sexta-feira, 28 de julho de 2017

Habitos e recordações


Gostaria, às vezes, de ser mais livre. Mas sou um animal de hábitos, muitos dos quais me dão prazer.
Sempre que venho a Canas de Senhorim, seja para termas, férias ou workshops de joalharia, como agora mais uma vez, tenho sempre de ir comer ao Zé Pataco. Pelo menos uma vez. Foi hoje. Conheci este restaurante há bastantes anos, era um pequeno restaurante. Uns anos depois mudou de sítio, ficou grande. O cozinheiro continua a ser o pai mas todos os elementos da família aí trabalham. Continua a ser muito bom.
Como prato principal encomendei aba de vitela no forno. Lá veio numa travessa de barro com batatinhas redondas e descascadas assadas no forno, molhinho puro. À parte, numa pequena travessa e com guardanapo no fundo, uma maravilhosa mistura de couves, branca, cenoura ralada, tudo passado por azeite e alho e a textura exigida, não demasiado cozinhado.
O resto, antes e depois, também foi bom. O preço, o certo.
Mas estas batatinhas assadas lembraram-me outras histórias, também passadas no distrito de Viseu, que contarei noutra altura.

terça-feira, 25 de julho de 2017


O meu contador de visitantes é chanfrado.
Não passo por aqui tão frequentemente quanto desejava e, parece pouco crível, não escrevo para ter leitores.
Mas é no mínimo desagradável, de uma vez terem desaparecido o numero de visitantes, que ultrapassava na altura os 5 dígitos e hoje encontro duas dezenas e pouco.
Resta-me um destes dias mudar de marca. 

terça-feira, 13 de junho de 2017

A avó e o neto - cena de praia


Enquanto fui comer qualquer coisa ao bar da praia, uma avó e outra senhora instalaram o guarda sol perto de mim. Com elas vinha um neto, só percebi que era rapaz quando lhe chamaram pelo nome, gorducho e com alguns 15 meses ou menos. Andava mas não falava, expressava-se bem pelo gesto.
Chegadas do passeio à beira mar, está no hora do lanche do menino.
A avó começou a preparar o iogurte pequenino, à primeira colher o miúdo estica o braço e demonstra não querer. Levou um tapa, leve, na mão e o esperado "olha que a avó dá tautau. Seguiram-se truques certamente usados por muitas mães e avós, concentrando-lhe a atenção e desconcentrando da comida, que, paulatinamente vai entrando. Ouvi que o tio vinha, que a mãe vinha, que o Fabinho vinha, que a Rosinha vinha e muitos outros que chegariam.
A certa altura oiço dizer que vem aí o cão dar-lhe umas mordidas no rabinho, sim que tu tens medo do cão, não tens? e assim dois iogurtinhos marcharam. Já com o miúdo em pé, agarrado à avó, a brincadeira era de levar tautau no rabinho com o chinelo. E quase sem força lá ia a havaiana dar uns tapas no rabinho. O miúdo até esboçava um sorriso mas tem mesmo alguma piada?



terça-feira, 30 de maio de 2017


Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar as suas patinhas, com sapatos, do banco da frente dela, onde me propunha ocupar. Tirou, Não diga assim e vou-lhe dizer pq me incomoda esse "temos pena". Há tempos quis-me sentar no metro e uma mulher teve de retirar. Tirou e lixo e terra lá ficou. Certamente com um olhar crítico e mudo para ela, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.Tirou os pés mas lixo e terra lá ficou. Olhei-a com um olhar crítico e mudo, enquanto limpava o banco para me sentar. "Temos pena" disse com ar de gozo e eu, percebendo o nível, calei-me.

domingo, 20 de novembro de 2016

Humor negro?

No Instituto Português de Oncologia.
Estamos três pesssoas dentro de um elevador com uma capacidade para muitas mais. Chegam mais duas,  é a hora da visita e entram. Um do homens que já lá estava comentou que se calhar já não cabiam. A mais pequena das que tinham entrado saiu-se com esta: Ai cabemos claro, que qualquer dia até num espaço pequeno caberemos e não nos vamos poder queixar.
Ninguém comentou e o elevador subiu.

domingo, 13 de novembro de 2016

Passear a trela



A minha vizinha continua a passear a trela, não sei se várias vezes ao dia que só a vejo à noite.
Pára, faz festas e chora sempre que encontra um cão. Os donos parecem incomodados, como eu.
Como reagiria se se deixasse um caozinho num cesto à sua porta? 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O luto...pelo cão



Já tinha sabido há uns dias, morreu o cão dos meus vizinhos.
Todos os dias à noite via o casal, já perto da 4ª idade, e o seu cão, até altas horas, sentados num parapeito em frente ao prédio. Nunca vi o cão no chão, estava sempre ao colo da dona. Ao lado, uns sacos, comida e água para ele beber. No bolso da senhora sempre uma doçura para os cães que lá queriam meter o focinho e que ficavam sempre a ganhar.
Tinham-me contado que agora sem cão, continuava a passear a trela.
Hoje à noite, ao entrar para a garagem lá estava ela. Sòzinha, com a trela na mão. Por impulso parei o carro na rampa e saí. Dei-lhe um abraço e beijei-a, disse-lhe umas palavras de conforto, como quem conforta quem perdeu um ente querido. Sim, habitualmente uma pessoa.
Ela chorou, disse-me que está a ser muito difícil, que o marido não tinha vindo porque ela tinha-lhe pedido, parece que se sentia mais perto do cão se passeasse sòzinha.
Um idiota qualquer, saiu com o carro da garagem sem respeito por aquele momento e tive de a deixar, ali, só, com a trela vazia.
E subi o elevador com a tristeza colada a mim.