segunda-feira, 11 de maio de 2020



59º dia de isolamento social (COVID-19)

Mais uma criança foi morta!

Desaparecida há 4 dias, uma menina de 9 anos  apareceu ontem mas morta. Foi o pai que acabou por confessar ter sido ele, com uma explicação inacreditável, ela ter caído na banheira e ele a madrasta da miúda terem ido esconder o corpo e tapá-lo com ramos.

Sabe-se ainda pouco, não há ainda o resultado da autópsia e o casal continua preso a aguardar ser ouvido pelo juiz.


Só vou falar numa entrevista ao tio materno. Entrevista longa e péssima! Há cada jornalista! Merece este nome?

Rapidamente, a miúda estava em casa do pai, onde há mais crianças, meios irmãos. Guarda partilhada, parece. Os pais da criança coabitaram ou nem isso.
O tio, irmão da mãe, está de candeias às avessas com a irmã, nunca conheceu o pai da criança, terá visto poucas vezes a sobrinha.
Ficamos a saber isto logo no princípio. Mas a jornalista insistiu, tornou a insistir, como se não tivesse ouvido, qual a impressão que ele tinha do pai, da relação dos pais da miúda, da relação da mãe com a criança, o que ele acha que a mãe estaria a sentir, etc. Não contei mas foram largos minutos.

Que a entrevistadora não sabe entrevistar fica provado. Mas e porque é que o tio não se veio embora? Aquilo para ele estar a ser transmitido pela televisão também eram uns minutos de glória?





domingo, 10 de maio de 2020


58º dia de isolamento social (COVID-19)


Saiu hoje!
Sou a 1ª de cima à esquerda. 


Quem vê isto não imagina o trabalho que isto dá depois de todos terem enviado o trabalho individual.





sábado, 9 de maio de 2020


57º dia de isolamento social (COVID-19)

- De manhã tive uma reacção vagal ao comer o pão do pequeno almoço. A 1º vez, há cerca de 20 anos, estava em pé na cozinha com o meu filho mais velho que, subitamente e sem aviso prévio, me viu cair no chão desmaiada, passando rente à pedra mármores do tampo da cozinha. Apanhou um susto enorme, eu também quando acordei, fiz todos os possíveis para aligeirar a situação. Como médica que sou fui fazer os exames todos possíveis na época, à procura de um "batatoma"( linguagem calão para dizer tumor cerebral). Não tinha e daí o diagnóstico que escrevi.
Há 10 anos estava sentada na cama, a tomar o pequeno almoço e caí para o lado. Fui amparada pela minha empregada.
Hoje, sozinha, a tomar o pequeno almoço (novamente um pequeno almoço!) sentada na mesa da cozinha, percebi que me ia acontecer o mesmo, como se o meu esófago estreitasse e não deixasse passar nada. Cuspi o leite e deitei-me na mesa. É uma sensação horrível de que vai morrer engasgada mas não na garganta, mais abaixo. Sei que, tal como das outras vezes, perdi os sentidos. E depois acordei. A comida foi para o lixo, sem mais. Mas o facto de estar sozinha e não ter de ajudar outro a acalmar fez-me falta e não fui capaz de o fazer para mim. 
Todo o dia fiquei com dificuldade em me concentrar nalguma coisa, preocupada, esquisita. 

- Hoje deveria ter estado no Porto. Era o dia da inauguração da exposição de homenagem ao meu pai. Esculturas, algumas pinturas e escritos. Demorei alguns meses a preparar o que deveria depois de escrito seria impresso, procurar fotos, os textos dele etc.
Depois foi o embalar das coisas, e entregar. 
Entretanto veio o Covid-19 e lá está tudo embalado e também confinado. 

- Ainda não me passeei desde que isto começou. Hoje fui desafiada para ir comer uma fatia de bolo do aniversário do meu neto a um jardim. Ar livre e espaço. 
Acredito que estes dois assuntos que descrevi tenham interferido na minha recusa. Filhos, netos e noras que não vejo há pelo menos 57 dias. 
Não fui capaz de sair de casa e apetece-me chorar.

- Melhores dias virão!


sexta-feira, 8 de maio de 2020


56º dia de isolamento social (COVID-19)


Fiz hoje mais um pagamento para a excursão ao Perú marcada para Outubro.

Uma imagem às vezes pode valer mais que muitas palavras...



quinta-feira, 7 de maio de 2020


55º dia de isolamento social (COVID-19)


- Desde que por aqui estou, como diariamente uns quadradinhos de chocolate. Peso-me regularmente para não me deixar engordar.
Hoje ao telefonar a uma colega que quase não se mexe com dores nos joelhos e com muito peso no corpo para eles coitados aguentarem, fiquei a saber que come açúcar mascavado às colheres. Deu-me cá um enjoo!

- Finalmente consegui entregar o IRS. Um alívio, tantos quadradinhos e falta sempre alguma coisa.

- Tinha tantas tarefas para fazer hoje que usei a agenda como quando trabalhava. Tudo dentro de casa, claro, umas chamadas pelo telemóvel, outras no computador com vídeo, responder ao Covid-19 no FB etc.

- Um dos telefonemas era com a jornalista do Expresso para mais um artigo desta vez sobre idosos, "euzinha" e eu enquanto tive a minha Mãe a meu cargo até à sua morte.

- Um rapaz jovem, ali de um prédio em frente, está farto de sacudir tapetes à janela. Terá cão? Gato? Tantos tapetes que deve ter em casa! Sem aspirador? 






quarta-feira, 6 de maio de 2020


54º dia de isolamento social (COVID-19)

Pálida, pele amarelada e sem brilho, é assim que fiquei com 53 dias sem sol.


Sinto-me feia, macilenta, desmazelada, tristonha.

Por isso quando uso o Zoom para a família ou para as reuniões do coro, um bocado antes trato da minha aparência externa.
Uma camisa, de preferência branca, até posso estar de calças de fato de treino que ninguém vê,
Na cara ponho aquele creme mágico que nos dá cor, e muitas vezes também deixa marca na parte interior do colarinho,
Os olhos com um risco preto discreto a marcar o bordo superior dos olhos,
Às vezes um pouco de rimel nas pestanas,
Sempre o maravilhoso baton, beije acastanhado que os lábios ficam mais visíveis mas mais discretos que com um vermelho,
E para terminar, cabelo lavado e mais ou menos bem arranjado, pelo menos a franja esticada a rolo.

Apesar de não ser indicado,  é permitido sair de casa com justificação. Todos os dias procuro no boletim meteorológico as previsões para o Algarve.
Aguardo-a para sair.
SOL precisa-se!

terça-feira, 5 de maio de 2020


53º dia de isolamento social (COVID-19)


Ontem abriram um pouco as portas e bastante gente saiu para o trabalho, livrarias, barbeiros. 
No entanto ainda não há turistas e os transportes públicos, autocarros, eléctricos e comboios andam meios vazios.
Nem vai haver a peregrinação no 13 de Maio em Fátima!

Há muitos anos cruzei-me ,para azar meu, com um par de jeitosos num autocarro. Avô e um neto, homem jovem. O velhote, sentado, a meter conversa comigo sobre um hipotético cancro que teria e o neto, de pé atrás de mim  a levar-me a carteira dos cartões e dinheiro. Eu julgo ter sentido, virei-me e olhei-o e nunca mais esqueci o olhar penetrante com que me olhou, quase paralisante para mim. Quando saíram e fiquei mais à larga percebi logo que a minha mala pesava menos.

O negócio não corria mal. O Vitor, assim se chamava o neto, conseguiu convencer a jovem que com ele casou a aprender a arte de furtar carteiras. Também ela, por sorte, tinha os dedos indicadores e médios quase do mesmo tamanho o que ajuda muito no ofício. E mais tarde ensinaram os filhos. Ao fim do dia juntavam o dinheiro. Ao fim do mês verificavam que ganhavam mais que um médico interno da especialidade.
Viviam razoavelmente à larga, não tinham hábitos de leitura, nem de cinema, nem outros assim burgueses.
Este Corona vírus veio lixá-los! Nunca tinham descontado para a segurança social,  nunca tinham feito poupanças, nem nunca tinham pensado nisso.
São uns grandes prejudicados com esta situação. 

Recém crentes convictos, antigamente não ligavam a essas coisas, todos os dias rezam para que o Covid-19 vá embora e os turistas voltem.