segunda-feira, 18 de julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

Poema - Manuel António Pina

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A UM HOMEM DO PASSADO

Estes são os tempos futuros que temia
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?

Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.

Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.

sábado, 16 de julho de 2011

Aconteceu...pouca terra, muita terra num movimento pendular

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Fazer uma viagem de combóio pode ser uma coisa deliciosa. Tenho a recordação de várias Lisboa-Porto, lá para o meio do século passado, e da carruagem restaurante, com umas óptimas omeletes. Demorava menos que ir de carro, é bom que nos lembremos que as autoestradas não existiam, e a estrada era estreita, cheia de curvas e algumas serras para atravessar. Não era obrigada a ficar sentada como no automóvel, coisa que custa a qualquer criança.

Vem isto ao caso das actuais viagens nos alfa pendulares, rápidas, com boas cadeiras mas...onde enjoo, sobretudo se vier sentada de costas para o sentido em que o combóio se movimenta. O constante balançar ritmado da carruagem, lentamente mas constante como um pêndulo do relógio, cria em mim a situação semelhante à da pesca em barco parado, com ondulação lateral. O resultado é o mesmo enjoo.

Numa viagem recente, vinha eu de costas, tive de me pôr em pé, precisava de passear. O espaço central é tão estreito, que acabei por fazer parte da viagem em pé junto à porta da saída, com o olhar bem fixo para a frente.

Há coisas que não entendo, nesta evolução tecnológica. Tanto quanto me lembro, as costas dos bancos eram móveis, todos iam "virados" para a frente. Chegado ao destino e antes do início da viagem de regresso, as cadeiras eram com facilidade transformadas e postas na sentido certo.

E agora com, rapidez, vídeo, ar condicionado (por vezes frio demais), hospedeiras, jornais e café de oferta, aos bancos são rígidos na sua posição?

Há qualquer coisa que me escapa!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Aconteceu...mas o que se passará por aqui?

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...........Foto - Magda

Poema - Teresa Jardim

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ACTO DE LER
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O acto de ler reabre feridas. Nos livros
em que isso acontece, com frequência,
poderia ao menos haver um aviso na capa;
assim como se faz com as carteiras de tabaco,
embora se saiba que poucos deixam
de fumar
por isso.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Aconteceu...Por todas as razões e mais uma, há que evitar ter mais olhos que barriga

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Tive de comer no refeitório de um hospital do centro do país, estes últimos dias.
Nada o distingue de outros refeitórios dos hospitais que conheço, limpo, cores claras, self service com as funcionárias fardadas e de touca branca a tapar os cabelos.
Num canto da sala, perto do fim do corredor do self, uma mesa com especiarias e galheteiros de azeite e vinagre.
Um carrinho de colocar as bandejas vazias e pouco mais, mesas e cadeiras.

Vem isto ao caso porque as bandejas vazias não tinham restos de comida nos pratos, como em quase todos os pratos da cantina do hospital onde trabalho. 

E isto porque têm meia dose e uma dose, sendo a meia  servida num prato de sobremesa, enquanto no meu hospital só há doses e demasiado bem servidas. Eu, e porque não gosto de deixar comida no prato, assim me ensinaram, aviso sempre a funcionária que deve parar quando atinge a minha vontade.
Ali, reparei, toda a gente pediu meia dose.
A refeição, composta de sopa, prato e salada, fruta ou doce e pão, é mais que suficiente.

Este modelo não seria de ser seguido por outras cantinas? Para evitar desperdícios, que estes sim só têm como fim o lixo, e com a vantagem do preço ser mais barato.

sábado, 9 de julho de 2011

Aconteceu..."insularidade escravizada"

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....................................................Fotos - Magda