sábado, 30 de abril de 2016

Rídiculas figuras para quem as faz mas ainda mais ridículas para quem nunca as fez




Olá, olá, olá, bebé, olá. Seguiram-se sons de beijinhos e novamente olá, querida, é a avó!

Olhei para trás, e numa mesa do restaurante, um casal da minha idade talvez, ele comia e ela agarrada ao telemóvel falaria penso que com uma neta.
Também já fiz destas figuras? Quem sabe, são sempre ridículas, tal como as cartas de amor.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

25 de Abril, nem me fale neste dia! disse ele



Amanheceu com sol o 25 de Abril e lá vou com uma amiga, cravo vermelho ao peito para o Marquês de Pombal. Passeamos, procuramos caras conhecidas, grupos, grande cumplicidade na satisfação da Liberdade quando encontramos alguém, e lá vamos descendo a avenida, ora integradas na manifestação ora pelo passeio lateral.

Está calor, precisamos de procurar uma sombra, o corpo está cansado, não teve tempo de se adaptar a estas mudanças bruscas de temperatura, têm sido dias frios ou chuvosos e de repente fica assim, quente. À nossa volta alguns já se sentem em pleno verão, calções e chinelas, fatos de alcinhas, eu ainda não, um polo e à cintura um casaco vela vermelho, a cor do dia, receosa da quebra de temperatura do fim do dia.

A descida é lenta e a tarde vai avançada, há muita gente, parece bem mais que o ano passado e  a sede começa a apertar, que tal uma tulipa e um croquete, sabiam bem, boa, vamos. E entramos no Gambrinus, um restaurante de Lisboa ali perto do Rossio, diz-se restaurante de luxo, os croquetes são um luxo de facto, os melhores de Lisboa, sempre quentes quando chegam à mesa, sentamo-nos num dos bancos altos do balcão da entrada. Fazemos os pedidos e vamos lavar as mãos. Na volta ouve-se uma das clientes comentar que hoje é o 25 de Abril, certamente inspirada no cravo vermelho da minha amiga, ao que o maître disse nem me fale nesse dia! Trocam umas palavras e ele disse que só foi bom por ter acabado a guerra, ah pois, o senhor esteve em África, diz ela, não, nunca fui, explica ele, fiz 33 meses de tropa mas não saí de cá, foi em meados dos anos 60 esclarece.

A tulipa mista veio preta, pensei que a culpa era do cravo, mas o resto veio bem e como é habitual muito bom.

De novo apanhamos o metro a caminho de casa. Para o ano haverá mais e esperemos que com o ar aliviado deste ano.
Abaixo a crispação!
25 de Abril, sempre! 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O perigo de noticiar os suicídios na comunicação social



Ouvi há tempos uma história de alguém que estando à varanda numa rua estreita e íngreme, assistiu à descida de uma camionete que por falta de travões passou a ferro vários carros estacionados até se imobilizar. Telefonou para uma televisão a avisar do sucedido e de lá perguntaram se havia mortos,  e feridos. Desiludidos terão respondido que então não merecia uma reportagem.

Vem isto às notícias que nos últimos tempos têm sido dadas de forma repetida e com pormenores sobre a morte de dois actores americanos bem conhecidos. Ambos por suicídio.
As situações foram descritas, repetidas até à exaustão em todos os telejornais e noticiários incluíndo as formas usadas para morrer. Deste último caso até  a posição do cinto e a técnica usada para o enforcamento foi explicitada!

Tanto quanto julgo saber, qualquer jornalista já foi informado do risco de divulgação destas situações.
Jovens e adultos mais fragilizados são frequentemente influenciados por estas notícias. Uma espécie de "infecção contagiosa", pode provocar suicídios e tentativas de suicídio por imitação.

Numa escola, num lar de jovens onde acontece uma situação destas é quase obrigatório um trabalho de intervenção como acção preventiva. Sabe-se do risco.

Na televisão, quem vê? Muitos e de forma anónima! É um enorme risco público!

Tal como na história com que comecei, desconfio que o fazem pelo "sucesso" do choque e o aumento da audição!
A ética, por onde anda, senhores jornalistas e cadeias de televisão? 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Aconteceu num voo da TAP

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No passado domingo apanhei o voo da TAP em direcção à Horta. Faço-o com alguma regularidade, a última vez foi em Julho. E nunca tal me tinha acontecido!

O avião parte cedo, às 8 h da manhã. Mesmo com o check-in feito pela internet, tem de se acordar por volta das 6h da manhã, para dar tempo ao caminho e a despachar a mala.

Terá sido por volta das 6h30 que tomei um copo de leite e uma pequena banana. Àquela hora não é facil ter apetite e seria o suficiente até a "refeição ligeira" como agora lhe chamam que é servida dentro do avião durante o voo.

Pouco depois de se iniciar a viagem, com os cumprimentos e avisos que são dados pelo microfone, ouvi com espanto que atendendo ao número insuficiente da tripulação de bordo nada seria servido durante o voo.

A meio da viagem, o leite "já era" como dizem os jovens e um ligeiro enjoo fruto de alguma hipoglicémia começou a sentir-se. Não, não sou diabética, mas é normal ter-se fraqueza quando se comeu há umas horas.

Levantei-me, fui ao fim da cabine, lá estava uma hospedeira a quem expus a situação. Com um tom um bocado arrogante perguntou-me com ar admirado se eu não sabia que nada seria servido. Não, eu não sabia. Mas os colegas de terra deviam ter dito. Muitas pessoas tinham vindo prevenidas, disse, como a reforçar a minha falha. Insisti e ofereceu-me uns amendoins.

Bom, o problema que ponho é este: quando entrei no avião da TAP para a viagem, não fazia a mínima ideia que tinha iniciado uma viagem low cost. Tanto quanto sei o preço do bilhete não foi mais barato do que quando a refeição é servida.

Cortes na qualidade pagando o mesmo? Haverá quem protesta ou o receio de ficar fechado na ilha cala as bocas?


domingo, 29 de setembro de 2013

Aconteceu...o voto, uma conquista de Abril. "Pormenor" esquecido?

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Eleições autárquicas, hoje.

Depois de votar no edifício bonito da Junta da minha freguesia, passei pelo Largo do Coreto e comprei um cravo vermelho à Maria do Céu, a florista de rua cá do bairro. É que a possibilidade de votar é uma conquista do 25 de Abril! Há quem se esqueça disso. Gostariam de ter quem pensasse por eles sem direito a expressar a opinião como umas décadas atrás?
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Há gente muito esquecida, mas também mal esclarecida. Todos os que se recusaram a votar com destruição de urnas, roubo de boletins de voto, devido às alterações nas freguesias, esquecem-se que houve entre os partidos quem não concordasse e votasse contra. Não fazia mais sentido votar nesses e dar uma coça aos que estiveram a favor? Desconfio que sei porquê...

sábado, 31 de agosto de 2013

Aconteceu...Ai os médicos é que são os cabrões?? Também os há mas não generalizemos.

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Descia eu ontem a Avenida da Liberdade a pé, quando vejo um homem que vem em sentido contrário aos gritos "Quem me ajuda, quem me dá alguma coisa para comer!".
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Era um homem com ar de velho, talvez envelhecido precocemente, pernas arqueadas, grande papada de bócio e vinha apoiado numa bengala tipo cajado. 
Ao passar por mim pára e pede ajuda para comer. Prontifiquei-me a puxar do porta-moedas e ele vai falando. Ainda não comi, explica-me, venho agora de uma consulta no hospital. Grandes cabrões, acrescenta.
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Eu ainda não tinha tirado o dinheiro para fora e pergunto-lhe, cabrões? quem ? Resposta rápida, os médicos... só sabem passar receitas. Não resisti e disse-lhe, ó senhor, olhe que eu sou médica.
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Pronto, pensarão, lá usei um truque baixo, o poder médico, a autoridade habitual da minha corporação. 
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Ele ficou muito atrapalhado e disse-me "Ah, mas a sra não é com certeza!".
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Mas eu resolvi continuar a conversa, concordei com ele que havia por aí muitos cabrões, o sr anda aqui a pedir na rua, o que, se as coisas estivessem diferentes podia não estar, ter a ajuda do estado.
E perguntei-lhe onde ele achava que havia cabrões neste país. Ficou a olhar para mim, não sei, disse. Expliquei-lhe onde estavam, no governo que o deixa desamparado, nas políticas sociais e de saúde que desprotegem as pessoas e acabei por lhe dizer, no governo. Olhou para mim como quem não me entendeu. 
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Dei-lhe a moeda e segui, sem saber se havia de me entristecer ou de rir com esta cena.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Acontece que há um risco de epidemia de incendiários

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Apaguei a televisão há pouco. Nos telejornais, em todos, grandes notícias sobre os incêndios, focados daqui, daqui e de acolá. Por cima e por baixo. Saltam de um para outro, entrevistas, gritos e choros. E as chamas, enormes labaredas de uma cor espantosa, brilham no dia ou na noite. É um espectáculo de horror.
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Vai-se ao facebook e são inúmeras as pessoas que publicam os seus próprios vídeos, sempre de forma a focar o ângulo mais impressionante. Põe um, põe um segundo aprimorado e um terceiro, upgrade com mais imagens. 
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Tem havido muitas desgraças e muitos heróis.
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Será que já pensaram o que estas imagens passadas vezes sem conta podem provocar? Sim, quantas pessoas não ficam excitadas com o fogo? Quantas não gostam de admirar o trabalho dos bombeiros? E o risco de aumentar o número de incendiários, pelo prazer da emoção? 
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Na minha opinião, estas situações deviam ser transmitidas cirugicamente, só mesmo o necessário.
Haja tento, cadeias televisivas, não deitem mais achas para a fogueira! Isto pode ser epidémico!