terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aconteceu...carta a uma amiga "mãe" e educadora de dois gatinhos

Cara amiga,
Desculpa estar-me a rir, tu dormiste mal e dizes que tens a casa quase toda "destruída"...
Os teus dois gatos estiveram agora quase um mês fora da tua casa e fora da tua companhia.
Regressados, talvez tenham estranhado, ou se calhar de tão contentes, estão excitados e cheios de vida. Estão a reconhecer o território. Os gatos são curiosos como sabes. Os teus são gatos novos, nem seis meses têm.

Feitas as contas pelas tabelas correspondem a crianças de 2 anos, idade de autonomia motora, e muita aventura, para alguns sem cálculo de perigo.

Sabes, fizeste-me pensar naquelas mães que vêm-se queixar dos filhos e pedir um remédiozito para os acalmar.
E quando eu tento perceber se houve alguma alteração recente na vida deles, dizem que não, tudo igual. A consulta continua e a certa altura falam do marido que ficou desempregado há 15 dias, preocupado e deprimido passa metade do tempo na cama, da mudança de escola com novos colegas e professora que vai ser já daqui a uns dias, da avó que por rotatividade entre os filhos, agora lhes calhou a eles e... tinham-me dito que nada tinha mudado na vida familiar onde a criança está inserida. Ninguém me queria enganar, eles é que não tinham valorizado esses eventuais factores de stress.

No caso dos teus gatos, também eles tiveram mudanças. Conhecem-te, à tua casa, os seus cheiros, mas esqueceram algumas regras.
Com as férias lá no teu paraíso, também tu estás desabituada deles.
Todos os gatos de noite fazem caçadas, sobem paredes, saltam. Eu já me habituei com o meu e durmo que nem uma justa.

Talvez tenhas de lhes "lembrar" o que não podem subir, esgadanhar. Há quem os treine com uma esguichadela de água no focinho na altura certa, (técnica de condicionamento) ou pôr daquele papel que cola dos 2 lados nos sítios que consideras proibidos. A pouco e pouco vão aprender.

Também as crianças que precisam de afecto, precisam de organização, conhecer os limites, ouvir dizer um não. E de coerência. Só que com elas, o aprender deve ser na base da relação, do prazer de se sentir amado e de poder agradar também ao outro.

Quanto à valeriana que falaste, ah, ah, olha, toma-a tu...

Não te esqueças, de pequenino se torce o pepino...e o destino muitas vezes.
Um beijo e bom trabalho!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Poema - Adília Lopes

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OUT OF THE PAST
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A minha vida
foi um mau sonho
mas agora é minha
eu sou eu

sábado, 21 de agosto de 2010

Aconteceu...que é feito da relação médico-doente numa consulta on line?

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A arte médica está muito diferente do que era quando eu aprendi. Para além da relação que se estabelecia com os doentes, eram as queixas (sintomas) e a observação directa do doente que muitas vezes dava a "chave" da doença.
Aprendi a olhar a pele, a palpar, a percutir para obter sons, a cheirar que o hálito dava algumas indicações, etc.
Nas grávidas usava-se uma espécie de funil sem bico, achatado e que se apoiava na barriga da paciente, e, onde a partir das 18-20semanas se conseguia ouvir o leve bater de coração do bebé.
Tínhamos análises clínicas, radiografias, EEG, ECG, e alguns outros exames. Mas eram poucos e não estavam disponíveis em todos os hospitais do país, pelo que só se pediam mesmo se necessários.
Felizmente a técnica foi evoluindo, e aparecendo outros exames, TACs, ECOs, Ressonâncias magnéticas, análises específicas.

E o que aconteceu? Com frequência, os exames tomaram o lugar da observação directa. Perante os sintomas pedem-se os exames, alguns caríssimos.
Muitas vezes inúteis mas algumas vezes úteis. É hoje possível, sem dúvida, descobrir certos tipos de doenças e agir com maior rapidez. Estava a pensar nos tumores, por exemplo.

Mas esta conversa veio-me à cabeça porque li que abriu ou vai abrir um site português para consultas on line, dizem os promotores que serve para se obter uma 2ª opinião.
Enviam-se os exames scanados, os sintomas e obtém-se uma resposta. Não fala em vídeo conferência, em que as pessoas se podiam ver e ser vistas. Fala-se em páginas electrónicas.

E isto é a anulação de uma parte fundamental da consulta, o estabelecimento de uma relação privilegiada entre um doente e o seu médico.
Também lá está a especialidade de pedopsiquiatria, em que a relação da criança com a família é de primordial importância para compreender e intervir.

Há qualquer coisa que não me parece bem!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Poema - Maria do Rosário Pedreira

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São horas de voltar. Tu já não vens, e a espera
gastou a luz de mais um dia. Agora, quem passar
trará um corpo incerto dentro do nevoeiro,
mas terá outro nome e outro perfume. Eu volto

à casa onde contigo se demorou o verão e arrumo
os livros, escondo as cartas, viro os retratos
para a mesa. Sei que o tempo se magoou de nós,
sei que não voltas, e ouço dizer que as aves
partem sempre assim, subitamente. Outras virão

em março, apago as luzes do quarto, nunca as mesmas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Aconteceu...que atrás de uma ilegalidade se descobrem outras neste nosso país!

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A situação de Portugal quanto ao número de médicos e a sua distribuição pelo país é inquietante. Depois de um boum de recém formados nos anos 70, seguiu-se uma restrição de formandos.
Actualmente, os originários desse quase excesso (não era, não!), estão em condições de deixarem de fazer urgências, de se reformarem ou escolherem quem lhes dê melhores condições de trabalho ou de remuneração.

Há falta de médicos em várias zonas do país.
No Algarve, como noutras zonas, há vários concursos para especialistas sem concorrentes.
A clínica clandestina de Lagos que existia sem existência e que a autoridade reguladora da saúde "desconhecia", faz parte dos recursos supletivos. É indecente? Claro que sim, e é necessário que seja reposta a legalidade e a garantia de qualidade.
E a este propósito, li que quem era o ajudante do oftalmologista lá dessa clínica era um psicólogo. Ajudava às operações e nos dias seguintes era ele quem fazia os tratamentos!

E isto será o quê? A poli funcionalidade tão em voga em contratos de trabalho? Ou neste caso um crime? Um falso médico é julgado e um falso enfermeiro? Sim, que o curso de psicologia não dá formação para estas funções!