sexta-feira, 8 de maio de 2020


56º dia de isolamento social (COVID-19)


Fiz hoje mais um pagamento para a excursão ao Perú marcada para Outubro.

Uma imagem às vezes pode valer mais que muitas palavras...



quinta-feira, 7 de maio de 2020


55º dia de isolamento social (COVID-19)


- Desde que por aqui estou, como diariamente uns quadradinhos de chocolate. Peso-me regularmente para não me deixar engordar.
Hoje ao telefonar a uma colega que quase não se mexe com dores nos joelhos e com muito peso no corpo para eles coitados aguentarem, fiquei a saber que come açúcar mascavado às colheres. Deu-me cá um enjoo!

- Finalmente consegui entregar o IRS. Um alívio, tantos quadradinhos e falta sempre alguma coisa.

- Tinha tantas tarefas para fazer hoje que usei a agenda como quando trabalhava. Tudo dentro de casa, claro, umas chamadas pelo telemóvel, outras no computador com vídeo, responder ao Covid-19 no FB etc.

- Um dos telefonemas era com a jornalista do Expresso para mais um artigo desta vez sobre idosos, "euzinha" e eu enquanto tive a minha Mãe a meu cargo até à sua morte.

- Um rapaz jovem, ali de um prédio em frente, está farto de sacudir tapetes à janela. Terá cão? Gato? Tantos tapetes que deve ter em casa! Sem aspirador? 






quarta-feira, 6 de maio de 2020


54º dia de isolamento social (COVID-19)

Pálida, pele amarelada e sem brilho, é assim que fiquei com 53 dias sem sol.


Sinto-me feia, macilenta, desmazelada, tristonha.

Por isso quando uso o Zoom para a família ou para as reuniões do coro, um bocado antes trato da minha aparência externa.
Uma camisa, de preferência branca, até posso estar de calças de fato de treino que ninguém vê,
Na cara ponho aquele creme mágico que nos dá cor, e muitas vezes também deixa marca na parte interior do colarinho,
Os olhos com um risco preto discreto a marcar o bordo superior dos olhos,
Às vezes um pouco de rimel nas pestanas,
Sempre o maravilhoso baton, beije acastanhado que os lábios ficam mais visíveis mas mais discretos que com um vermelho,
E para terminar, cabelo lavado e mais ou menos bem arranjado, pelo menos a franja esticada a rolo.

Apesar de não ser indicado,  é permitido sair de casa com justificação. Todos os dias procuro no boletim meteorológico as previsões para o Algarve.
Aguardo-a para sair.
SOL precisa-se!

terça-feira, 5 de maio de 2020


53º dia de isolamento social (COVID-19)


Ontem abriram um pouco as portas e bastante gente saiu para o trabalho, livrarias, barbeiros. 
No entanto ainda não há turistas e os transportes públicos, autocarros, eléctricos e comboios andam meios vazios.
Nem vai haver a peregrinação no 13 de Maio em Fátima!

Há muitos anos cruzei-me ,para azar meu, com um par de jeitosos num autocarro. Avô e um neto, homem jovem. O velhote, sentado, a meter conversa comigo sobre um hipotético cancro que teria e o neto, de pé atrás de mim  a levar-me a carteira dos cartões e dinheiro. Eu julgo ter sentido, virei-me e olhei-o e nunca mais esqueci o olhar penetrante com que me olhou, quase paralisante para mim. Quando saíram e fiquei mais à larga percebi logo que a minha mala pesava menos.

O negócio não corria mal. O Vitor, assim se chamava o neto, conseguiu convencer a jovem que com ele casou a aprender a arte de furtar carteiras. Também ela, por sorte, tinha os dedos indicadores e médios quase do mesmo tamanho o que ajuda muito no ofício. E mais tarde ensinaram os filhos. Ao fim do dia juntavam o dinheiro. Ao fim do mês verificavam que ganhavam mais que um médico interno da especialidade.
Viviam razoavelmente à larga, não tinham hábitos de leitura, nem de cinema, nem outros assim burgueses.
Este Corona vírus veio lixá-los! Nunca tinham descontado para a segurança social,  nunca tinham feito poupanças, nem nunca tinham pensado nisso.
São uns grandes prejudicados com esta situação. 

Recém crentes convictos, antigamente não ligavam a essas coisas, todos os dias rezam para que o Covid-19 vá embora e os turistas voltem. 



segunda-feira, 4 de maio de 2020


52º dia de isolamento social (COVID-19)

1º de desconfinamento para alguns trabalhadores, pequeno comércio, cabeleireiros, manicuras, livrarias e comércio automóvel. 
Obrigatoriedade de máscara nos transportes públicos e lojas.
Para já fiquei em casa.

Os vizinhos já vieram, vários, bater à porta, saber se estou bem, se preciso de alguma coisa...
Assustados com os múltiplos agudos desafinados que desde ontem ensaio, criei o pânico no prédio. Eu que costumo ser discreta, silenciosa, sempre de chanatas de pano nos pés, que além de confortáveis vão limpando o chão, eis que há dois dias só grito. Quer dizer, eu queria cantar mas os agudos que me indicaram não são para mim. Sou contralto voz suave e doce.
E a cara dos vizinhos, só vista! Olhos esbugalhados, a pedir desculpa mas cheios de vontade de rir, que figura faz quem anda num coro que quer editar uma canção neste tempo de isolamento.

E os livros que estão na mesa, também os lê todos, perguntam-me? Não, foi só para criar altura, em cima da mesa pus uma cadeira pequena, os livros em cima dela, o computador com o telemóvel pendurados no topo. Tive de fazer uma escolha entre eles para atingir a altura desejada.

Forte de Peniche, Memória, Resistência e Luta
Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro
Barranco de Cegos - Alves Redol - ilustrado
Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia - Rentes de Carvalho
Pão de Açúcar - Afonso Reis Cabral
Casse-Noisettes 6º et la 8º année de scolarité
Casse- Noisettes - 2
Casse-Noisette pour déboutants
Casse- Noisette 1 Exercíces
Casse-Noisettes 1 5 ème et la 7 ème 
Le français d´aujourd´hui
Tout doucement 3

Só falta mandar para o pianista a gravação, a ver se ele faz milagres trabalhando-a. 
E mais um dia se passou ... confinada.







domingo, 3 de maio de 2020



51º dia de isolamento social (COVID-19)

Hoje à meia noite deixamos de estar em Estado de Emergência e entramos em Estado de Calamidade.
É aconselhado o isolamento social, dito confinamento, para evitar a propagação do vírus mas não será proibido. Fica à consciência de cada um. Assusta-me mais.


Domingo foi dia de Concerto do F. no Zoom. Um bocado confuso, espero que o puto não se aborreça, foi interrompido várias vezes por conversas. Só não foi como os pianistas dos bares, que ficam para ali a tocar e as pessoas não prestam atenção nenhuma, continuando a falar, porque se conseguiu fazer umas pausas.

Descobri com a minha estadia em casa, outras utilidades das molas da roupa que não sejam para a segurar no estendal.

Tenho de gravar um vídeo, a cantar. Telemóvel em posição de gravação. Integrará um Zoom com o meu coro. No computador oiço o pianista e a maestrina a cantar. Com isso em fundo, tento acompanhar cantando em simultâneo da maestrina. O pior são os agudos, estão demais para mim que sou contralto. Tenho de descansar a garganta hoje e farei amanhã, último dia de envio.


sábado, 2 de maio de 2020


50º dia de isolamento social (COVID-19)


Quinquagésimo dia!

Dei-me conta do tempo, esse grande escultor, diria a Marguerite Yoursenar, onde ela relaciona o passado com o presente. Aqui o tempo não tem espessura, é o tempo subjectivo que devia contar e esse é muito pouco rico. 50 dias sem estar ao vivo com a família, os amigos, andar pelos locais que gosto, ir ao cinema, tanta coisa. E nada ficará como antes.

A florista do bairro esteve de manhã no local habitual com os seus cestos de flores. Soube isso quando me bateram à porta, dois toques como sempre faz o meu filho Martim. E sem entrar, esticou o braço e deu-me um ramo de gérberas, vermelhas e amarelas alaranjadas embrulhadas em ramos verdes. O dia da Mãe é amanhã mas as flores chegam hoje, disse. Nem um abraço nem um beijo pudemos dar nem mesmo um tempo de conversa. Sempre de braços esticados para medir a distância.

Hoje de tarde, depois de ter conversado ao telefone com um amigo que mora noutra cidade e me contou que foi até ao pé do rio, se tinha sentado numa pedra e ali ficara, tentando divagar. Quando se levantou percebeu que tinha menos peso. Só nessa altura se deu conta da tensão que trazia dentro dele e que por lá terá ficado.

Também eu precisei de arejar. Uma desculpa, uma justificação, as baratas, vou comprar o "remédio", amanhã mato-as todas. Pensamento pobre em tempo de confinamento obrigatório.

Ontem disse à Isabel, minha empregada, que ainda não a quero cá. Cansada de estar em casa, também ela com saudades, disse-me que a patroa da amiga a tinha ido buscar e levar de carro para não andar nos transportes públicos. Sim, é uma ideia. Daqui a uns dias penso no assunto. Para já vai-me fazer na casa dela croquetes, rissóis e pasteis de massa tenra.