sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Ainda sobre a Avó Elvira


Consultando papéis, vi ontem que faleceu em 7 de Maio de 1983. O tempo que tem a sua profecia!

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A profecia da minha Avó Elvira cumpriu-se


A minha Avó Elvira ...
Lutando contra o progresso tecnológico, é na casa dela, em Lisboa numa perpendicular à Avenida Fontes Pereira de Melo, que com 2 empregadas, a de fora e a cozinheira, me lembro de ver a manteiga numa tigela de água com uma espátula fininha dentro. De ver o peixe a salgar e depois de molho para o dessalgar. Não queria o frigorífico.
Não teve durante muito tempo fogão a gás quando já todos tinham. Na lareira da cozinha estava  um lindo fogão de ferro, que ladeando o forno, tinha umas gavetas altas e salientes em latão com torneiras em baixo onde havia sempre água quente. Dava um trabalhão este fogão, e coitadas das criadas, como eram chamadas, tinham de o pôr a brilhar com solarine "coração" todos os dias antes de se deitarem. Funcionava a briquetes de carvão. 
É da casa dela que me entra pelas narinas da memória o cheiro à roupa passada a ferro de carvão. 
Até que a certa altura, por insistência dos filhos, passou a ter frigorífico, fogão a gás canalizado, ferro eléctrico e outras coisas modernas. 
Inicialmente com alguma desconfiança ...
E com os produtos alimentares, exigente, tudo fresco, quer da horta quer do mar, frango e coelho de capoeira, fruta só da época e assim por diante.
Conforme o progresso avançava, começou a achar menos gosto aos grelos, às batatas do merceeiro, à carne cujos animais tinham sido alimentados também com farinhas, dizendo "já quase não sabem a nada!". Nunca me lembro de a ouvir queixar do sabor do peixe.
Mas perante tanta modernice, como classificava algum progresso, exclamava no seu tom afirmativo, alto e teatral "Ainda um dia havemos de comer plástico!" 
Ela não comeu, morreu antes disso.
Mas hoje, quando li no jornal Público* "Pela primeira vez, estudo quantificou e caracterizou microplásticos encontrados em fezes humanas", mais do que a preocupação, claro que existe, deu-me uma saudade enorme dela! Infelizmente a sua profecia cumpriu-se.
*Jornal Público, 24 Out 2018 p. 27


domingo, 6 de agosto de 2017

Morte, suicídio, medos


5 agosto 1962, 
Pedras Salgadas, onde os meus pais faziam termas anualmente...ou não. 
Eles estão no quarto, no 1° andar e eu no hall.
Tenho 10 anos. Nas conversas cruzadas dos adultos que por ali se encontram, oiço uma notícia. Subo as escadas a correr, e quase grito: Mãe, Pai, morreu a Marilyn Monroe!
Não esqueço o olhar dos meus Pais. Olham-me com espanto, tranquilos, não houve nenhum movimento ou palavra que me ajudasse a compreender aquela emoção que a notícia me despertou. Junto deles, naquele momento, senti-me um ET. Felizmente, mais tarde, houve quem me ajudasse a entender as minhas inquietações.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Habitos e recordações


Gostaria, às vezes, de ser mais livre. Mas sou um animal de hábitos, muitos dos quais me dão prazer.
Sempre que venho a Canas de Senhorim, seja para termas, férias ou workshops de joalharia, como agora mais uma vez, tenho sempre de ir comer ao Zé Pataco. Pelo menos uma vez. Foi hoje. Conheci este restaurante há bastantes anos, era um pequeno restaurante. Uns anos depois mudou de sítio, ficou grande. O cozinheiro continua a ser o pai mas todos os elementos da família aí trabalham. Continua a ser muito bom.
Como prato principal encomendei aba de vitela no forno. Lá veio numa travessa de barro com batatinhas redondas e descascadas assadas no forno, molhinho puro. À parte, numa pequena travessa e com guardanapo no fundo, uma maravilhosa mistura de couves, branca, cenoura ralada, tudo passado por azeite e alho e a textura exigida, não demasiado cozinhado.
O resto, antes e depois, também foi bom. O preço, o certo.
Mas estas batatinhas assadas lembraram-me outras histórias, também passadas no distrito de Viseu, que contarei noutra altura.

terça-feira, 25 de julho de 2017


O meu contador de visitantes é chanfrado.
Não passo por aqui tão frequentemente quanto desejava e, parece pouco crível, não escrevo para ter leitores.
Mas é no mínimo desagradável, de uma vez terem desaparecido o numero de visitantes, que ultrapassava na altura os 5 dígitos e hoje encontro duas dezenas e pouco.
Resta-me um destes dias mudar de marca. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

A avó e o neto - cena de praia


Enquanto fui comer qualquer coisa ao bar da praia, uma avó e outra senhora instalaram o guarda sol perto de mim. Com elas vinha um neto, só percebi que era rapaz quando lhe chamaram pelo nome, gorducho e com alguns 15 meses ou menos. Andava mas não falava, expressava-se bem pelo gesto.
Chegadas do passeio à beira mar, está no hora do lanche do menino.
A avó começou a preparar o iogurte pequenino, à primeira colher o miúdo estica o braço e demonstra não querer. Levou um tapa, leve, na mão e o esperado "olha que a avó dá tautau. Seguiram-se truques certamente usados por muitas mães e avós, concentrando-lhe a atenção e desconcentrando da comida, que, paulatinamente vai entrando. Ouvi que o tio vinha, que a mãe vinha, que o Fabinho vinha, que a Rosinha vinha e muitos outros que chegariam.
A certa altura oiço dizer que vem aí o cão dar-lhe umas mordidas no rabinho, sim que tu tens medo do cão, não tens? e assim dois iogurtinhos marcharam. Já com o miúdo em pé, agarrado à avó, a brincadeira era de levar tautau no rabinho com o chinelo. E quase sem força lá ia a havaiana dar uns tapas no rabinho. O miúdo até esboçava um sorriso mas tem mesmo alguma piada?



terça-feira, 30 de maio de 2017


Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar as suas patinhas, com sapatos, do banco da frente dela, onde me propunha ocupar. Tirou, Não diga assim e vou-lhe dizer pq me incomoda esse "temos pena". Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar. Tirou e lixo e terra lá ficou. Certamente com um olhar crítico e mudo para ela, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.Tirou os pés mas lixo e terra lá ficou. Olhei-a com um olhar crítico e mudo, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.