quarta-feira, 11 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

Poema - Alexandre O ´Neill

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O ATRO ABISMO
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Quando o poeta escreveu: "...o atro abismo!",
Umas vírgulas por ele mal dispostas,
Irritadas gritaram: "É estrabismo!".
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Mas um ponto que viveu no dicionário,
De admiração caiu de costas
E abismado seguiu o seu destino...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Aconteceu...que nem todas as brincadeiras são pacíficas

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Hoje passou por aqui o coelho de Páscoa, e deixou ovos escondidos no jardim. Os jovens presentes só tinham de os encontrar. Foi uma aventura gira, havia ovos cozidos e pintados por fora, ovos de chocolate e mais algumas surpresas. Finda a busca foi feita a divisão e seguiu-se o momento alto, saborear tudo, sem restrições, seguido de outros jogos de bola. 
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Muitos jovens hoje não sabem o que são estes jogos de família. Agarrados às suas máquinas electrónicas, portáteis ou fixas, jogam isolando-se e afastando-se destas coisas simples e saudáveis.
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Uso frequentemente o Google para saber o que são os jogos que os miúdos me descrevem nas consultas. E fico aterrada! Muitos têm uma classificação de "Só para adulto", mas eles jogam-nos. E sem crítica como os paizinhos que os compram. Jogos dedicados a assassinatos em série, outros cuja função é fazer bandos de assassinos, de roubar, matar os polícias que os perseguem, e tantas outras coisas deste género. Fico depois a saber que lá em casa chega a haver guerra entre os filhos e o pai (mais frequentemente), mas também tios e avô! Todos querem jogar.
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Conversado com os adultos, familiares das crianças a que me refiro, nem eles realizaram muito bem o que jogam. Não é real, é um jogo, explicava-me um que tinha levado o filho à consulta por perturbações do comportamento.
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Esta perda de valores, respeito pela vida com ausência de culpabilidade, inquieta-me muito. Estaremos a fabricar o quê?

domingo, 25 de março de 2012

sábado, 17 de março de 2012

Poema - Ana Luísa Amaral

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GATO EM APONTAMENTO QUASE BARROCO E DE MANHÃ DE SÁBADO

Gentilmente curvado sobre a flor,
Percorre devagar nervura e centro.
E em tantos delicados argumentos
Vai avançando lentamente as folhas.

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A cabeça pondera e repondera
Defronte a haste fácil, rente a terra,
E uma pedra minúscula e serena
Sobe no ar, acesa como fera.

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Não conhece os segredos do soneto,
Sendo de ofício muito ignorado
A sua arte. E em curto minuete:

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Uma garra afiada em pé de valsa,
Um dente a desdenhar a flor e a folha
E a cravar-se, feroz, na minha salsa.

domingo, 11 de março de 2012

Aconteceu...domingo de sol mais uma vez e eu de chamada

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Há mais de trinta anos fiz eu os primeiros serviços de urgência médica solitária. Adeus às equipes, com pessoas com vários graus de conhecimentos. Adeus aos exames complementares de diagnóstico, (ali só conseguíamos, graça à boa vontade de um auxiliar, fazer radiografias a ossos longos em pessoas magras).
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O hospital, oferta de um brasileiro à sua terra, era grande e estava razoavelmente preparado. Só que só tinha uns médicos com 2 anos de formação. 
Refiro-me ao tempo do Serviço Médico à Periferia, criação já do pós 25 de Abril.
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Situava-se num sítio alto, e a dois passos, era uma vista maravilhosa que se abarcava, do Alto Douro, hoje vinhateiro e património mundial. Mas nos dias de urgência, nem isso víamos, nem isso apreciávamos.
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As estradas eram antigas e muito más.
Os quilómetros, feitos em estradas estreitas, de curva e contracurva, demoravam uma imensidão de tempo, quer para quem ia no carro a apitar, ou na ambulância, quer para o médico novato que sabia, porque o som se propagava desde longe, que um doente ia chegar muito tempo antes disso acontecer.
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Para nós, inseguros face às responsabilidades que carregávamos, era um tempo longo, longo, parecia nunca mais acabar. Uma angústia enchia-nos o peito e éramos assaltados por milhares de dúvidas. No entanto, e quando o doente chegava, uma parte lúcida de nós próprios invadia-nos e lá estávamos prontos para dar o melhor de nós.
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Hoje estou de rectaguarda de urgência, o que chamamos estar de chamada. Lá no hospital, colegas mais novos sabem que podem contar connosco em caso de dúvida. O trabalho em equipa é mais seguro, podíamos dizer que é "com rede".
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No entanto, naquelas terras e nos anos 70-80, a população desacompanhada, sentiu-se privilegiada com os nossos serviços...mesmo sem rede.