sábado, 19 de março de 2011

Aconteceu...emoções e pudor

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Cada cultura tem a sua forma de expressar as emoções. Esses comportamentos fazem parte dos códigos que são transmitidos pelas famílias de geração para geração e ensinados nas escolas desde a mais tenra idade.
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Os povos latinos são explícitos a transmitir emoções, usam abundante linguagem gestual que pontua a verbal, falam com as mãos, gesticulam, riem-se alto, gritam, batem-se, tal comédia italiana.
Já nos povos do norte da Europa, a expressividade das emoções é tão discreta que diríamos que são frios. Por vezes a grande contenção cria sentimentos de enorme violência.
Já os orientais, expressam pouco as emoções, transmitem com o seu comportamento mais uma sensação de boa educação que de frieza. Um discreto sorriso pode acompanhar uma emoção carregada de sentimentos dolorosos, tal como um grande contentamento. É um código tão diferente do nosso que quase pode dar azo a mal entendidos.
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Vimos nesta última semana japoneses a emocionarem-se, para logo de seguida pedirem desculpa, como se se tivessem excedido. Com tudo o que têm passado, é muito impressionante!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Aconteceu...Foto - espreitando ...

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...................................Foto - Magda

quinta-feira, 17 de março de 2011

Poema - Alexandre O ´Neill

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A VIDA DE FAMÍLIA
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A vida de família tornou-se bem difícil
com as contas a pagar os filhos a fazer
ou a evitar a ranhoca a limpar
a vida de família não tem razão de ser
não tem ração de querer
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a vida de família jangada da medusa
é o tablado da antropofagia
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mas ficam os retratos cristo virgem maria
e os sobreviventes, que vão chupando os dentes

quarta-feira, 16 de março de 2011

Aconteceu...orgulho familiar

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Era eu criança quando fui às Berlengas num dos "cacilheiros" que na altura faziam a travessia a partir de Peniche. O dia estava bonito, céu azul, e preparávamo-nos para um dia divertido.
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Ainda com a embarcação atracada, a tripulação indicou-nos que não poderíamos ir no tejadilho da cabine para ver melhor, como o meu pai tinha imaginado. Contrariados, cumprimos e descemos. Seguiu-se uma distribuição de baldes de 5 litros pelos passageiros. Só à saída percebi bem para que serviam, pois acabaram cheios de vomitado. Longe da realidade, a minha família não aceitou nenhum.
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Saímos para o mar e algum tempo depois o barquito era uma casca de nós que subia e descia umas ondas enormes. Na ausência de balde vomitei mesmo borda fora, no que fui seguida pelo meu pai. A minha mãe foi uma heroína, uma das poucas que se aguentou sem perder parte do seu suco gástrico.
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Deitado no chão, agarrado à perna de um banco e oscilando ao sabor das ondas, ia uma criança, dos seus 10 anos. Esbodegado, pálido quase branco, o Vasco, assim se chamava, vomitava abundantemente. O seu apelido era Gama. E com ar altivo, o pai disse-lhe, de forma crítica e depreciativa "Vasquinho, na nossa família não se vomita!".
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Quando tempos mais tarde este episódio era recordado, provocava umas boas gargalhadas.

terça-feira, 15 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poema - Fernando Assis Pacheco

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AFONSO PRAÇA
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Estes são os amigos verdadeiros
o que numa casa há de mais simples
cântaro de água para matar a sede
brasa viva ardendo na camilha.
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muito antes de nos conhecermos
já fazia parte da família
somente não davam era connosco
por morarem noutras geografias
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como o rancho que entra no pátio
depois de um dia de vindima
chegam cantando e batendo palmas
com um fundo ingénuo de concertina
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brindo ao dilecto e bom Afonso
pelo muito que repartiu comigo
o seu calor em horas frias
a sua paciência de moringa

domingo, 13 de março de 2011

Aconteceu...que uma rede dá um grande conforto

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Ouvi hoje alguém dizer que a sua família é muito importante, mas que se lhe morressem os amigos a vida deixava de fazer sentido.
Já todos ouvimos dizer que a família não se escolhe, mas os amigos sim.
Portanto os amigos são também a nossa família.
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A relação com os familiares (de sangue e amigos) é necessariamente muito diferente quando se mora numa pequena terra, onde todos se conhecem, e mais ou menos "tomam" conta de nós ou numa cidade, feita de prédios de portas fechadas.
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Fala-se hoje na importância da construção de uma rede de apoio onde nos integramos. Estabelecer fios de ligação variados, que nos façam sentir mais seguros. Que nos permitam construir na cidade a nossa pequena aldeia...que "tome" conta de nós.
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É que pode-se viver sozinho sem os perigos do isolamento.