quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Poema - Carlos Queiroz

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LEGENDA
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Toda a gente dizia que ele havia
...De ser, nesta vida, alguém;
.......E a mãe ouvia e sorria,
............Contente de ser mãe.
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O menino cresceu; É hoje um homem;
.......E, embora por alguém o tomem,
Quando o vêem passar, dizem: - Coitado!
...........É um poeta...(um aleijado).

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aconteceu...que as mulheres podiam fumar

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Na rádio do carro estavam a transmitir uma entrevista a um médico. Não a ouvi desde o princípio, mas falavam do cancro do pulmão e da relação com o tabaco. São entrevistas que fornecem informações que podem ser importantes, por exemplo dos perigos de fumar, embora julgue que todos os fumadores têm conhecimento, ou quase todos.
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Tinha lido recentemente e ali também foi focado, que as mulheres portuguesas estão a ser cada vez mais fumadoras. Ora se hoje o cancro do pulmão é predominante nos homens, no futuro esta situação pode alterar-se.
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E a certa altura, o entrevistador afirma que "era uma coisa boa do fascismo as mulheres não poderem fumar" e estou a citar de cor. Não sei a idade do jornalista nem do médico que não se manifestou em contrário.
Acontece que no tempo do fascismo eu era fumadora. Saltei com aquela afirmação. Não, não era proibido as mulheres fumarem, não senhor!
No fascismo havia muitas proibições em que as mulheres eram penalizadas. Foi o caso das enfermeiras não poderem casar, assim como as professoras primárias numa certa época do fascismo.
Quanto ao tabaco, os portadores de isqueiros tinham de ter licença. Podia-se fumar nos transportes públicos, cinema, circo, em quase todos os sítios. Havia anúncios a marcas de cigarros. Nos programas de televisão as pessoas apareciam a fumar. Havia convite ao fumo!
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Era inconveniente as mulheres fumarem na rua, não por proibição mas por regras sociais retrógradas, em que a diferença entre mulheres e homens era muito marcada. Fumava-se na rua sim, faziam-no as mulheres que se conseguiam libertar dessas imposições.
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Estas pequenas desinformações, "uma coisa boa do fascismo" incomodam-me.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

domingo, 14 de novembro de 2010

Poema (extrato) - Jorge de Lima

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(...)
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Há sempre um copo de mar
Para um homem navegar.
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(...)

sábado, 13 de novembro de 2010

Aconteceu...num taxi, viagem com direito a filme de família

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Ipanema, 17h de uma sexta feira. O taxi pára e perante o destino pedido faz o ar mais chateado, e diz que vai ser a 3ª viagem seguida que faz até lá, que está tudo engarrafado, numa franca tentativa de desistência.
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O trânsito nesta zona do Rio de Janeiro é muito complicado. Enquanto não construírem um metro de superfície ou de underground, ou uma linha de caminho de ferro e só alargarem as vias para os automóveis, nada vai melhorar. A Barra da Tijuca continua a crescer em condomínios em altura, para classe média com carro e cada família tem vários carros.
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O taxista tinha um leitor de vídeo no tablier e resolveu mostrar o do 1º aniversário do filho, o Gabriel. De forma contínua, chata e insistente, foi-nos chamando a atenção para todos os pormenores.
Foi uma festa como acho que não é usual em Portugal. Organizada por uma empresa de eventos, em espaço alugado, um animador, imensos divertimentos, piscina de bolas, trampolim, comida e música. Na sala mesas redondas todas de toalha igual e fitas de laçarote e cadeiras vestidas. E imensa comida que enumerou.
Ele havia carneiros feitos em madeira tamanhos natural, com furos no corpo dos quais saíam paus de algodão doce, simulando o bicho real; bonecos de madeira iguais ao Gabriel, em pé; vimos o fato, o cabelo, da mulher, mais o 1º banho dado pela avó, enfim, a viagem nunca mais chegava ao fim.
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E dizia que toda a vida tinha sonhado que quando tivesse um filho e ele fizesse um ano teria uma festa assim.
Durante a viagem nomeou as suas tias e a avó. É possível que conhecer a infância deste homem tornasse compreensível este desejo, espécie de obsessão.
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Foi uma viagem muito chata! Mas fiquei a conhecer estas festas que nem de telenovela brasileira.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Poema - João Cabral de Melo Neto

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TECENDO A MANHÃ
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1

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

2

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.