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..................................Foto - Magda
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Poema - Adília Lopes
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AS PORTAS
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I
AS PORTAS
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I
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Se não fecho
algumas portas
há correntes de ar
a mais.
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Se fecho
todas as portas
não posso sair
mais
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Se não abro
algumas portas
não fecho
algumas portas
.
Se abro
Todas as portas
Desintegro-me
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Se não fecho
algumas portas
há correntes de ar
a mais.
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Se fecho
todas as portas
não posso sair
mais
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Se não abro
algumas portas
não fecho
algumas portas
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Se abro
Todas as portas
Desintegro-me
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II
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Atrás da porta
Para sempre fechada
Está o nada
Atrás da porta
Para sempre fechada
Está o nada
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Aconteceu...o valor afectivo daquela aguarela
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Era uma bonita aguarela! Assinada, legível, mas de nome não sonante. Já devia ter muitos anos, uma centena? Mais? Estava num lote de herança de um antepassado que gostava de arte. Bonita, sim, mas esteve anos guardada dentro de um armário.
Era uma bonita aguarela! Assinada, legível, mas de nome não sonante. Já devia ter muitos anos, uma centena? Mais? Estava num lote de herança de um antepassado que gostava de arte. Bonita, sim, mas esteve anos guardada dentro de um armário.
Há coisas assim, envelhecem sem ter uso nem louros.
Um dia pegou nela e reparou como era bonita. Começou a pensar que gostaria de olhar para ela mais frequentemente...naquela parede ficaria bem. Começou a gostar, achar cada vez mais bonita, bem pintada, aguarela, uma técnica tão difícil! E por gostar, ela ganhou outro valor.
Um dia pegou nela e reparou como era bonita. Começou a pensar que gostaria de olhar para ela mais frequentemente...naquela parede ficaria bem. Começou a gostar, achar cada vez mais bonita, bem pintada, aguarela, uma técnica tão difícil! E por gostar, ela ganhou outro valor.
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Com cuidado ouve a opinião do funcionário da loja das molduras. Hesita, esta ou aquela, acaba por escolher e deixa-a lá. Estará pronta daqui a quinze dias, muito obrigada, cá a virei buscar, responde.
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No dia seguinte recebe um telefonema do empregado da loja dizendo-lhe que um coleccionador tinha passado por lá, tinha visto o quadro e estaria interessado em o comprar, quanto quereria por ele. Surpresa, logo agora que tinha olhado para ele com maior cuidado e já lhe tinha arranjado sítio. Mesmo assim respondeu, se o coleccionador o quer, ele que ofereça. E assim apareceu um valor aparentemente simpático. Desconhecendo o real valor dele, mas sentindo subitamente uma maior ligação com o quadro, a pessoa exclama se fosse por dez vezes mais quem sabe...
No dia a seguir novo telefonema, a mesma pessoa a oferecer dez vezes mais.
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Mas será que isto é assim tão valioso? Que importa, se já gostava dele. E recusou.
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Ocupou o lugar na parede que lhe estava destinado. E que bem que fica!
Com cuidado ouve a opinião do funcionário da loja das molduras. Hesita, esta ou aquela, acaba por escolher e deixa-a lá. Estará pronta daqui a quinze dias, muito obrigada, cá a virei buscar, responde.
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No dia seguinte recebe um telefonema do empregado da loja dizendo-lhe que um coleccionador tinha passado por lá, tinha visto o quadro e estaria interessado em o comprar, quanto quereria por ele. Surpresa, logo agora que tinha olhado para ele com maior cuidado e já lhe tinha arranjado sítio. Mesmo assim respondeu, se o coleccionador o quer, ele que ofereça. E assim apareceu um valor aparentemente simpático. Desconhecendo o real valor dele, mas sentindo subitamente uma maior ligação com o quadro, a pessoa exclama se fosse por dez vezes mais quem sabe...
No dia a seguir novo telefonema, a mesma pessoa a oferecer dez vezes mais.
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Mas será que isto é assim tão valioso? Que importa, se já gostava dele. E recusou.
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Ocupou o lugar na parede que lhe estava destinado. E que bem que fica!
Etiquetas:
arte,
prazer da estética,
valor afectivo,
valor económico
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Poema - Maria do Rosário Pedreira
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Nada entre nós tem o nome da pressa.
Conhecemo-nos assim, devagar, o cuidado
Traçou os seus próprios labirintos. Sobre a pele
É sempre a primeira vez que os gestos acontecem. Porém,
Se se abrir uma porta para o verão, vemos as mesmas coisas –
o que fica para além da planície e da falésia; a ilha,
um rebanho, um barco à espera de partir, uma palavra
que nunca escreveremos. Entre nós
o tempo desenha-se assim, devagar.
Daríamos sempre pelo mais pequeno engano.
Nada entre nós tem o nome da pressa.
Conhecemo-nos assim, devagar, o cuidado
Traçou os seus próprios labirintos. Sobre a pele
É sempre a primeira vez que os gestos acontecem. Porém,
Se se abrir uma porta para o verão, vemos as mesmas coisas –
o que fica para além da planície e da falésia; a ilha,
um rebanho, um barco à espera de partir, uma palavra
que nunca escreveremos. Entre nós
o tempo desenha-se assim, devagar.
Daríamos sempre pelo mais pequeno engano.
domingo, 30 de janeiro de 2011
Aconteceu...que o avô era cego!
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Da janela da minha sala vejo nuvens brancas, espessas. Se olhar pela outra janela, mais para nordeste, as nuvens são uma mistura de branco e cinzento. De ambos os lados se vê um azul muito bonito que fica por cima delas. Algumas estão tão ligadas entre si, que fazem grandes corredores, deuses e figuras da mitologia. Ali mais longe, está uma que é claramente um castelo. Tem ameias e torreões nas extremidades. Não consigo ver guardas, princesas, príncipes, rainhas ou reis, mas posso imaginá-los. E poderia deixar-me voar por entre elas, entrar e tomar conhecimento com os seus habitantes. Depois contava-vos a história "verdadeira" da minha viagem.
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Aprendi muito cedo com a minha Mãe este jogo de inventar. Deitadas no chão em cima das ervas ou na areia da praia, viajávamos ambas pelo céu fora. Aprendi também a fixar um ponto e deixar-me ser atraída por ele, como se uma força me elevasse do chão. Disto, embora me tenha acontecido nunca gostei, era uma espécie de vertigem que eu não comandava.
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Estes jogos simples e criativos, muitos miúdos de hoje nunca fizeram. As maquinetas electrónicas não os têm.
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Um dia conversava eu com o João de 7 anos, quando ele gritou apontando para o céu "Olha ali, é mesmo um carneiro!". E era, sem dúvida nenhuma, mais uma ovelha, mais outra, e outra, lá veio o cão e incrível, por fim até vimos o pastor. O João olhava e criava cenários que ia completando. E conversando foi-me contando que era brincadeira frequente lá em casa.
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Até aqui tudo normal. Mas quando percebi que era o avô o promotor do jogo, emocionei-me. É que o avô era cego!
Da janela da minha sala vejo nuvens brancas, espessas. Se olhar pela outra janela, mais para nordeste, as nuvens são uma mistura de branco e cinzento. De ambos os lados se vê um azul muito bonito que fica por cima delas. Algumas estão tão ligadas entre si, que fazem grandes corredores, deuses e figuras da mitologia. Ali mais longe, está uma que é claramente um castelo. Tem ameias e torreões nas extremidades. Não consigo ver guardas, princesas, príncipes, rainhas ou reis, mas posso imaginá-los. E poderia deixar-me voar por entre elas, entrar e tomar conhecimento com os seus habitantes. Depois contava-vos a história "verdadeira" da minha viagem.
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Aprendi muito cedo com a minha Mãe este jogo de inventar. Deitadas no chão em cima das ervas ou na areia da praia, viajávamos ambas pelo céu fora. Aprendi também a fixar um ponto e deixar-me ser atraída por ele, como se uma força me elevasse do chão. Disto, embora me tenha acontecido nunca gostei, era uma espécie de vertigem que eu não comandava.
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Estes jogos simples e criativos, muitos miúdos de hoje nunca fizeram. As maquinetas electrónicas não os têm.
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Um dia conversava eu com o João de 7 anos, quando ele gritou apontando para o céu "Olha ali, é mesmo um carneiro!". E era, sem dúvida nenhuma, mais uma ovelha, mais outra, e outra, lá veio o cão e incrível, por fim até vimos o pastor. O João olhava e criava cenários que ia completando. E conversando foi-me contando que era brincadeira frequente lá em casa.
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Até aqui tudo normal. Mas quando percebi que era o avô o promotor do jogo, emocionei-me. É que o avô era cego!
Etiquetas:
jogos criativos,
nuvens,
projeções
sábado, 29 de janeiro de 2011
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