quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Para o meu confinamento

 303º dia do recomeço do blog

Amanhã começa o novo confinamento. Apesar de achar que será um flop com tantas excepções para o poder não o cumprir.

Preveni-me:

Para me despedir fui almoçar numa esplanada à beira Rio Tejo, com sol.

Na Fnac comprei três livros apesar de ter começado um outro há poucos dias.

Comprei pilhas e já substituí as dos comandos da televisão, da Meo e da aparelhagem de som.

E haverá quem lhe vai custar muito mais do que a mim!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

A revolta do elevador.

 302º dia do recomeço do blog

O prédio tem 8 andares e um só elevador. Todas as semanas vou ao 5º andar onde moram os meus netos.

Frequentemente o elevador estava avariado e eu tinha de subir as escadas a pé. Ultimamente isso deixou de acontecer.

O elevador tem escrito 4 pessoas, 300 kg.

Acontece que no último andar mora uma família de 3, pais e 1 filho, gordíssimos. E sempre que tentavam descer, nem sei como cabiam lá dentro, o elevador parava. Insistiram muito tempo. Terão sido confrontados com a situação e depois passaram a descer só os pais. O elevador continuava a avariar. Finalmente passou a descer um de cada vez.

O elevador deixou de se revoltar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Hoje senti-me um animal exotérmico

 301º dia do recomeço do blog

Hoje será só um apontamento curioso.

Num dia em que os números de infectados e mortes por Covid-19 nunca foram tão altos, hoje fui a uma consulta.

À entrada uma senhora fardada pediu para me tirar a temperatura e toda contente por mim e se calhar por ela disse-me que podia passar que marcava 33ºC.

Fiquei a olhar para ela. 33ºC, pode passar.

Assim nunca encontraram ninguém com febre. E se dessem umas noções básicas a quem faz este serviço? Mais um faz-de-conta?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O frio em Lisboa durará muitos dias?

 300º dia do recomeço do blog

Está frio. Somos atravessados por temperatura baixas a que Lisboa não está habituada.

Eu que já vivi na Beira-Alta, Alto-Douro já passei por muito frio, mais frio que este. Meses seguidos.

- Os canos de manhã estavam gelados. Banho só à noite.

- As fechaduras ficavam tapadas pelo gelo. Era preciso deitar-lhes água para conseguir meter a chave.

- A pele das bochechas dos meus filhos, mesmo com o cuidado de lhes pôr creme, estavam vermelhas, como todos os miúdos das aldeias da zona.

- A água do tanque tinha uma camada de gelo. Para lavar a roupa antes de chegarem utentes - eu vivia no 1º andar do centro de saúde - tinha de a partir para então poder lavar a roupa. 

- Em Leomil, o posto de Saúde onde prestava serviço, na rua a fogueira era acesa por volta das 6 da manhã e à sua volta os doentes tentavam aquecer-se. Lá dentro, eu com duas camadas de roupa e sem aquecimento, tentava atender o observar o melhor que eu podia sem que o barulho dos dentes se ouvisse.

Em Lisboa, agora, o céu está azul, lindo! 

sábado, 9 de janeiro de 2021

A minha Mãe está nas plantas dos jardins da Gulbenkian

 299º dia do recomeço do blog

Margarida Roque Gameiro Mendo

(9 de Janeiro 1923- 7 Janeiro 2006) Cremada a 9 Janeiro 2006

Uns dias depois...

Dia de chuva fraca mas contínua, uma espécie de camada húmida que não deixava ver nada à frente.

Esta situação climatérica, em que ninguém passeava pelo jardim da Fundação Gulbenkian nem os polícias e guardas habituais, favoreceu a ilegalidade.

Com os meus dois filhos, já adultos e uma amiga, fui deitar as cinzas resultantes da cremação do corpo da minha Mãe num cantinho do jardim. Era o seu jardim preferido! 

E desde então quando por lá passo, penso sempre com ternura que ela está por ali.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Resolvido o mistério das flores!

 298º dia do recomeço do blog

Consegui ainda ontem resolver o mistério do cartão que acompanhava o bouquet e quem assinava Jardim Zoológico.

O xi coração foi fundamental, tenho poucas pessoas que se despeçam assim. Eu sou uma delas e a minha amiga Teresa também o usa.

Ela está doente e já falei nisso a propósito do internamento domiciliário do SNS. Tem uma sintomatologia semelhante à de há um ano, em que esteve internada no hospital. Mas a bactéria causadora é outra. Comentei com ela que parecia um jardim zoológico, tanta variedade de bactérias. Pelo estado não achou nenhuma graça, na altura não percebi como tinha ficado magoada. E só ontem ela me falou de como às vezes as minhas palavras não têm graça nenhuma. 

Descobri assim quem me enviou as lindas flores. Tenho de ter cuidado, quando se está mais frágil às vezes não se consegue ter humor para piadas, com ou sem  graça.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O prazer de viver depois de preencher a ausência com recordações ternas

 297º dia do recomeço do blog

7 de Janeiro é um dia em que coexistem dois acontecimentos importantes. Em 1952 nasci eu, em 2006 morreu a minha Mãe. Durante anos este dia foi vivido com sofrimento, uma mistura em que não se desligavam os acontecimentos. A ausência dela era quase mais marcada do que a minha existência. Quis compreender esta situação como a nossa grande ligação afectiva, não simbiótica mas forte. O tempo ajuda muito, é com ternura que a relembro, sem dor.

À tarde bateram à porta. Era um homem jovem, bem vestido e que com um bouquet de flores me perguntou o nome e o entregou. Lindo como se vê pela fotografia.
Trazia um envelope com o meu nome e morada. O apelido que sempre usei profissionalmente. Lá dentro, escrito à máquina mas não impresso, leio tudo em maiúsculas, MAGDA, PELO TEU DIA. XI CORAÇÃO, COM DESEJO DE SAÚDE E ALEGRIA. Assinado JARDIM ZOOLÓGICO.

Verdadeiro mistério, não faço parte dos amigos do Zoo, nem o visito há uns anos. Quem me terá enviado as flores? Uma pessoa amiga não identificada? Um urso? Será que desvendarei o caso?