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domingo, 30 de janeiro de 2011

Aconteceu...que o avô era cego!

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Da janela da minha sala vejo nuvens brancas, espessas. Se olhar pela outra janela, mais para nordeste, as nuvens são uma mistura de branco e cinzento. De ambos os lados se vê um azul muito bonito que fica por cima delas. Algumas estão tão ligadas entre si, que fazem grandes corredores, deuses e figuras da mitologia. Ali mais longe, está uma que é claramente um castelo. Tem ameias e torreões nas extremidades. Não consigo ver guardas, princesas, príncipes, rainhas ou reis, mas posso imaginá-los. E poderia deixar-me voar por entre elas, entrar e tomar conhecimento com os seus habitantes. Depois contava-vos a história "verdadeira" da minha viagem.
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Aprendi muito cedo com a minha Mãe este jogo de inventar. Deitadas no chão em cima das ervas ou na areia da praia, viajávamos ambas pelo céu fora. Aprendi também a fixar um ponto e deixar-me ser atraída por ele, como se uma força me elevasse do chão. Disto, embora me tenha acontecido nunca gostei, era uma espécie de vertigem que eu não comandava.
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Estes jogos simples e criativos, muitos miúdos de hoje nunca fizeram. As maquinetas electrónicas não os têm.
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Um dia conversava eu com o João de 7 anos, quando ele gritou apontando para o céu "Olha ali, é mesmo um carneiro!". E era, sem dúvida nenhuma, mais uma ovelha, mais outra, e outra, lá veio o cão e incrível, por fim até vimos o pastor. O João olhava e criava cenários que ia completando. E conversando foi-me contando que era brincadeira frequente lá em casa.
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Até aqui tudo normal. Mas quando percebi que era o avô o promotor do jogo, emocionei-me. É que o avô era cego!