sexta-feira, 12 de junho de 2020




91º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada




Hoje é véspera de Sto. António.
Dia de arraial popular.
Música e sardinhas assadas na rua.

Este ano não há arraiais, nem grupos de mais de 10 pessoas. Regras de saúde pública.

Também não iria, outros prazeres me definiram, mais sossegados.
Amanhã compro um manjerico!




quinta-feira, 11 de junho de 2020



90º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Acordar com o tempo virado, pouca chuva, miúda, céu cinzento. Depois parou. O sol espreita envergonhado mas logo se vai embora. Há pouco as cadeiras no pátio ainda estavam molhadas. 

Hoje era dia do terreno que foi limpo mas onde deixaram as ramadas de pinheiro em montes. Considerei perigoso.
Queixei-me ao trabalhador e ele já me avisou que foi lá resolver a situação e que já está pronto.

Fui ver.

Com uma máquina terá desfeito folhas e outros restos que ficaram espalhados pelo terreno. Mas há uns montes de onde sai fumo. A arder lentamente.

Ainda bem que choveu e está previsto continuar a chover. 

quarta-feira, 10 de junho de 2020



89º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada

O jardim da casa é pequeno. O que lá plantámos há 40 anos foi mal dimensionado. O pinheiro, era um pinhão, e o cipreste coube no meu Honda 600. Agora ambos mais altos que a casa, quase se abraçam lá em cima. Perigosamente perto dos telhados.

Os muros estão cobertos de heras. Os passarinhos, numa casa não vividas vivem felizes, várias gerações e espécies pela forma de cantar.  
                                                                    Quando me aproximo são muitos os que voam, saindo das árvores ou das paredes forradas de folhas. Voltam quando me afasto.

Mal eles sabem que este paraíso está prestes a acabar. Só aguardam que os trabalhadores humanos venham deitar isto tudo abaixo. Questão de risco, assim como está é muito perigoso para nós.
Quanto a eles...  
                      

terça-feira, 9 de junho de 2020



88º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Saí de casa máquina de fotografar ao pescoço. 
Oiço alguém dizer, a Dra. vai tirar fotografias.

Como disse ontem, só no meu pátio interior fico anónima.

Com o calor de Maio os oregãos ficaram grossos mais cedo.
Apanhar oregãos é como na praia andar à conquilha, há sempre mais uma que não nos deixa vir embora.

segunda-feira, 8 de junho de 2020



87º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Estive quase todo a tarde a ler. É fascinante o livro a que me referi ontem, não tendo referido o humor delicioso que certas páginas contêm.

Li meio ao sol meio à sombra no pátio interior que esta casa tem. Só com um drone podia ser vista.

Vem isto a propósito de uma história que a minha Avó Elvira contava imitando o sotaque desta gente.

Parece que alguém cá da terra lia muito. E era visto com os livros para onde quer que fosse. E um comentário que correu, foi..."o home tanto lê que hádes tresler".
Delicioso!

domingo, 7 de junho de 2020




86º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Como não escrevo só pelos acontecimentos do dia, notícias, política mas também coisas passadas de que me vou lembrando, tenho por vezes receio de me repetir. 

E resolvi reler uma ou outra coisa escrita em 2010. Reparei que publicava poesia, não minha que não a escrevo. Mas de poetas, alguns muito conhecidos outros de quem não voltei a ler.

Sim, leio muito menos poesia que antigamente. 
Mas quando leio é em voz alta que continuo a ler.

O que me acontece agora, sem ser poesia, é ler em voz alta para não me desconcentrar. Tem dias e se calhar textos.

Ontem comecei a ler um livro do José Rodrigues Miguéis, Uma Aventura Inquietante, que comprei por 3€ numa livraria solidária de livros usados. Há muito tempo que não lia este autor. Inesquecível A Escola do Paraíso! Este é um policial e agarrou-me desde o início mesmo a ler para mim, como é mais habitual. Bem escrito, como era de esperar e com a história a deixar-nos sempre curiosos e como diz o título inquietos.

Não, isto nunca tinha escrito, posso ficar descansada.


sábado, 6 de junho de 2020



85º dia de isolamento social (COVID-19)

Desconfinada mas isolada



Mudei de terra e de casa, novamente. Promovida a vila já há umas décadas, pelo seu então desenvolvimento industrial, continuo sempre a dizer a aldeia.

Os Pais da minha Avó nasceram cá, assim como a minha Avó Elvira. A casa que herdei fica na parte antiga e ela própria é antiga. 

Durante anos vim passar alguns fins de semana aqui.
À hora do café, no meu serviço, sempre falei da aldeia. Todos os meus colegas sabiam qual era e onde. Vários deles já cá tinham vindo.

E um dia soube que uma das técnicas era de cá e a mãe dela uma das professoras da escola. 

Quando soube confesso que fiquei atrapalhada. Então ela, ali a ouvir-me falar da "aldeia" e nunca se "denunciou" até ao dia em que me fez a emenda. Só podia ser algum complexo, pensei eu, de ser daqui e eu denegrir, com muita ternura, a terra dela.

Convidei-a então para vir a minha casa lanchar. Ambas tínhamos filhos entre os 12 e os 9 anos, que também vieram. A padaria a lenha é quase em frente, fomos buscar pão quente. Na lareira de chão, fumeiro como deveria dizer, assamos chouriço e febras de porco no chão numa grelha de pés colocada em cima das brasas nas brasas. 
Os rapazes dela adoraram, que maravilha de chouriço, ai as febras e ai o pão quente, enfim fizeram as honras da casa.

Uns tempos depois convidou-me para ir lanchar a casa da Mãe dela. Queijos franceses, sanduíches de  fiambre em pão de forma e bolo. 

O que me deu azo a que lhe dissesse assim como a pacificar as diferentes perspectivas que ambas tínhamos razão na classificação da terra, na minha casa era na aldeia e a dela fomos recebidos à vila.