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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Aconteceu...ter a lua como companheira

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Vou no comboio e a tarde cai. Esta é das horas do dia que mais gosto. O céu ainda está azul, limpo mas deixou de estar brilhante, e lá mais ao longe, até onde avistamos o horizonte, uma cor rosada pintou uma barra larga no horizonte.
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Há bastante tempo que a lua, redonda, cor de pérola e brilhante nos acompanha, ora ao lado, ora à frente. De vez em quando esconde-se por detrás de umas árvores. Procuro-a com alguma ansiedade e pouco depois descubro-a com alívio.
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Quase não passamos por aldeias, como aquela onde passei muitas férias em miúda. Agora, vistas daqui, quase todas as terras têm uns prédios e em muitas uma ou outra construção desinserida da paisagem, conjuntos de cubos desalinhados em cima ou ao lado, que tanto vemos no Algarve como na zona centro por onde o comboio passa.
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E continuo a ver a lua. Hoje estão nítidas as manchas interiores. Lá na aldeia da minha infância, nestes dias procurávamos distinguir o homem ou a mulher que carregavam um grande saco. Parece que cumpriam um castigo, diziam.
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As crianças destas novas aldeias, a esta hora, olham para a televisão ou jogam algum jogo electrónico.
Desconfio que não olham a lua.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aconteceu...bolas de Berlim com sotaque brasileiro

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Tanto quanto me lembro, a variedade de bolos que se vendem nas praias tem vindo a empobrecer.
Já lá vai o tempo das caixas brancas de folha que as vendedeiras vestidas de saia, camisa e avental brancos levavam à cabeça assentes numa rosquilha.
Num perfeito equilíbrio poisavam-nas na areia, ajoelhavam-se e com cuidado abriam as várias gavetas que elas continham cheias de bolos variados. E formava-se em seu redor um grupo de crianças e mães para escolher e comprar.

No Algarve havia os homens com as cestas de bolinhos de amêndoa de fabrico artesanal, queijinhos e arrepiados; e os vendedores de bolas de Berlim, todas arrumadas e apertadinhas umas contra as outras e ainda quentes por vezes.

O pregão era sempre o mesmo e as crianças que faziam bolas com areia molhada envolvidas em areia seca, sabiam-no bem. Boliiinhas, quentes e boas, há com creme e sem creme, numa música inesquecível.

Os bolinhos de amêndoas desapareceram. Os bolos variados levaram o mesmo destino.
As bolas persistem, mas com música diferente. É que são vendidas maioritariamente por brasileiros, há-as com creme de ovo e de chocolate, vêm enfiadas nuns sacos de papel, e perderam a graça toda. A música e as palavras do pregão mudaram e variam de homem para homem.

De vez em quando, muito raramente lá aparece um vendedor português, com as bolas apertadinhas umas contra as outras e a saírem lateralmente amolgadas. E depois o momento mágico, em que o vendedor pega  uma   com uma tenaz de bolos e a entrega amparada num guardanapo.
Parece que têm outros sabor. É dessas que compro.

sábado, 16 de julho de 2011

Aconteceu...pouca terra, muita terra num movimento pendular

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Fazer uma viagem de combóio pode ser uma coisa deliciosa. Tenho a recordação de várias Lisboa-Porto, lá para o meio do século passado, e da carruagem restaurante, com umas óptimas omeletes. Demorava menos que ir de carro, é bom que nos lembremos que as autoestradas não existiam, e a estrada era estreita, cheia de curvas e algumas serras para atravessar. Não era obrigada a ficar sentada como no automóvel, coisa que custa a qualquer criança.

Vem isto ao caso das actuais viagens nos alfa pendulares, rápidas, com boas cadeiras mas...onde enjoo, sobretudo se vier sentada de costas para o sentido em que o combóio se movimenta. O constante balançar ritmado da carruagem, lentamente mas constante como um pêndulo do relógio, cria em mim a situação semelhante à da pesca em barco parado, com ondulação lateral. O resultado é o mesmo enjoo.

Numa viagem recente, vinha eu de costas, tive de me pôr em pé, precisava de passear. O espaço central é tão estreito, que acabei por fazer parte da viagem em pé junto à porta da saída, com o olhar bem fixo para a frente.

Há coisas que não entendo, nesta evolução tecnológica. Tanto quanto me lembro, as costas dos bancos eram móveis, todos iam "virados" para a frente. Chegado ao destino e antes do início da viagem de regresso, as cadeiras eram com facilidade transformadas e postas na sentido certo.

E agora com, rapidez, vídeo, ar condicionado (por vezes frio demais), hospedeiras, jornais e café de oferta, aos bancos são rígidos na sua posição?

Há qualquer coisa que me escapa!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aconteceu...Lisboa em Agosto

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Uma amiga minha, dizia-me um destes dias, que não se nota nenhuma diferença de movimento este mês em Lisboa. Achei estranho, pensei, será que com a crise o pessoal ficou todo cá? Ou saíram alguns mas os de fora vieram à capital e mantém-se a população e o trânsito?
Cheguei de férias e constatei logo que não era bem assim. Há gente, mas nas ruas por onde me movo há muito menos que o habitual e nos parqueamentos há muitos lugares vagos
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Mas ela tem razão numa coisa, se compararmos com há vinte anos atrás, a sensação de cidade deserta que tinhamos desapareceu.
Eu escolhia sempre trabalhar em Agosto, era um sossego a cidade livre.

Ainda não tinham instituído os horários escolares europeus, e por isso os rapazes ainda tinham o mês de Setembro livre. Era esse tempo que aproveitávamos para sair até porque nos livrávamos de uma feira que se faz à porta de nossa casa durante todo o mês.

Mas ao contrário de antigamente, a cidade de hoje fervilha de acontecimentos.
Estive a pesquisar na internet e vi que seria quase impossível seguir todos os eventos, concertos, teatros de rua, exposições. Nisto, estamos à nossa escala, a caminho de uma capital europeia.

No domingo andei à procura de restaurante aberto aqui na minha zona. A maior parte fecha nesta altura do ano!

Mas continua a ser muito agradável este mês em Lisboa...apesar das altas temperaturas que têm estado.