sábado, 31 de agosto de 2013

Aconteceu...Ai os médicos é que são os cabrões?? Também os há mas não generalizemos.

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Descia eu ontem a Avenida da Liberdade a pé, quando vejo um homem que vem em sentido contrário aos gritos "Quem me ajuda, quem me dá alguma coisa para comer!".
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Era um homem com ar de velho, talvez envelhecido precocemente, pernas arqueadas, grande papada de bócio e vinha apoiado numa bengala tipo cajado. 
Ao passar por mim pára e pede ajuda para comer. Prontifiquei-me a puxar do porta-moedas e ele vai falando. Ainda não comi, explica-me, venho agora de uma consulta no hospital. Grandes cabrões, acrescenta.
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Eu ainda não tinha tirado o dinheiro para fora e pergunto-lhe, cabrões? quem ? Resposta rápida, os médicos... só sabem passar receitas. Não resisti e disse-lhe, ó senhor, olhe que eu sou médica.
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Pronto, pensarão, lá usei um truque baixo, o poder médico, a autoridade habitual da minha corporação. 
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Ele ficou muito atrapalhado e disse-me "Ah, mas a sra não é com certeza!".
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Mas eu resolvi continuar a conversa, concordei com ele que havia por aí muitos cabrões, o sr anda aqui a pedir na rua, o que, se as coisas estivessem diferentes podia não estar, ter a ajuda do estado.
E perguntei-lhe onde ele achava que havia cabrões neste país. Ficou a olhar para mim, não sei, disse. Expliquei-lhe onde estavam, no governo que o deixa desamparado, nas políticas sociais e de saúde que desprotegem as pessoas e acabei por lhe dizer, no governo. Olhou para mim como quem não me entendeu. 
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Dei-lhe a moeda e segui, sem saber se havia de me entristecer ou de rir com esta cena.