sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Médicos brasileiros e venezuelanos querem trabalhar

 323º dia do recomeço do blog

Neste estado de calamidade em que estamos, ouvem-se vozes dizer que há muitos médicos e enfermeiros que querem trabalhar e não os deixam. Só me vou referir aos médicos.

Vejamos, portugueses houve quem se oferecesse. Eu fi-lo em Março. Iria como voluntária, não remunerada. Nunca fui chamada. Li colegas que foram mas a obrigatoriedade de cumprir  o horário que tinham antes de se aposentarem fê-los não aceitar. Teriam outros compromissos em horário parcial, por exemplo. Outros foram contactados mas o valor que lhes queriam pagar era tão baixo, quase indecente. Não aceitaram.

Há pouco tempo houve outra lista para saber da disponibilidade de médicos. Tanto esta como a de Março foram organizadas pela Ordem dos Médicos. Desta vez não me ofereci.

Agora ouve-se que há muitos médicos brasileiros e venezuelanos que desejam trabalhar. E que não os deixam. Ora vamos a ver, o acordo entre países para as licenciaturas é dentro da UE. 

As universidades, os currículos da América do Sul, não são semelhantes aos nossos. Por isso terão de prestar provas, de língua portuguesa e de conhecimentos. Estará o processo a ser demorado, sim, acho que sim. Mas é absolutamente normal que seja exigido.

Ouvi uma médica venezuelana dizer que era incrível um dos exames constar de uma prova escrita com 100 perguntas num tempo que está determinado nos países europeus. Eu fiz em 1981/2 e é obviamente difícil. Mas são as regras de confirmação científica e eu o meu curso já tínhamos 4 anos de prática. 

Temos de ter confiança em quem nos assiste, não é?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A guerra Colonial começou em Angola há 60 anos.

 322º dia do recomeço do blog

Hoje por volta das 19horas, na antena 2 deu um programa interessante e emocionante. A guerra colonial começou em Angola há 60 anos.

É um programa no qual para além de uma contextualização, pude ouvir Manuel Alegre ler o seu poema sobre Nambuangongo, músicas na voz de Zeca Afonso, Luís Cília, Zé Mário Branco, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros.

Merece a pena ouvir.

60 anos Guerra Colonial | 4 Fevereiro | 19h00 - Destaques - Antena2 - RTP

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Mais vale ser desejado do que aborrecido.

 321º dia do recomeço do blog

Mais vale ser desejado do que aborrecido, ouvi muitas vezes esta frase da boca da minha Mãe. Também esta terá contribuído para a descrição das minhas emoções.

Com esta idade já me sinto capaz de dizer algumas verdades sem rodeios. Nunca me ensinaram a mentir mas dizer as coisas suavemente foi sempre uma indicação que recebi e não era sempre capaz de cumprir. Continha-me às vezes, só às vezes. Com a idade comecei a achar que não tinha de aturar tudo o que me aborrece, sejam pessoas sejam ideias. Religião e política são dois assuntos que não discuto, embora tenha, sobretudo quanto às ideias políticas os meus limites. Só não risquei do Facebook antigos colegas cujo sentido  foi noutra direcção que o meu pensamento e que são chatos, fanáticos, repetitivos. Mas não tenho nenhuma vontade de me encontrar fora do virtual. Aqui pode-se passar à frente, cara à cara é diferente.

Voltando à internet, FB e WhatsApp. Todos os dias recebo mais, filminhos, cartoons, jornais e revistas, muitos enviados pelas mesmas pessoas. Ora eu acho simpático dizer qualquer coisa de volta. Mas da maneira que é, mais do que não responder a maior parte das vezes já nem vejo mesmo acreditando que possa ficar a perder uma ou outra coisa.

Já o disse a várias pessoas que insistentemente se mantém mensageiros. 

Aquela frase da minha Mãe cai aqui que nem ginjas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Um tiro na cabeça? Que vergonha para quem o diz!

 320º dia do recomeço do blog

O meu neto adolescente é um rapaz que precisa mesmo de movimento. Vê-se bem a diferença com que se concentra a estudar depois de vir do desporto.

Já fez vários, desde cedo, tendo-os largado ao fim de uns anos. Actualmente faz surf e skate. Teve e tem aulas de surf, o skate aprendeu com amigos.

Mora em frente ao mar, importante dizer.

Durante o outro confinamento, com aulas pela internet, levantava-se às 6h para ir para o mar e vinha a tempo de se pôr em frente do computador. Sempre com um colega, que estes desportos sendo individuais não devem ser feitos sem companhia. Uma câimbra, uma queda, tem de se ter companhia.

As pessoas não sabem ou não querem saber que esta pandemia é má. Foi com um dia de sol que o passeio junto ao mar na Costa Azul, Oeiras, Estoril e as outras se encheu de gente. Resultado, neste confinamento foi fechado.

Voltando ao meu neto, ele continua a ir fazer surf, não em magotes como se vê na televisão em Carcavelos mas com 1 amigo.

Já foi 2 vezes apanhado pela polícia. No outro dia foi para uma praia por onde só se entra por rochas. A polícia foi lá chamá-los, fizeram ouvidos de moucos, foi chamada uma lancha da marinha e ao saírem depressa o amigo até se magoou nas rochas.

Adolescência é um período de sentimentos omnipotentes, eu sou, eu posso, de experiência dos seus próprios limites e de desobediência de algumas regras. Isto é uma explicação psicodinâmica mas as neurociências comprovam que o córtex pré-frontal só aos 23/4 anos fica completo.

Concordo com o que ele faz? Claro que não!

Fiquei muito chocada ao ler pessoas que comentam as notícias e que defendem que a polícia lhes devia dar um tiro na cabeça, outro escreveu empurrá-los para o alto mar para que se afoguem. Que vergonha de ditos!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Desgastes em confinamento

 319º dia do recomeço do blog



Hoje foi dia da substituição destes.

Feitas de trapos e à mão. Super confortáveis!

O confinamento dá vários desgastes.

Outros são mais difíceis de se descolaram, entranham-se e precisariam de ar puro e vistas largas para o azul do Rio Tejo ou do mar, do verde da Serra de Sintra ou da Serra de Sto. António. Um filme no cinema, uma peça de teatro e amigos.

Aguardemos melhores dias, que com esta chuvinha permanente e fininha, molha tolos, vê-se mal ao longe, a perspectiva é curta.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Regra da minha educação, hoje quebrei-a.

 318º dia do recomeço do blog

Hoje, sexagenária, aposentada e a viver sozinha, posso dar-me a pequenos prazeres que nunca pude porque estavam inscritos na educação que os meus Pais me deram. Coisas proibidas!  

Apesar de uma educação pró-progressista, valorizando muito a cultura e a arte, havia uma enorme preocupação com as boas maneiras, a chamada etiqueta de classe média alta.

Uma das regras era a discrição, já ontem falei nisso, não mostrar muito os seus sentimentos, nada de falar muito alto, gesticular, sentar mal, ter regras à mesa e outras habituais nalgumas famílias.

Também havia coisas proibidas, andar pela casa sem se estar arranjado, cabelo penteado e bem vestidos. Um dia uma empregada lavou a cabeça e pôs rolos e veio lá dos seus fundos assim. Lá foi a minha Mãe dizer-lhe que não andasse assim pela casa. Os rolos era uma coisa que o meu Pai não queria ver. No fundo a mulher tinha de aparecer bonita e arranjada.

Ora hoje, esquecendo tudo o que aprendi, andei todo o dia de pijama e roupão. Que bem que me soube! Não apareceu ninguém, nesta época de confinamento quem havia de aparecer? Li, acabei de ler o livro que tinha em mãos e me entusiasmou menos do que tinha suposto, ouvi música, vi televisão mas pouca, almocei e jantei, este sempre frugal. Para mim, se estivesse cá alguém, um filho, um marido, eu não seria capaz de ter ficado assim. Mas não quero que isto se torne um hábito. 

O confinamento deprime-nos um pouco e hoje de manhã fiquei triste quando soube que uma pessoa que admiro e de quem sou amiga está nos cuidados intensivos e mal.  

sábado, 30 de janeiro de 2021

Uma identidade ou será só moda?

 317º dia do recomeço do blog

Com a minha empregada em confinamento, ela quer vir mas eu não quero, passei a estar mais atenta à minha casa. Perco imensos cabelos que vou encontrando pelo chão. Noto a diferença de volume, antigamente um rabo de cavalo precisava de elástico, agora qualquer ganchito o segura. Dizem que os cabelos brancos são mais finos, serão, mas com os que caiem pergunto-me se alguma vez irei ficar careca.

A minha Mãe era muito cuidadosa com ela. Elegante, mais uns centímetros que eu, sempre de fatos novos em cada estação, sapatos de salto alto fino, 7,5 centímetros e mala a condizer. Cabelo sempre arranjado e unhas também.

Na minha adolescência, aí até aos 17 anos, para além da farda do Lycée Français de Lisbonne, que usava todos os dias, tinha cuidados comigo, ia com a minha Mãe às boutiques comprar roupa da moda. Mini saias muito curtas, com calções iguais por baixo e casaco compridos até aos pés. Adorava sapatos, sempre mocassins. Depois passei pela fase do preto, simples e discreto. Na Faculdade passei aos jeans que mantenho hoje 40 anos passados. Azul escuro e preto a mais das vezes e umas camisolas de cor no inverno e camisas brancas no verão. Hoje uso praticamente sempre ténis que tenho de várias cores. Mochila bonita às costas. Descrevo-me como o "usual chic".

Hoje vi uma fotografia de uma filha adulta com a mãe, de cabeças encostadas e a rirem. Julgo não ter nenhuma assim. Embora gostássemos muito uma da outra éramos discretas nas manifestações afectivas. 

Se tivéssemos, ela seria uma Senhora e eu uma eterna adolescente, mesmo de cabelos brancos.