terça-feira, 26 de outubro de 2021

A escrita e a(s) memória(s)

 

"Esqueço aquilo que não escrevo como se nunca tivesse acontecido"

Retirado do livro A Soma dos Dias de Isabel Allende. Livro que estou a ler sofregamente, interessante e bem escrito como ela sabe fazer. Afectos vários, ironia, dados históricos, é uma grande escritora.

Li aquela frase e parei. Exactamente o que eu gostava de ter dito ou escrito. Tinha em jovem uma memória imediata (há vários tipos de memória). A que eu tinha e me permitia guardar com rapidez o que lia, via, é a de mais curta duração. Deu-me muito jeito para os exames, por exemplo, mas era enganadora, as memórias não duravam muito tempo.

Agora mais velha, esta memória quase deixa de funcionar.

Julgo que essa foi uma das razões de começar a escrever aqui, embora o tenha feito num período especial, pé partido e o espaço da casa como o meu mundo.

E porque não escrevo mais? Não tento guardar aqui o que me esquecerei brevemente? Preguiça, só preguiça! É que escrever demora tempo e precisa de uma pré disposição para o fazer. Uma entrega quase total.