quarta-feira, 8 de julho de 2020



117º dia de recomeço do blog

# História de família, quase anedótica"

Calor, está quente. Janelas tapadas, casa quase às escuras, silêncio cortado pelas moscas que entram e saem. Sempre me lembro de ser assim nas férias de verão que aqui passei com a minha avó Elvira.

Há muitos anos, uma mulher chegou ao pé dela e disse-lhe na fala incorrecta que na altura era mais frequente quando quase todos eram analfabetos: Ó dona "Alvira", vossemecê era uma "fermezura" mas agora está mesmo de és para a cova.
A avó chegou a casa a chamar ignorantes e brutas a estas gentes.

Ao chegar na 2a feira a casa, a minha cama não estava feita, era só a colcha por cima do colchão. Era tarde e pus os lençóis. No dia a seguir telefonei à senhora que afiançava a pés juntos que a tinha feito. E retorquiu-me, ó Doutora isso já deve ser da sua idade, então eu sei que a fiz. Grande confusão está a fazer. 
Um aparte, ela é mais velha que eu mas com muita genica e sem freio na língua.
Passado um bocado apareceu por aqui. Não, não era da minha idade, ela tinha feito uma cama mas noutro quarto, não a minha.

Continuam meigas e doces!

terça-feira, 7 de julho de 2020



116º dia de recomeço do blog

Não escrevo para ser lida. Para mim é uma espécie de rotina que me marca os meus dias agora sem trabalho programado. E faço com prazer. No entanto vejo sempre quantas pessoas por aqui passaram e fico sem entender porque tenho dias de 2 dígitos e outros com um algarismo pequeno. Tem a ver com o assunto? Com as pesquisas ou orientações dos motores de busca? 

Casas antigas são tramadas. Há muito que digo que se em vez de ter ficado há muitos anos com a casa dos meus bisavós onde tenho gasto imenso dinheiro. Fica a 120 kms de Lisboa quase sempre por autoestrada. Se tivesse comprado uma casinha ou apartamento no campo/praia perto de Lisboa, teria saído mais barato do que todos os arranjos que esta tem exigido. Gosto desta, sinto-me bem, eventualmente acompanhada pelas lembranças dos meus antepassados. E estou segura.

Cheguei ontem à noite. No chão da cozinha, perto do lava-loiça estava uma poça de água. Limpei. De manhã nova água no chão. Um tecto de madeira está podre porque o telhado num canto deixou entrar água. Paredes com tinta a sair e o chão cheio de bocados de tinta branca. E mais mas vou parar por aqui para não me enervar mais.

Já hoje cá esteve um canalizador, o irmão construtor civil, aguardo outro que vem fazer a ligação eléctrica do novo fogão e o marceneiro para "emendar" a porta da rua e o portão que por baixo estão estragadas. 


E que mais irá ser preciso?

segunda-feira, 6 de julho de 2020



115º dia de recomeço do blog


# Exposição Henrique Araújo Jorge#

Na Cooperativa Árvore, no Porto, abriu ao público no sábado e exposição de homenagem ao meu Pai pelo seu Centenário. 


O desenho em arame é uma das partes das obras, muitas vezes com mobile como esta. Maternidade de seu nome. Ao fundo fotografia do meu Pai a trabalhar arame de ferro.

Como ficou bonita a exposição! Nunca tinha visto as obras dispostas com espaço por forma a sobressaírem.

Foi, neste primeiro dia, sobretudo uma festa de família, filhos, netos, primos direitos e de 2º grau. 
O meu primo decano da família da minha Mãe e a minha prima decana do meu Pai estiveram.

O local, para quem não conhece, é lindo! Mesmo sem exposição merece uma visita.





domingo, 5 de julho de 2020



114º dia de recomeço do blog

# Animais de Companhia#

A ideia que tenho é que cada vez mais há pessoas que têm animais domésticos. São de facto uma companhia. Os cães são os mais visíveis, vão com os donos à rua.
Mas ter animais em casa é caro, muito caro. Comida especial, idas ao veterinário, roupa para quando chove e tantas outras coisas.

A Cristina tem 2 chihauhua, minúsculos de pedrigee perfeito. E têm uma casa muito bonita, grande e em vários pisos. Sem elevador entre eles.
Os pequenos canitos, com nomes de meninas, seguem a dona para todo o lado? Não, não conseguem subir as escadas. E a dona tem de fazer esse percurso várias vezes, descer para ir buscar um a um os pequeninhos bichos.

Mas o assunto não se fica aqui, que tudo, menos a morte, se resolve.
A Cristina pôs-se à procura de casa nova e encontrou, casa bonita sem escadas e por sorte no mesmo condomínio.


Os chihauhuas ficaram felizes!

sábado, 4 de julho de 2020



113º dia de recomeço do blog

O Porto está com temperaturas menos habituais, 26ºC, 27ºC, 28ºC são as previsões para hoje e dias que se seguem.

Sou de Lisboa, onde as temperaturas são sempre mais altas, onde era uma felicidade nas férias saber que se ia para a praia a uns 20 kms e ficávamos logo satisfeitos, mergulho atrás de mergulho.
Com os anos a passarem, vim a ficar mais sensível ao calor. O ano passado aluguei um pequeno apartamento, na verdade uma garagem transformada em casa para alugar pelo Airbnb, em Peniche.

Uma delícia, acordar com nevoeiro, não ter pressa para ir para a praia, ler um bocado de manhã, com calma. Ir então para o areal, netos com pranchas de surf e bodyboard às costas, e ficar na praia até eles se cansarem.
Bom este é um problema, para eles estava sempre bom para ficar e conforme o dia ia avançando eu ia-me cobrindo com toalhas para não ter frio.

Amanhã vou-me embora do Porto. Ainda sem destino. Temperaturas altas em Lisboa e Faro, muito altas no distrito de Santarém que são as minhas hipóteses de recolher.

Qual escolherei?

sexta-feira, 3 de julho de 2020



112º dia de recomeço do blog


# Histórias de família#

Fui apanhada de surpresa! A notícia sobre o encerramento  da livraria Almedina, pequena mas com uma escolha impecável, na Gulbenkian e da cafetaria, que suponho ser o que chamo restaurante, deixou-me triste.
Comida fresca, pasta de atum, umas saladas diferentes, panados e peixinhos da horta, e tantas outras coisas que por serem deliciosas nos faziam aguentar uma fila enorme que começava antes das 12h. Vou ter saudades.
Espero que esta situação seja transitória.


Os jardins, belíssimos, são obra dos arquitectos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e António Vieira Barreto.

Era a este jardim onde a minha Mãe levava os netos. Um dia para salvar um de 3 anos de cair num lago, deu-lhe um empurrão para fora mas ...caiu ela. Claro que não terá sido assim mas imagino-a sempre a emergir de nenúfar na cabeça.

Jardins, Museu, exposições no Centro de Arte Moderna e restaurante eram espaços preferidos da minha Mãe.

Quando morreu e foi cremada, sim eu sei que é proibido, mas num dia de chuva intensa, com toda a gente recolhida, fomos lá deitar as cinzas no jardim.

E hoje quando por lá passeio, penso sempre que algumas daquelas plantas poderão ter sido alimentadas pela mina Mãe.

quinta-feira, 2 de julho de 2020



111º dia de recomeço do blog


#Histórias de família#

A prima Glória morava num andar de um prédio pombalino. Era uma senhora "mignone", pequena, loira, olho azul, doce e sempre muito bem arranjada.
À casa dela fui, enquanto criança, com os meus pais fazer o Réveillon vários anos. Com todos os preceitos, passas, cadeiras para se subir e comer as passas lá em cima ao som das badaladas, enfim, gestos para dar sorte para o ano que ia entrar.

Fazia também uns chás à tarde, com um jogo de canasta de permeio. 


Terei agora de contar uma particularidade da família da minha Mãe e que eu também herdei. Abanamos a perna direita, movimentos pequenos, calcanhar ligeiramente levantado do chão.

Esta história passou-se alguma tempo depois do tremor de terra de 1969 de que ontem falei.

Num desses chás a minha Mãe começou a abanar a perna e a casa, construção de gaiola, começou discretamente a responder.
Foi o pânico, contou a minha Mãe ao chegar a casa. As senhoras com pequenos gritinhos levantaram-se interrompendo o que estavam a fazer.
A minha Mãe entendeu o que se passou. E disse parando o seu movimento de perna, já passou. E todas voltaram às suas cadeiras.

A minha Mãe não se acusou. Fez os possíveis para não voltar a abanar a perna e a tarde continuou sem mais incidentes.