noutro planeta "Ora, isso é raro!" e eu sigo que já estou de saída.

Entre jovens adultas - "Ela - Ontem foi giro! Eles não tinham dinheiro, paguei a todos a entrada, éramos seis, foram só 60€ e assim bebi a bebida de todos" Outra - "E depois?" Ela - "Sei lá, não me lembro de nada!", e eu sigo que vou dar um mergulho.

3 - É assim, as férias acabaram 6ª feira, este fim de semana é bónus.
Cá estou, de novo, em Lisboa.