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domingo, 16 de maio de 2010

aconteceu... recordações despertadas por uma notícia

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Leio no Expresso que o Santini vai abrir no Chiado uma loja.
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Em certas coisas fui uma felizarda. Nunca ouvi dizer "não, que agora faz-te mal", ou "ainda ontem comeste" ou outras frases do género a propósito de sorvetes.
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O meu Pai era um amante e apreciador de sorvete de limão.
Frequentemente levava-me com ele a gelatarias italianas, ele pedia uma taça de limão, que vinha servido em taças de metal e eu um cone de morango ou framboesa, amêndoa ou pistáchio e chocolate. Acabada a sua taça e eu o cone, era suposto levantarmo-nos e irmos embora. Não sem antes ele me propor que fossemos buscar um cone para o caminho.
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Uns dias íamos à Av. da Liberdade, quem descia do lado direito em direcção aos Restauradores, e sentávamo-nos na pequena esplanada da Gelataria Veneziana, hoje já inexistente neste local. Curiosamente o meu pai defendia que sorvete não era doce de verão, ficava bem com qualquer clima.
Não sei porquê, uma vez que o gelado seria igual, raramente íamos à Veneziana dos Restauradores.
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Outras vezes era no Santini do Tamariz do Estoril, em dia que, fazendo parte do passeio maior com piscina no Verão, íamos comer os gelados (deveria sempre falar no plural, uma vez que nunca era só um). Na altura a que me refiro não havia a loja de Cascais, onde quando lá vou me "obriga" a uma enorme fila, que suporto com bonomia.
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Em noites quentes, sentados na Conchanata, da Avenida da Igreja e lá comíamos os nossos sorvetes.
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Lembrei-me agora que o meu Pai mordia o sorvete com os dentes, mastigando-o e dou-me conta que faço o mesmo com os gelados de pauzinho, quando só há destes.
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No estrangeiro, nas viagens que eu até achava, nos meus 8 ou 10 anos, bem chatas, (da minha primeira ida ao Museu do Prado só me lembro de ter vomitado à saída), o que me salvava era poder provar de quase todas as lojas de gelado tipo italiano com que nos cruzávamos.
Certas viagens em que eu não ia, não deixava de haver a descrição das provas, com um prazer que também me contagiava.
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Teria eu, não sei bem que idade, 11-12 anos, quando o West Side Story, Amor Sem Barreiras, passou no Cinema Roma, em Lisboa. Apesar de ter o tamanho que tenho hoje, não tinha a idade exigida e à entrada, houve alguma dificuldade em conseguir passar. A minha Mãe, com quem eu ia, lá conseguiu convencer o porteiro e entrei. Só que entrei mesmo para dentro do filme e quando este acabou, depois da morte do Tony, eu chorava aos soluços. Saímos, entramos no carro e a Mãe levou-me para o Monte Branco, outra gelataria italiana que havia na Praça do Saldanha. Ainda aos soluços entramos e lá comi o gelado. Um ou 2, nesse dia não me lembro, que aqui a emoção do filme deixou-me mais memórias.
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Estou a preparar-me para de vez em quando apanhar o metro e ir à Baixa comer um sorvete ao Santini. Mantenho as mesmas preferências quanto aos sabores.
Hoje? Que pena, ainda não pode ser!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

aconteceu hoje -1

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Pai, hoje postei um poema teu datado de 1953
Tinha eu 1 ano.
Sempre te preocupaste com o sofrimento dos outros
As dificuldades de quem nasce em berços parcos.

Entrei hoje na idade que tinhas quando morreste,
Eras de facto muito novo para morrer
Na altura não tive completamente esta noção.

Não sabes, já cá não estavas,
Mas a Mãe também foi embora neste dia
No dia dos meus anos
Mais uma coisa que nos uniu,
Como se isso fosse preciso...
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Convosco dentro de mim
Sinto uma sombra de tristeza, mas
É com prazer que olho para os meus filhos
Para os meus netos
E vejo que a vida continua.
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Magda