quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

aconteceu...a propósito do "desenhar durante a escuta -1"

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A propósito do desenho que postei há dois dias com o título “aconteceu…desenhar durante a escuta”, alguém me perguntou se tinha a ver com as escutas telefónicas, coisa que no último ano esteve na moda.
Não, não, não tinha a ver com essas escutas, mas com aquela escuta do outro que comigo fala, e para a qual tenho, na tentativa de o compreender, de estar atenta, com a chamada "atenção flutuante". Porque enquanto o outro associa nós flutuamos, "acordando" quando algo de especial faz um eco, eventualmente quando os nossos inconscientes se encontram e algo se torna consciente.

Desenhar sempre me ajudou a captar a atenção. Nas aulas do liceu, os meus riscos nem sempre foram bem interpretados. Estaria distraída.
Muitas vezes são riscos, simétricos ou não, curvos ou direitos, sem nenhum aspecto estético. Outras vezes fica giro. Essa não é a finalidade do acto de riscar.
Já nas reuniões de serviço estão mais habituados e já terei contado, alguma vez, que nem sempre o que parece desatenção o é.

O pedagogo e psicólogo Eduardo Claparède (1873-1940), médico neurologista e psico-pedagogo, defendeu numa das suas teses que o bocejo não era um sinal de desinteresse mas uma forma de criar novas condições para se manter interessado. No fundo a oxigenação aumentada do cérebro pelo bocejo, provocaria uma estimulação cerebral, revitalização e um aumento da capacidade de estar atento.
Portanto quando bocejamos estamos a tentar estar atentos e não a deixarmo-nos adormecer.
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Há nesta explicação uma mudança de sinal muito importante e despenalizadora.
Ora ainda bem!

4 comentários:

  1. copreendi e estás desculpada, assim bem, como dos os teus colegas.
    eh,eh

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  2. As dúvidas que criamos nos outros, podem servir para esclarecimentos, neste caso um novo post. Só vantagens.
    Sem poder fazer nenhuma comparação no aspecto artístico, os desenhos que o Álvaro Cunhal ía fazendo durante as reuniões e que no fim iam parar ao caixote do lixo, eram alvo de cobiça pelos outros participantes.
    Aqui ninguém tinha vergonha de andar aos caixotes.
    Consta que quando se apercebeu, deixou de os deitar fora.

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  3. Quanto aos desenhos em público, acho que sim, é muitas vezes uma forma de manter a concentração. Tive uma colega de estágio que desenhava compulsivamente durante as aulas, exactamente essas formas geométricas, uma abstracção sem significado mas com muita vida.

    Quanto aos bocejos, é certo que servem para oxigenar o cérebro, mas um cérebro desoxigenado, ou seja, em vias de se desinteressar do que o envolve naquele momento. Ou sinal de sono, simplesmente...

    E o que dizer de pessoas como eu, que bocejam abundantemente quando estão angustiadas? (também só espirro quando tenho calor, posso não ser normal).

    Gostei, como sempre. Continua.

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