domingo, 9 de maio de 2021

Maus tratos psíquicos, "as mulheres nem deviam tirar a carta de condução" dizia ele

 Acabei de ler na revista do ACP que aumentou mais de 60% o número de condutores apanhados a conduzir sem carta de condução válida. O aumento de vigilância policial devido à pandemia e confinamento deu este resultado. O artigo só fala em cartas de condução, como será com o seguro automóvel?

Lembrei-me de um miúdo que segui na minha consulta, muito nervoso e com uma relação difícil com o pai. Pai este que já tinha estado preso por duas vezes por ter sido apanhado a conduzir sem carta. 

E foi aí que percebi, em casa quem tinha carta de condução era a mãe, mas chegados ao carro o pai tomava o volante alegando que a mãe conduzia mal. E o filho ficava em pânico. Cena diária.

Foi curiosa a explicação do pai, digna de um machista. As mulheres conduzem mal, dizia. Nem deviam tirar a carta. Antigamente um dos insultos às condutoras era que deviam ficar em casa a cozer meias. 

E por machismo, terei verificado neste pai outros comportamentos como os maus tratos físicos? Sim, o que ele fazia eram maus tratos psíquicos!

sábado, 8 de maio de 2021

Muito chatas as insónias!

 Ontem vi-me aflita para adormecer. Inquieta, ora de luz apagada ora acesa, comer qualquer coisa, um filme na televisão para de novo recomeçar.

Quando me acontece esta inquietação, costumo e tenho treino de pensar, o que se passa, que se passou, porque estou assim? E faço um rememorar do dia, tentar descobrir o que tenho na cabeça, mesmo que não tenha acontecido no dia. O inconsciente e o pré consciente existem mas nada me fazia compreender o que me importunava. É que quando compreendemos e tentamos elaborar um pouco a situação, temos muitas hipóteses de acalmar. 

Mas não aparecia nada. E já passava das 3 da madrugada quando comecei a bocejar.

Reparei hoje que desde sábado passado não agarrei nenhum livro. Por hábito leio todos os dias. É possível que já andasse inquieta sem me dar conta. Sei que fui à estante e peguei em dois livros mas não abri nenhum.

Repor os hábitos já!

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Dar à língua, confrontar visões, que falta me fazia.

Da parte da manhã um telefonema, uma antiga colega do meu serviço a desafiar-me para lanchar. Lá fomos, aqui no meu bairro, para uma esplanada. Imperial, tremoços e pica-pau. E muita conversa. Já estávamos quase a despedir quando lhe perguntei pelo serviço. Coitados, a pandemia criou muitas novas situações para o serviço de pedopsiquiatria, e os recursos são os mesmos.

Não faltam temas actuais de conversa. Os imigrantes do Alentejo, que parece que só agora as pessoas tomaram consciência da forma tipo escravatura em que estavam. A sociedade é muito hipócrita!

O ZMar onde uma parte deles foi colocado. Desconhecia o estado de insolvência em que se encontra. E da apropriação daquilo que parece não é dos "proprietários", serão das casas mas não dos terrenos. Admirou-me a forma como foi descrita a entrada no parque de campismo, como o ZMar está autorizado a ser. No entanto quantas entradas no bairro do Zambujal, no Bairro da Jamaica e nunca nenhum morador teve tanto tempo de antena como os daqui. O poder económico tem mesmo muito poder, muito injusto.

Me too, processo que começou há pouco em Portugal, é muito, mesmo muito complicado. Entre o não divulgar e o haver pessoas inocentes às quais a acusação falsa ficará colada, o meu coração balança. Terei de pensar mais. 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Duo de Saxofone e piano

 Interessante como atitude o concerto de piano e saxofone que fui ouvir ontem ao fim da tarde à Escola de Música Nossa Sra. do Cabo em Linda-a-Velha. De facto, os músicos eram professores, no caso do meu neto o professor de saxofone e fizeram um concerto demonstrativo de dificuldade conforme o ano de frequência de estudos, do 5º ao 12º. E pretenderam fazer o contrário do habitual, serem os alunos a ouvi-los, quando os professores é que ouvem os alunos.

Dos compositores tocados eu só conhecia e gostei muito da peça Michael Nyman. Os outros foram

 Paule Maurice, uma compositora francesa,

Claude Delvincourt, 

René Berthelot,

 Roy Noda, japonês. Gostei muito da peça dele, chamada Improvisation,

<iframesrc="https://open.spotify.com/embed/artist/5FfWWlyM3UE73AVmotqLrH" width="300" height="380" frameborder="0" allowtransparency="true" allow="encrypted-media"></iframe>

Eugène Bozza,

Nunca tinha ouvido um concerto de piano e saxofone. Mais habituada ao saxofone numa orquestra clássica, na bandas e nos quartetos de jazz. 

Foi um fim de tarde muito agradável. 

terça-feira, 4 de maio de 2021

Há dias que eu precisava de uma Rita!

 Quase tudo o que tenho de pedir pela internet enguiça. Hoje foi para pedir a renovação do dístico de parqueamento, recebi uma mensagem com o link para o fazer. Ou não passava à página seguinte, ou dizia que o meu NIF estava em uso (não tenho ideia nenhuma de o ter aplicado noutro produto EMEL), ou...acabei ao telefone com uma senhora muito simpática, sim há gente mesmo simpática, que me ensinou a fazer por mail que desconhecia. Já seguiu.

Foram várias coisas que tive de tratar hoje de tarde. Para mim tudo leva muito tempo. Pagamentos vários, recebi hoje o IMI e ficou logo resolvido, as finanças ainda não puseram que o meu IRS foi aceite, ainda só está que entreguei há 1 mês, telefonemas, enfim uma tarde de escritório. Eu que nunca tive jeito para a papelada.

Lembrei-me a propósito da Rita, que era a secretária do meu serviço. Jovem, despachada e simples, sempre me dei muito bem com ela mas havia quem achasse que não sabia guardar as distancias. Não era raro pedir-lhe ajuda para dificuldades com o computador, ela chegava lá e rapidamente o problema era sanado. E dizia com humor, Dra. Magda, eu quando chego ali à porta "ele" fica logo com medo.

E com a papelada? Chegava a pedir-lhe ajuda porque quando tinha entrado no gabinete um documento estava lá, eu tinha-o visto, quando o queria encontrar ele tinha desaparecido. Era um desespero, ó Rita, faça favor, desapareceu um papel e au ainda não saí daqui, dizia-lhe pelo telefone. E ela aparecia já a rir, olhava para a secretária e lá estava ele, onde se calhar sempre tinha estado.

Rita, sabe, faz-me falta!

domingo, 2 de maio de 2021

Arrancar erva, uma coisa nova na minha vida

Como quase todos os dias, lembrei-me da minha Mãe.

Médica, especialista de psiquiatria e pedopsiquiatria, com a idade começou a ter muitos momentos contemplativos da natureza, interessar-se por botânica, ecologia e ouvia-a mesmo dizer que se começasse tudo de novo teria ido para um curso ligado a estas matérias. Foi ela certamente que contribuiu com as suas conversas e interesses que o neto fosse para arquitectura paisagística, que exerce com muita categoria.

Comecei há poucos anos a deliciar-me com paisagens, cores verde, azul, amarelo e alaranjado, que encontro na paisagem e mais, parte da tarde passei a arrancar ervas num pequeno quintal da casa de aldeia. Alguma vez pensei que viria a fazer uma actividade destas? 

É da idade mas com que prazer!

sábado, 1 de maio de 2021

Cigarros e telefones fixos

 1º de Maio mas aqui na vila de Minde houve mercado, as lojas estiveram abertas e não houve nenhuma manifestação. 

Agarrei num livro que cá tinha, "O Caso Das Garras De Veludo", de Erle Stanley Gardner, escrito em 1933 e que terei lido nos anos 80. Colecção Vampiro. Com o detective Perry Mason, a secretária Della Street e outros intervenientes habituais, Drake e outros.

Li-o todinho, é um livro de dimensões pequenas mas com 210 páginas de letra minúscula que só de óculos consegui ler. Mas embala e prende.

Muito curioso são as diferenças dos nossos dias. Perry Mason está sempre a fumar, acendendo os cigarros uns nos outros. Drake também fuma. No carro, no quarto, imaginei a fumarada.

Há cabines telefónicas nas ruas e nas lojas também é possível telefonar. Só muitas décadas depois seriam inventados os telemóveis.

Lembro-me disto tudo, fui uma grande fumadora durante uns trinta e tal anos; lembro-me bem do tempo em que os telemóveis não existiam, às vezes penso como nos safámos sem eles. Neste livro as chamadas telefónicas foram relembradas.