segunda-feira, 4 de julho de 2011

Poema - Alexandre O ´Neill

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O ladrão não rima com pão.
O ladrão não rema.
Quem remava era a minha mão.

domingo, 3 de julho de 2011

Aconteceu...que não acredito em bruxas mas que las hay, las hay!

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Mais uma viagem de avião. Arrumar a mala, agarrar o livro que se está a ler, não, este é capaz de ser uma má companhia...começa a irracionalidade a germinar cá dentro, é que esse livro é sobre uma pessoa que morreu num desastre de avião, será boa ideia? Depois de uns momentos de luta interior, o pensamento mágico é afastado e é mesmo esse que vai.

No aeroporto mandam entrar para o autocarro que nos levará ao airbus.  Lá dentro os minutos passam até que chegam indicações para saírem. Avaria técnica no avião assim o determina.
Novamente os pensamentos mágicos aparecem, querem lá ver...logo hoje que trago o livro.

Lá partimos mais tarde. À chegada ao destino o avião andou cerca de dez minutos a voar por cima da ilha, para norte para sul, acabando por aterrar sem dificuldade.

A volta foi numa 6ª feira, a cadeira era a número 13. Mais dois sinais de "infortúnio"!

No entanto aconteceu a coisa mais bonita que já pude viver nesta rota, o piloto depois de arrancar,depois de chamar a atenção, parece que diminuiu a velocidade, e com o avião inclinado sobre o lado esquerdo   deu uma volta completa de 360º ao Pico da ilha do Pico, suficientemente perto dele para se distinguirem pormenores e por cima das nuvens que o escondiam de terra. Foi um espectáculo maravilhoso, emocionante, que acabou com uma enorme salva de palmas.

A irracionalidade acabou vencida!

sábado, 2 de julho de 2011

Aconteceu...espelhos na marina

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......................Foto - Magda

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Aconteceu... pensamento de Bernardo Soares

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Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Aconteceu...que ela precisava de falar para alguém

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Acontece-me frequentemente receber fora do contexto profissional as mágoas dos outros, mesmo sem eles saberem que isso é uma parte do meu trabalho.

Olhou para mim, com um ar desolado. Os olhos húmidos, à beira das lágrimas. Ela atrás do balcão, eu sentada num maple de uma sala de espera reservada de um aeroporto. Em frente, a televisão falava da morte do Angélico. O olhar dela saltava do écran para mim, e bastou um minuto de cruzamento dos nossos olhares para ela para ela começar a falar do que lhe ia. Emocionadíssima, falava dele, da vida dele, do destino. Não, não o conhecia pessoalmente, nem revivia drama pessoal. Era mesmo por ele. E assim foi até à chamada do meu avião, que se atrasou imenso.

A televisão torna conhecido quem não nos conhece. Fala-se de locutores, actores, como se de familiares fossem. Vivem as alegrias e os dramas deles como se fossem os seus. As alegrias por vezes partilham-nas no próprio écran, como a quantidade de mães e avós que gostam do Malato.
As tristes não suportam vivê-los sozinhas, precisam de despejar ou partilhar, arranjar quem seja receptor, contentor para si.

E era eu quem lá estava.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Poema - Ana Hatherly

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AS LÁGRIMAS DO POETA
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Um poeta barroco disse:
as palavras são
as línguas dos olhos
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Mas o que é um poema
senão
um telescópio do desejo
fixado pela língua?
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O voo sinuoso das aves
as altas ondas do mar
a calmaria do vento:
Tudo cabe dentro das palavras
e o poeta que vê
chora lágrimas de tinta