terça-feira, 7 de abril de 2020



24º dia de isolamento social (COVID-19)


Estamos numa época da comunicação à distância com imagem como através do skype. 


Três histórias de aulas que mostram que ainda não estamos adaptados.

- Pai sai do banho e entra na sala com a toalha à cintura. O filho estava a ter uma aula por skype e o pai terá aparecido naqueles preparos à professora. A saída da sala já foi de gatas.


- Professora universitária vai dar uma aula, liga o computador, prepara tudo e começa a reparar que nenhum aluno estava ali. Faltaram todos pensou ela. Só no fim do tempo hora reparou que se tinha esquecido de dar início no botão.


- Professor universitário, com o skype a funcionar. Os alunos não apareceram. Só depois se lembrou que as férias tinham começado.



segunda-feira, 6 de abril de 2020


23º dia de isolamento social (COVID-19)

Ontem fiz-me assinante de um jornal diário. 
Há muito tempo que o recebia on line de um amigo e eu mandava-o a amigos.

Perante as dificuldades que as pessoas passam nesta altura, empresas em layoff, despedimentos, ordenados por pagar, a situação está difícil. 

Os jornais em papel quase não se vendem, estamos todos em casa, e uma carta do jornal falando nestes problemas pedia assinaturas para o receber diariamente on line.

Não imaginava que fosse tão barato. Conversei com as pessoas a quem enviava pedindo-lhes que também fizessem a assinatura. 

Terá sido por essa acção tardia mas finalmente realizada que hoje dormi bem?



domingo, 5 de abril de 2020


22º dia de isolamento social (COVID-19)


Mais um dia em casa. Grande novidade, diria alguém a quem eu dissesse isto. 

Desde há uns poucos anos para cá limitei de livre vontade os relacionamentos. Tenho amig@s (as e os), não muitos mas os suficientes. Porque o fiz? Porque me cansam as relações muito próximas. 

Com frequência vou ao teatro, só ou acompanhada.

Agora em casa, temos imensos espectáculos, documentários, muitos mais do que o tempo permitiria ver. Tenho livros, gosto de música e até o meu hobby da joalharia.

Por tudo isto, o ficar em casa não me custa. 

sábado, 4 de abril de 2020


21º dia de isolamento social (COVID-19)

Sábado


Comprei o Expresso em triplicado, pequeno acto de generosidade para com dois vizinhos nesta época que vivemos. Bati à porta e pendurei o saco. Ainda me viram, estava eu perto do elevador. Recebi depois uma mensagem simpática de agradecimento.

Deitei os olhos pelo jornal e enfiei-me na cozinha a transformar um frango em quatro diferentes formas de o fazer. Arroz, já comido, frango de caril, outro em primo afastado de caril (menos carregado) e um estufado simples. Etiquetar e congelador.

Ouvi os dados do Covid-19 enquanto almoçava. 
Não resisto, talvez tenha uma grande capacidade de trabalho, a "minha" ministra, mas não tem jeito nenhum para a actividade relacional que é exigida ao estar a dar as notícias. Já antes da pandemia era uma pessoa muito desgradável. Uns esgares, arremedos de sorriso, uma forma seca de falar, que seja sempre o secretário de Estado que acompanhe a minha colega Graça Freitas. 

Comissário Montalban, a seguir ao almoço. Cada episódio cada crime, como é de esperar. Gosto de ver. Tem uma duração enorme, gasta logo uma parte da tarde.

Telefonemas, agora mais frequentes e de muito maior duração. Somado o tempo, gasta-se à vontade uma hora no mínimo. E eu que sempre achei que o telefone era para dar recados!

A sopa da noite, simplesmente. Antes de adormecer comerei uma banana se me apetecer.

Candice Renoir, mais uma série policial francesa muito divertida. São os aspectos da observação, dedução e psicologia da Candice que gosto. Ah, e a  sedução, coquetterie e paixão.

Os sábados em confinamento não rendem nada!




sexta-feira, 3 de abril de 2020


20º dia de isolamento social (COVID-19)





Sol! A ler no pátio do meu prédio. 
Foto tirada pelos vizinhos do 6ºC

quinta-feira, 2 de abril de 2020


19º dia de isolamento social (COVID-19)

2 de Abril 2010

O Hospital Júlio de Matos, hospital psiquiátrico em Lisboa, iniciou o seu funcionamento em 2 de Abril 1942. Faz hoje anos.


E lembrei-me desta história lá passada e comigo.
Aluna de Medicina da Faculdade de Medicina do Hospital de Sta Maria, tinha lá algumas aulas práticas a que se seguia uma discussão do caso.
Abro aqui um parêntesis, a minha Mãe era médica psiquiatra e pedopsiquiatra, directora da "Clínica Infantil", que se situava lá dentro do enorme e lindo parque que aquele hospital tem.
Um dia, quase no fim de num prolongamento de uma aula, disse ao meu colega e amigo Manel que estava sentado a meu lado qualquer coisa como "vou ver a minha mãe que já não a vejo há uns dias".
A seu lado estava uma colega de turma que não faço a mais pequena ideia quem era. E perante a minha frase e saída da sala ela perguntou ao Manel se a minha mãe estava no Júlio de Matos. Maroto, respondeu-lhe que sim. E ela insistiu, há muito tempo? E ele disse-lhe que desde que eu era pequenina.
A colega, contaram-me, ficou muito impressionada, e com tristeza referiu-se a mim, coitadinha, que sofrimento deve ter com esta situação.
Já disse que não sei quem foi a colega, sei que essa situação nunca terá sido clarificada.

Acho que se tivesse sido num hospital geral ela teria perguntado que doença eu teria para estar internada. Ou se teria ido a uma consulta, e até de quê.
Mas a doença mental, estávamos num hospital psiquiátrico relembro, tem um estigma tramado, onde o medo mas também a vergonha predominam. Parou o pensamento da colega e construiu a tragédia sem hesitar.
Quem seria ela? 

quarta-feira, 1 de abril de 2020


18º dia de isolamento social (COVID-19)

1 de Abril 2020


"Levanta-te Magda, passa depressa para a casa de banho que vem aí o homem arranjar o estore", disse o meu Pai ao acordar-me.

Entre o meu quarto e a casa de banho havia um hall quadrado e grande, forrado de prateleiras cheias de livros e um móvel antigo em cima do qual estava o telefone. Naquela altura as chamadas eram para ser breves e estar ali em pé nem apetecia falar muito.

Acordei estremunhada e lá fui, tomar banho e arranjar-me. Sem pensar em nada

Quando saí a casa era um sossego, a luz que vinha da sala não era clara e a porta do quarto dos meus Pais estava fechada. Silêncio total.

Não havia  homem nenhum nem estore  que precisasse de arranjo. 

Mentira de 1º de Abril, teria eu uns 12 anos.