quarta-feira, 9 de setembro de 2020



180º dia de recomeço do blog

Cá na terra onde tenho casa herdada não há restaurantes com esplanada. Não há? Há sim, um. Come-se excelentemente bem e paga-se pouco. Mas é preciso conhecer para se entrar e conhecer alguém que dê boas informações para acreditar.

Hoje cheguei cá à hora do almoço. Calor, bastante. O distrito de Santarém é muito quente.

Lá atravessei o portão. Um espaço amplo em terra batida, uma dúzia de carros, sujos, ou de trabalho. À volta encostado aos muros restos de imensas coisas, paletes, plásticos, ramos de árvores, e preso com uma corrente de ferro um cão grande e feioso.

Por detrás dos carros a casa do restaurante e encostado o assador. Sim, porque aqui há um homem a grelhar o que é pedido.

Ainda cá fora e perto do restaurante umas seis mesas com cadeiras mal amanhadas, desta vez os assentos até seriam de carros, alguém lhos deu. E uns guarda-sois fechados. Que caloraça!

Lá dentro são poucas mesas, algumas corridas. Não mais de 20 pessoas cabem ali, mais os bancos desconfortáveis de um balcão.

Os grelhados são muito bons, batatas fritas sempre loirinhas, descascadas à mão e salada. Abundante até dizer basta. e o resto que toda a refeição e acompanhamentos necessários estão incluídos no preço. Não chega aos dez dedos da mão.

Só quem sabe. Mas desta vez não fiquei. O calor era demais. Fui a outro mais longe, sopa de pedra take away, que a minha casa estava muito fresca. Um grande almoço.

terça-feira, 8 de setembro de 2020



179º dia de recomeço do blog

Hoje houve notícias importantes, uma triste e outra interessante.
Morreu Vicente Jorge Silva, um jornalista (e outras coisas) importante na organização da comunicação escrita e na ética jornalista, coisa que ultimamente tem estado muito em baixo.
Ana Gomes confirmou a sua candidatura à Presidência da Republica. Militante do PS e já apoiada por alguns elementos. Não levará o meu voto mas é bem dela, que tem mostrado ser corajosa e persistente.

Não estive no entanto a ver os debates políticos televisivos nem sobre Vicente Jorge Silva.

É que também hoje saiu o resultado de um pedido de revisão de um processo crime, de um homem que tinha sido considerado inocente, libertado em Janeiro e que hoje foi condenado a 25 anos. O julgamento tinha demorado um ano.
E foi a um pequeno programa sobre como isto pode acontecer que resolvi assistir.
É terrível pensar que uma pessoa é injustamente condenada, até mesmo à morte em certos países, que em Portugal já foi abolida; mas também ser ilibado se de facto foi o assassino perverso do caso em questão.
O caso vai ser reavaliado em tribunal. Daqui a uns meses. Mais um ano?

segunda-feira, 7 de setembro de 2020



178º dia de recomeço do blog

As escolas vão abrir. Estiveram fechadas durante meses, durante o confinamento, só tendo aberto perto do fim do ano para os mais velhos e os exames do último ano.

Os colégios particulares já abriram esta semana. 70 alunos do colégio alemão já estão de quarentena.

A escola não é só para aprender as matérias. Se calhar esta é aquela que melhor se pode fazer em casa, com ensino à distância via net ou Tv.

Mas em casa há muitas coisas que não se podem fazer. E das mais importantes! A socialização, aprender a fazer relações, brincar em grupo, e tantas outras.

Hoje encontrei uma mãe de um jovem que conheci nas minhas lides profissionais. Toda contente de me ver disse-me logo que o filho tinha tido o melhor resultado, leia-se notas, de sempre durante a pandemia. Que ou ela ou o marido estavam sempre com ele em casa pelo que estudou sempre acompanhado. E acrescentou que assim é que era bom para ele.

Inutilmente, por experiência da situação, ainda arrisquei outras funções da escola mas logo que calei. Apesar de já ter deixado de trabalhar há 2 anos ela disse-me saber muito bem a minha opinião. Minha mas não a dela.

domingo, 6 de setembro de 2020



177º dia de recomeço do blog

A Festa do Avante, organização do Partido Comunista Português, existe desde 1976. É uma reunião gigante de várias actividades, políticas, culturais, exposições, concertos etc. 

Este ano foi motivo de campanha anti-PCP, que ocupou todos os jornais, telejornais, programas de debate etc. Quase ocupou os assuntos importantes de Portugal, anulando-o. À boleia da Covid-19 a direita portuguesa fez propaganda demolidora, levando atrás de si muita gente que não acreditou que o PCP conseguisse organizar com todos os efes e erres, salvaguardando a pandemia.

Na realidade lixaram a Festa. Com um espaço enorme que normalmente recebe 100 mil pessoas, a autoridade de saúde só autorizou 16500. 

Vi fotografias. Tudo muito organizado, cadeiras geometricamente dispostas. Houve de todas as actividades mas em menos quantidade.

Foi uma prova contra o medo. O que nos limita há meses e não sabemos até quando.
Não sei se na Festa estiveram todos os que podiam ir ou se foram menos.

Eu não fui. Não sou regular mas já fui várias vezes.

Temos de vencer o medo!

sábado, 5 de setembro de 2020



176º dia de recomeço do blog

Hoje é sábado mas até meio da tarde pensei que era domingo. Irrita-me andar assim na maionese como dizia uma colega minha das pessoas aéreas.

Vi um programa de televisão sobre as gaivotas que invadem as cidades (neste caso Porto) à procura de comida, um nojo, e algum perigo, quer pelas doenças, contaminação e violência, há casos de ataques a crianças em terraços. Que fazer mais incisivo?

Merece a pena ver.

https://www.rtp.pt/play/p6595/linha-da-frente

sexta-feira, 4 de setembro de 2020



175º dia de recomeço do blog


Hoje aqui em Lisboa esteve muito quente! Desagradável para mim e brisa não a houve.

"Quando o Verão me passa pela cara

A mão leve e quente da sua brisa,

Só tenho que sentir agrado porque é brisa

Ou que sentir desagrado porque é quente"

Alberto Caeiro


174º dia de recomeço do blog

Deve ser da idade, revisito coisas do passado com alguma frequência.

Ontem dei por mim a pensar em várias empregadas domésticas que viveram em casa dos meus Pais.

Uma de quem tenho muita pena de lhe ter perdido o rasto foi a Ana Maria. Era natural do distrito de Sátão.

Eu já era uma adolescente crescida quando foi lá para casa. Casou de lá, como muitas vezes acontecia, com o Manel um Cabo Verdiano muito simpático. Fui ao casamento na Casa de Cabo Verde.
Já depois de casada convidou o meu filho mais velho, com uns 2 anos, para ir passar um fim de semana à casa dela.
Julgo que alguma intriguice esteja na base do afastamento.

Mas o que me levou a pensar nela(s) era as condições de vida que levavam enquanto trabalhadoras.

A casa dos meus Pais tinha, a seguir ao hall, um corredor que ía dar à cozinha, seguida de um quarto e uma casa de banho para as criadas como então se dizia.
Interna, vivia ali connosco mas a vida dela era lá dentro. Vinha a este lado dos patrões para limpar, arrumar e servir à mesa. Uma espécie de campainha suave tocava para a chamar.

Não havia televisão, não sei se tinha rádio. Fazia muita renda, bordados, ia construindo assim o seu enxoval.

Era uma solidão, digo eu aos olhos de hoje. Lia muito pouco embora soubesse, era uma condição de admissão na casa dos meus Pais.

Sei que teve filhas. Não as conheço. Oxalá tenham conseguido ter uma vida melhor que a Mãe e a auxiliem naquilo que ela precisar. 
E, claro, que ela esteja bem.